Segundo a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, mais de 70% dos doentes não têm acesso, em tempo útil, a cuidados paliativos, valor que sobe para 90% no caso das crianças. Na Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), em 2024, nas diferentes valências, foram apoiadas “perto de 1.500 pessoas, incluindo doentes, famílias e cuidadores.
Os dados foram avançados pelo coordenador do Serviço Integrado de Cuidados Paliativos, José Miguel Lopes, durante o Congresso Luso-Galaico de Cuidados Paliativos, que se realizou em Viana do Castelo e que reuniu cerca de 300 profissionais de saúde. “Através deste evento, queremos demonstrar que os cuidados paliativos não são uma coisa específica das equipas ou serviços de cuidados paliativos”, referiu, considerando que os serviços de cuidados paliativos devem “acompanhar as situações mais complexas, porque são um serviço com profissionais dedicados e especializados, mas que toda a gente deveria ter capacidade de também fazer a primeira abordagem a estas pessoas, que são imensas”.
Segundo o médico, o seu serviço tem dado resposta a todas as necessidades. No entanto, ainda existem alguns desafios, entre eles o esquecimento destas pessoas por parte do “sistema”. “Falta vontade política. Os decisores têm de olhar para esta realidade e para esta necessidade como algo em que tem de se apostar sempre, e não apenas porque falamos de um determinado assunto”, disse.
Com a mesma opinião, Susana Mendes, enfermeira responsável pelo Serviço Integrado de Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) e presidente da Comissão organizadora do Congresso Luso-Galaico de Cuidados Paliativos, considera que “não se pode dizer que faça falta criar leis, quando, no terreno, depois, as equipas são poucas”. “Para além de recursos humanos para abranger toda a população, precisamos de investir na formação de todos os profissionais de saúde de forma transversal, para que toda a gente tenha a mesma linha de pensamento, fazendo entender que os cuidados paliativos não são algo apenas para quem está a morrer, mas também para quem tem uma doença que é potenciadora de sofrimento”, defendeu.
Reforçando esta realidade, a enfermeira acrescenta que, “muitas vezes, a referenciação para os cuidados paliativos é tardia”, fazendo com que as equipas se sintam “limitadas e frustradas”. “Uma referenciação antecipada, proporcionaria um maior acompanhamento ao doente e à família”, salientou.
Para Edna Gonçalves, médica no Centro Hospitalar Universitário São João e membro da comissão organizadora, é necessário
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