Memória agradecida: Cidália Viana de Matos, Oficinas de Oração e vida, paroquiana de Monserrate.

O que dizer do nosso Bispo D. Anacleto? As memórias destes 10 anos misturam-se e envolvem-se como tinta numa paleta. Aparecem vários tons de azul e laranja, amarelo, vermelho, como num glorioso pôr-do-sol. O conhecimento com D. Anacleto aconteceu paulatinamente, mas de modo muito natural. A afabilidade dele fazia cada um sentir-se único.  O tom […]

Notícias de Viana
21 Set. 2020 3 mins
Memória agradecida: Cidália Viana de Matos, Oficinas de Oração e vida, paroquiana de Monserrate.

O que dizer do nosso Bispo D. Anacleto?

As memórias destes 10 anos misturam-se e envolvem-se como tinta numa paleta. Aparecem vários tons de azul e laranja, amarelo, vermelho, como num glorioso pôr-do-sol.

O conhecimento com D. Anacleto aconteceu paulatinamente, mas de modo muito natural. A afabilidade dele fazia cada um sentir-se único. 

O tom com que proferia as suas homilias, baixo, suave e em linguagem simples, obrigava a uma atenção redobrada. Partilhava grande sabedoria sem vestígios de altivez ou vaidade. 

Gostava de conviver com as pessoas, ouvi-las e conversar. Lembro-me de o ouvir contar onde começou a grande paixão da sua vida: a Bíblia. Começou num livro infantil, não recordo o nome, sei que eram histórias bíblicas contadas às crianças. A história de José do Egito fê-lo vibrar e apaixonar-se pelo Livro dos livros.

Se tivesse que escolher uma só palavra que definisse a sua linguagem escolheria “misericórdia”. D. Anacleto nunca se cansava de falar da Misericórdia de Deus. 

Explicava a Eucaristia de maneira tão humana…um pai ou uma mãe dão-se em alimento aos filhos. Como? Desgastam-se a trabalhar para os alimentar, para os educar, para os preparar para a vida. Isto não é alimentar os filhos com o próprio corpo?

Um dia atrevi-me a convidar D. Anacleto para jantar. Respondeu logo que sim. Foi um privilégio partilhar a nossa mesa com ele. A sua frontalidade não era agressiva de “o que tenho a dizer não mando por ninguém”. A sua frontalidade era de amor à verdade, com respeito pela verdade do outro.

O núcleo de Viana do Castelo das Oficinas de Oração e Vida, ao qual pertenço, por várias vezes se encontrou com o nosso Bispo. Sempre nos recebeu com delicadeza e amor de pai. Aceitou sempre os nossos convites para as celebrações e convívios e partilhou connosco momentos de fé e alegria. Jamais irei esquecer as suas palavras de incentivo na Eucaristia do meu envio como guia. 

Anacleto: um intelectual que nunca se envaideceu da sua sabedoria. Semeava flores por onde passava, deixava uma taça transbordante de alegria em cada coração. Nunca me vou esquecer do seu sorriso, do seu refinadíssimo sentido de humor, da sua linguagem serena e sábia.

Até já D. Anacleto. Aí, junto de Deus, continue a olhar pelo seu rebanho.

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