Chamado ao Consultório: Bronzeado – mas à custa de quê?

Maria Luís Cambão
24 Jun. 2025 3 mins
Maria Cambão

Passamos um ano a falar de mitos. Desmistificamos ideias feitas, lugares comuns, meias verdades ou mentiras totais sobre saúde. Mas agora é tempo de deixar os mitos de lado, e continuar a falar de saúde.

Entrámos, este mês, numa nova estação do ano, o Verão. Com ele, vem o cheiro das férias, o início das idas à praia, o uso das mangas curtas e dos calções. E se andar com a pele exposta ao sol nos traz alegria à alma e vitamina D ao corpo, essa exposição também traz consigo alguns riscos para a nossa saúde. Por isso, desta vez, é Chamado ao Consultório para falar sobre exposição solar e, sobretudo, sobre como se pode, e deve, proteger.

Quando nos expomos aos raios solares, expomos a nossa pele à radiação ultravioleta do tipo A e B, sendo a primeira aquela que atinge as camadas mais profundas da pele e provoca danos às células. Por outro lado, esta radiação também estimula umas células chamadas melanócitos a produzirem melanina, o pigmento que dá cor à pele, ao cabelo e aos olhos. Além disso, este pigmento tem, ainda, uma importante função de fotoproteção. Simplificando, quando nos deitamos ao sol, o nosso corpo vai produzir mais melanina, adquirindo a nossa pele um tom bronzeado. Este pigmento mais escuro é capaz de absorver alguma radiação ultravioleta, protegendo as células da nossa pele de possíveis danos, tal como um escudo.

Neste momento, deve estar a questionar-se: “Mas então, ficar bronzeado até é bom, deixa a nossa pele mais preparada e protegida. Qual é o problema de apanhar sol?”. A pergunta é lícita. O problema é que a radiação UVA que nos permitiu ficar bronzeados, foi a mesma que, ao atingir camadas mais profundas da pele, provocou danos nas células e fez a pele perder elasticidade, levando ao aparecimento de rugas, manchas e outros sinais de envelhecimento.

Quando falamos a longo prazo, uma exposição contínua à radiação solar pode provocar danos no próprio ADN das células, fazendo com que estas cresçam de forma desregulada, podendo levar ao aparecimento de cancro da pele.

Com tudo isto, não quero diabolizar a exposição solar, nem que o deixe de fazer por completo, pois ela também é fundamental para que consigamos ter níveis adequados de vitamina D. O importante é que saiba como fazê-lo, evitando correr riscos desnecessários.

Para começar, é fundamental evitar estar ao sol nas horas de maior calor, ou seja, quando os índices de radiação ultravioleta (UV) são mais elevados, habitualmente entre as 11 e as 16 horas. Além disso, deve procurar usar proteção solar, com fator de proteção sempre acima de 30, e aplicá-la pelo menos 30 minutos antes da exposição ao sol.

Em suma, se é dos que gosta de ficar debaixo do sol até ficar a parecer uma lagosta, espero que depois de ler este artigo já esteja a sair de casa para comprar um guarda-sol e um protetor solar. Não adianta procurar formas de obter um “bronzeado saudável”, pois, como vimos, para estar bronzeado, teve que ocorrer um dano às nossas células, e isso nunca terá nada de saudável. Se quer ter uma boa pele, com aspeto jovem, antes de gastar centenas de euros em cremes e séruns anti-envelhecimento, comece por evitar a exposição solar desprotegida. Essa será sempre a melhor forma de prevenir o envelhecimento precoce e o desenvolvimento de cancro da pele.

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