Qual é o impacto económico dos eventos de verão?

No Alto-Minho, o verão é marcado por festas, romarias e festivais. Encontros e reencontros com impacte não só nas relações interpessoais, mas que também se refletem nas dinâmicas económicas da região. Durante o mês de agosto, o Neopop, a Romaria da Senhora d’Agonia e o Festival de Paredes de Coura são três dos grandes eventos que marcam a agenda do distrito. Mas, afinal, como se traduz a sua influência na economia local?

Notícias de Viana
16 Jun. 2023 4 mins
Qual é o impacto económico dos eventos de verão?

Neopop

Segundo o mais recente estudo tornado público acerca do festival de música techno Neopop, datado de 2018, que contou com 161 entrevistas válidas realizadas durante 35 dias, o impacte direto estimado é de, pelo menos, 3,72 milhões de euros. Dissecando os dados é possível perceber que, de entre os 8.578 bilhetes vendidos, o público incluía mais de 40 nacionalidades, 57% dos festivaleiros oriundos de Portugal, sendo que 3 em 5 dos espectadores já tinham vindo a edições anteriores. Neste campo, trata-se de um festival com uma faixa de população relativamente jovem, visto que é entre os 21 e os 45 anos que se incluem os 94% dos participantes.

Com um festival que prolonga a sua atividade ao longo de 4 dias, um volume considerável das despesas dos espectadores reside no que é despendido na estadia. Em média, o número de noites passadas no Alto-Minho encontra-se em 3,5, sendo que 63% destas em alojamento pago, admitindo 87% dos inquiridos prolongar a estadia para lá da duração do festival. Numa escala de ordem crescente das opções hoteleiras usadas, em último lugar ficam os hostel, em seguida outras opções variadas de alojamento, seguidos de aluguer de casa ou estadia em airbnb, terminando com a hipótese hotel.

Tudo somado são, neste âmbito, 1.300.000 € colocados na economia local. Sem esquecer os 74.000 € gastos em fornecedores locais, ou os 1.200.000 € gastos pelos próprios festivaleiros no comércio local, que não incluem os 951.000 € gastos em restaurantes e bares, ou os 350.000 € despendidos em viagens. Sendo que, em média, cada espectador gasta 138 €, de acordo com os dados avançados pela organização, que indica a faixa etária entre os 36 e 45 anos como aquela com maior despesa diária.

Romaria da Senhora d´Agonia

Acerca da “Romaria das Romarias”, os dados estão inseridos num estudo de satisfação realizado em 2022 e tornado público no final do mês passado. Embora, por um lado, não seja possível entender o impacte direto nos dias das festividades – a empresa responsável pelo estudo assumiu que, em detrimento dos valores em causa, se trata de uma influência que transcende os dias de ocorrência do evento abrangendo a sua ressonância a todo o mês de agosto – e, por outro, alguns valores necessitem de ser mais clarificados, é possível perceber que se têm registado os valores mais altos de que há menção.

No contexto dos serviços hoteleiros, é possível contabilizar um total de proveitos de 3.788.855 €, num total de 46.452 dormidas e 20.036 hóspedes, sendo 10.034 residentes em Portugal e 10.002 residentes no estrangeiro. Em comparação com os anos homólogos, a tendência é de subida em todas as tipologias de alojamento, à exceção do alojamento local, que desce quase 20%.

Se nos reportarmos ao total de pagamentos efetuados no mês de agosto, ficamos nos 105.000.000 € sendo 37.300.000 € em pagamentos em numerário e 68.100.000 € em pagamentos eletrónicos.

Festival de Paredes de Coura

Sem um estudo estatístico, fonte da Câmara Municipal de Paredes de Coura, fala de um festival que “já não é um evento”, referindo uma vertente imaterial “para além da música”, elencando que “há festivaleiros que chegam antes das festas do concelho e ficam até 20 de agosto”, data aproximada ao fim do festival.

Embora o impacte económico não seja fácil de quantificar, “todos os alojamentos locais do concelho estão esgotados com mais de um ano de antecedência”, assim como as casas disponíveis para arrendamento, seja no centro da vila, onde decorre o festival, seja nas freguesias mais longínquas, como Vascões ou S. Martinho de Coura, com outros concelhos vizinhos a absorver esta procura. Quanto à restauração, a mesma fonte, fala de 2 semanas de trabalho ininterrupto que exige um reforço de capacidade. A nível empresarial, são já 15 as empresas criadas em Paredes de Coura que estão ligadas aos serviços prestados no festival, e que usam os conhecimentos adquiridos na região para prestar serviços a outros eventos semelhantes como o Primavera Sound, o Meo Marés Vivas ou o Festival de Vilar de Mouros.

Conhecido como o “habitat natural da música”, o festival procura reforçar a aposta na sustentabilidade, nomeadamente no uso dos recursos ambientais como a energia e, este ano em especial, a água.

Para esta reportagem, o Notícias de Viana tentou contactou ainda o Festival de Vilar de Mouros e a organização das Feiras Novas que, até ao fecho desta edição, não enviaram qualquer tipo de resposta.

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