Um intervalo para descansar

Cada ano, entre nós, existe um pequeno lapso temporal para descansar um pouco, para fugir dos horários que, no dia a dia, o trabalho impõe. Um tempo diferente que tem de ser mobilado diferentemente, saindo para um passeio, visitando alguém sem horários, estando juntos alguns dias, lendo novelas de muitas cores. Um intervalo para rever a vida de forma diferente, sonhando novidades, arquitetando projetos novos, visitando lugares ou monumentos que deslumbram.

Um intervalo para ser diferente: talvez experimentando o que vai ser um futuro próximo. Um tempo ameno e quente para ensaiar novas atitudes e comportamentos com muitos. Uma fase da vida, num ano cheio de surpresas e de outras formas de conviver. O verão aparece em permanência para abrir novas possibilidades de relacionamento: uns dedicam-se mais aos trabalhos do campo, outros agendam encontros inusitados, outros estendem-se à beira-mar descansando do  trabalho, retemperam monotonias, fornecem novos detalhes para aquilo que, por vezes, vai entorpecendo agendas pesadas e monocórdicas do tempo comum. A leitura provoca um banho de água fresca, que no calor é sempre benfazejo.

Adquirir novidade é também repousar o espírito, estando quieto e apreciando o silêncio sapiente, enquanto o cérebro se tonifica e se dilata em novas amplitudes. No final, a renovação de cada ser é um misto de diversas valências: plenifica a personalidade. As férias, nos diversos contextos, são uma oportunidade de abrir a casa de sempre ao futuro retemperante, apresentando a mesma como moradia nova, vista com olhos novos. O tempo vindouro aparece como cheio de detalhes prometedores, pois cada um o espera com outros condimentos.

As vistas de sítios históricos e monumentais provoca, amiúde, o desabafo do religioso, o que dá outra perspetiva de vida a cada um, desenterrando o que tantas vezes foi encaixotado. Uma personalidade sadia não enrola crenças, mas acaricia-as como perfumes do Invisível.

Ótimo intervalo!