Romaria d’Agonia, sê sempre nossa!

Em junho, os grelhadores voltam a aquecer, as cervejas a arrefecer e os cantores populares a afinar a voz. Durante este mês (e ainda com alguns resquícios em julho), as cidades transformam-se num imenso arraial, em homenagem aos três santos mais populares: Santo António (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro […]

Notícias de Viana
26 Jun. 2023 4 mins
Romaria d’Agonia, sê sempre nossa!

Em junho, os grelhadores voltam a aquecer, as cervejas a arrefecer e os cantores populares a afinar a voz. Durante este mês (e ainda com alguns resquícios em julho), as cidades transformam-se num imenso arraial, em homenagem aos três santos mais populares: Santo António (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho). O Santo António é considerado o santo padroeiro de Lisboa e é celebrado com grande entusiasmo na capital portuguesa, embora não seja, realmente, o padroeiro. Durante as festas, há desfiles, marchas populares, música, dança, comidas típicas e muita animação pelas ruas de Lisboa. As pessoas enfeitam as ruas com balões coloridos, bandeirolas e altares dedicados ao santo. Além disso, a realização dos casamentos de Santo António são uma tradição muito característica. São João é celebrado principalmente no Porto, mas também em tantas outras cidades do país. A festa é marcada por fogueiras, fogos de artifício, danças, músicas, balões, e não podem faltar os martelinhos de plástico, a substituir o alho-porro. Durante as festas, é comum as pessoas saírem às ruas para celebrar, dançar e se divertir até altas horas da noite. São Pedro também é homenageado em algumas regiões de Portugal, especialmente nas cidades costeiras. As celebrações incluem procissões, festivais de pesca, concertos e atividades relacionadas com o mar.

Estas festas são muito importantes para o calendário cultural português, atraindo turistas e reunindo comunidades, em celebrações animadas e tradicionais. É um momento de grande alegria e convívio!

No início deste mês, foi, também, a apresentação do cartaz e do programa da Romaria d’Agonia 2023 e eis que me passa um pensamento pela cabeça: por favor, que a Romaria D’Agonia nunca deixe que as tradições se submetam ao forte turismo a que o nosso país é sujeito! Isto porque os arraiais em que participei, na capital, foram completamente descaracterizados daquilo que seriam as tradições. Preços abusivos, ou então ajustados ao turista. Por exemplo, pasme-se com o valor de um simples bolinho de bacalhau: 3 euros! Um só bolinho! Podia também comer um caldo verde e para isso eram “só” precisos 5 euros por um caldinho! Para ajudar a empurrar a comida, um copinho de sangria é sempre apetecível, já o preço… upa, upa… 8 euros pelo copo! Conclusão: o português não usufrui da festa que, teoricamente, é dele e, imagine-se, há quem tire férias para nem sequer estar na cidade para participar nas festas. Muitos dirão que isto tudo é por ser a capital do país, mas a questão é que, se “estes” turistas fossem a Viana do Castelo, ficariam boquiabertos com a qualidade e autenticidade da nossa Romaria: «dita a festa que se acorde ao som dos foguetes, enquanto de fundo se ouvem, por toda a cidade, os bombos e as concertinas. Nos dias de festa não faltam os desfiles das mulheres com os seus trajes e a sua “chieira”, envoltas em peças únicas de ouro tradicional, tornando a nossa cidade na maior montra de ouro, palco de tradições únicas, dos tapetes de sal que a fé alimenta, ao fogo-de-artifício que fecha cada dia de festa, que começa por entre o alvoroço e as brincadeiras dos gigantones e cabeçudos. Viana do Castelo é gente, é amor e faz acontecer uma das maiores romarias. Nós somos a maior romaria de Portugal. A Romaria da Senhora d’Agonia. E todas as mãos se juntam, entre segredos e vontades, fé e devoção – há uma grande festa a ser levantada. É por isto que… Somos todos Romaria! Somos a Rainha das Romarias de Portugal, porque também preservamos a história e as tradições de Portugal e das suas comunidades.»

Seja nos Santos Populares ou noutra festividade, em qualquer localidade do nosso belo país, onde haja bailaricos, sardinhas assadas, pão com chouriço e arraiais, divirtam-se! Mas não permitam que as tradições se desvaneçam. Que nunca ouçamos os mais antigos dizerem “no meu tempo é que era bom”! Façamos do presente o tempo bom!

Vamos valorizar o que é nosso, por ser tão especial e único!

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