Sobre 108 anos de vida!

Sinto-me literalmente abençoada sempre que recebo os abraços e beijinhos da minha avó, não só pelo carinho e amor tão característico dos avós, mas pelos 108 anos que aqueles braços tem e a força que ainda me transmitem.

Há pessoas que nos inspiram, e a minha avó é simplesmente inspiradora para mim. É uma referência não só pelos seus 108 anos de vida mas pela forma determinada e até irreverente como os tem percorrido.

A avó Laurinda da Conceição Correia nasceu em 28 de julho de 1916, num meio rural e decidiu o rumo da sua vida. Casou por amor, provocando algum desagrado no contexto familiar.

Teve 7 filhos conciliando a maternidade com o mundo dos negócios onde geria desde o contacto com o cliente, passando por bancos e fornecedores.

Uma mulher de fé… recordo a promessa ao Senhor da Saúde em Sá e ao Santo Amaro em Fornelos “enquanto tiver saúde e conseguir andar tenho que cá vir todos os anos rezar o terço em volta da capela para agradecer e pedir saúde”. Talvez este seja o segredo da longevidade!

Com os avós aprendemos tanto sobre tantas coisas. As histórias que contava vezes sem conta reforçando sempre algum ensinamento implícito que queria assegurar que eu aprendia.

A evidente diferença de idades nunca criou nenhum tipo de constrangimento, pelo contrário, despertou sempre mais curiosidade.

A beleza de ser avó reside na partilha de experiência de vida perpetuando assim por gerações.

As trocas intergeracionais são um processo natural e fundamental de aquisição de conhecimento.

Numa sociedade que se vive o dia-a-dia com a pressão da “falta de tempo” importa lembrar da importância destas relações afetuosas que beneficiam todos os intervenientes.

Saber “de onde vimos” é essencial para decidir “para onde vamos”!