Mais de 50 crianças da comunidade cigana receberam prendas do Pai Natal

Há dez anos que a festa traz “uma alegria diferente” à comunidade cigana, em Darque, no Arciprestado de Viana do Castelo. Com a Covid-19 decorreu em moldes diferentes e, passados estes anos, há quem já tenha recebido as prendas e, hoje, venha buscar outras para os seus filhos.

Camila Robalo, de 33 anos, tem cinco filhas e assegura que elas ficam “muito contentes” por receber as prendas. “Elas não aguentam, e já abriram as prendas”, contou. 

Já Rosário Monteiro veio levantar as prendas com a sua filha, Jaciara Monteiro, que gosta muito da festa de Natal “não só pelos presentes”, mas também pelo convívio que se vive no acampamento. “É uma iniciativa muito boa. Os miúdos ficam muito contentes”, afirmou a mãe, confidenciando, entre risos, que os filhos vão abrir as prendas antes do Natal porque “a curiosidade é muita”. “É muito bom. As pessoas comunicam, falam umas com as outras”, salientou a jovem de 11 anos que, quando for grande, quer ser cantora evangélica. 

Jaciara é a mais velha de cinco filhos. “É uma casa abençoada. Com tantos filhos, dois príncipes e três princesas, é uma casa cheia de alegria”, enalteceu, contando que é de Aveiro e veio para o acampamento quando casou com Paulo Monteiro, de 38 anos. 

É pastor evangelista protestante do acampamento há oito anos. Além do serviço religioso na barraca que funciona como igreja, trabalha “com as crianças e idosos e com casais”. “Tentamos ajudar e socorrer quem está a passar por necessidades, quem está doente. O pastor tem de acompanhar espiritualmente essas pessoas. Há certos casos em que a comunidade e a igreja se juntam para dar o que chamamos de avios, uma cesta com alimentos básicos”, disse, garantindo que a festa de Natal para as crianças “tem um peso grande” nas suas vidas e é um momento “sempre muito ansiado”. “Quando se aproxima o Natal, as crianças perguntam se vão receber prendas. Para muitas crianças, infelizmente, é a única prenda que vão receber”, lamentou.

Em outubro, a Câmara de Viana do Castelo aprovou a adjudicação da empreitada de construção de 60 novas casas, por quase oito milhões de euros. 

A construção da urbanização municipal do Carvalhal é financiada pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), e vai beneficiar 60 agregados, “permitindo a transformação das atuais construções abarracadas do acampamento das Alminhas”.

Paulo Monteiro afirmou que a “preocupação de muitas pessoas” é saber como vão “conseguir pagar as casas que vão ser construídas, pagar água e luz”. “A Câmara já nos apresentou o projeto, mas ainda nos falta mais informação”, observou, atirando: “Temos a promessa de construção de blocos de apartamentos para nós. Esperamos que esse projeto venha a acontecer. Temos filhos e famílias que estão em extrema necessidade”. 

Ana Costa é membro do Secretariado da Mobilidade Humana, e também não sabe em que moldes decorrerá a festa de Natal em 2024.

Com a construção das novas casas, a iniciativa que acompanha há 10 anos poderá vir a realizar-se em moldes diferentes, mas para esta voluntária “o importante é levar alegria” às crianças. “Há senhoras que, há 10 anos vinham receber as prendas, e agora já trazem os filhos”, contou, especificando que, este ano, ofereceram material escolar, roupa, calçado e brinquedos, com o apoio da Cáritas Diocesana, do Colégio do Minho, do Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora de Fátima e de instituições basilares em Viana do Castelo. 

Fernanda Torre é natural da Colômbia e vive em Viana do Castelo há oito anos. Pela primeira vez, ajudou a fazer a festa de Natal das crianças do acampamento. “Sinto uma alegria muito grande por ver a felicidade na carinha das crianças e por poder partilhar um bocadinho de nós com eles”, disse emocionada.