«Mestre, que hei de fazer de bom para alcançar a vida eterna?» (Mt 19,16)

Após o anúncio da Jornada Mundial da Juventude, a realizar em Lisboa em 2023, depois de um adiamento por causa da pandemia, que gerou forte entusiasmo não só entre os jovens, mas igualmente no geral da população em Portugal; passado um longo tempo de preparação, nomeadamente com a peregrinação dos Símbolos por todas as Dioceses […]

Notícias de Viana
21 Jul. 2023 6 mins
«Mestre, que hei de fazer de bom para alcançar a vida eterna?» (Mt 19,16)

Após o anúncio da Jornada Mundial da Juventude, a realizar em Lisboa em 2023, depois de um adiamento por causa da pandemia, que gerou forte entusiasmo não só entre os jovens, mas igualmente no geral da população em Portugal; passado um longo tempo de preparação, nomeadamente com a peregrinação dos Símbolos por todas as Dioceses em Portugal; na alegria de contarmos com muitos milhares de jovens que se inscreveram na celebração desta Jornada Mundial da Juventude; eis-nos já na proximidade do maior evento de jovens, a nível mundial, a realizar no nosso país.

Todo este percurso trouxe ao de cima a força juvenil das nossas comunidades, apesar de já não ser tanta como em épocas passadas, pelo déficit demográfico e pelo secularismo, indiferença e materialismo, que invadem também a vida dos jovens de hoje, mas igualmente manifestou o confronto que a Igreja vive quando se apresenta, tal como é, na praça pública, oferecendo valores fundamentais para a edificação da sociedade e da cultura do mundo em que nos toca viver, colocando-se em atitude de diálogo e, disponível, oferecer o que de mais nobre e sublime ela contem e o ser humano tanto necessita: Jesus de Nazaré, o Homem Novo.

Na verdade, esta tentativa de reduzir a prática cristã ao privado, retirando-lhe o direito de cidadania, vendo a Igreja como uma ofensa aos valores modernos, tão próprio do secularismo reinante e que nada traz de novo, esteve muito presente, embora muito disfarçada, em várias atitudes e críticas que, de vários sectores ideológicos, foram emergindo.

Não podemos deixar de reconhecer que algumas das críticas eram justas e acabaram por ajudar a retificar alguns projetos para que fossem mais evangélicos, tão próprio do Papa Francisco.

Estamos agora no acontecimento da Jornada Mundial da Juventude, que se desdobra em duas fases: uma diocesana e outra, junto com o Papa, em Lisboa, com todos os jovens que irão participar.

A primeira, a diocesana, certamente muito enriquecedora, porque irá trazer, no nosso caso, à Diocese de Viana do Castelo, cerca de mil e quatrocentos jovens de vários países do mundo, para uma convivência cristã, troca de experiências, celebração da fé em comum, partilha cultural e celebração da festa da vida, centrados em Jesus de Nazaré, desafiados pelo lema: «Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1,39).

Já em Lisboa, junto com o Papa, entre muitas atividades, farão a experiência admirável da Igreja de Jesus Cristo, Universal, em Comunhão e interpelados pela missão evangelizadora. Nomeadamente os três dias, celebrados à maneira do tríduo pascal, os jovens reconhecem e celebram o Amor de Jesus Cristo e, certamente, fascinados pela beleza do Seu Amor, desprendem-se para o anúncio e o testemunho de Jesus de Nazaré no mundo de hoje, particularmente entre os jovens.

Este é um tempo de graça para a nossa Diocese de Viana do Castelo. A participação de mais de um milhar de jovens nossos, cerca de mil e quinhentos na Jornada Mundial da Juventude, oferece-nos um forte impulso para renovar as nossas comunidades cristãs e fermentar o mundo pelo Evangelho, a partir dos jovens.

Mas sobretudo, estamos perante um dom de Deus que Ele oferece à nossa Igreja Diocesana, que temos o dever de acolher, incentivar e criativamente integrar numa autêntica pastoral de jovens e com os jovens.

Teremos todos, jovens, animadores de grupos, sacerdotes, religiosos e religiosas, consagrados, leigos responsáveis de movimentos e demais instituições, de nos perguntarmos sobre a pastoral de jovens na nossa Diocese, e com todos, porque tem de ser com todos, abrirmos caminhos de futuro que respondam ao querer de Jesus Cristo, ao desejo da Igreja e à realidade dos jovens de hoje.

Teremos já de começar a refletir sobre a pós-Jornada. Este é um esforço de cada comunidade cristã, seja paroquial ou diocesana. Como em outros sectores da vida pastoral, o sujeito da evangelização é a comunidade cristã. Como afirma o Papa Francisco, a comunidade precisa dos jovens e os jovens necessitam da comunidade.

A este propósito, refere o Papa Francisco: «a proliferação e o crescimento de associações e movimentos com caraterísticas predominantemente juvenis, podem ser interpretados como uma ação do Espírito que abre novos caminhos» (Christus Vivit, Cristo vive – CV 202).

Apesar desta constatação, prossegue o Papa dizendo que «é necessário um aprofundamento da sua participação na pastoral de conjunto da Igreja, bem como uma maior comunhão entre eles e uma melhor coordenação da atividade» (CV 202).

Na verdade, «embora nem sempre seja fácil abordar os jovens, estamos a crescer em dois aspetos: a consciência de que é toda a comunidade que os evangeliza e a urgência de que os jovens sejam mais protagonistas nas propostas pastorais» (CV 202).

Teremos de colocar os Conselhos Pastorais e outras instâncias eclesiais em verdadeiro espírito sinodal, a refletir sobre os itinerários a descobrir para o futuro da pastoral dos jovens.

Como de todos é já adquirido, a pastoral dos jovens exige a participação ativa dos próprios jovens. Como exorta o Papa Francisco, não se pode organizar uma pastoral de jovens senão em dinamismo sinodal.

Faço minhas as palavras do Papa quando diz que «quero assinalar que os próprios jovens são agentes da pastoral juvenil, acompanhados e orientados, mas livres para encontrar caminhos sempre novos, com criatividade e ousadia» (CV 203).

E, continua o texto da exortação pós-sinodal «Christus Vivit»: «por conseguinte, seria supérfluo deter-me aqui a propor uma espécie de manual de pastoral juvenil ou um guia prático de pastoral» (CV 203). De facto, «trata-se, antes, de colocar em campo a sagacidade, o engenho e o conhecimento que os próprios jovens têm da sensibilidade, linguagem e problemáticas dos outros jovens» (CV 203).

O Papa Francisco refere que a pastoral juvenil tem de ser sinodal e, mais, os jovens verdadeiramente participativos fazem-nos ver a necessidade de novos estilos e novas estratégias.

Entre a Jornada Mundial e o Jubileu da nossa Diocese de Viana do Castelo, teremos ocasião de nos colocarmos todos, em estilo sinodal, na descoberta de novos caminhos, com um projeto coerente e evangelizador, definindo objetivos, estratégias, agentes e recursos para os jovens da nossa Diocese.

Só deste modo colocaremos os jovens perante Jesus de Nazaré, pondo-Lhe as suas inquietantes perguntas e recebendo as respostas adequadas que só de Cristo podem advir, mas passam pela Sua Igreja.

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