Duarte Silva: “É bom podermos mostrar o nosso trabalho na terra que nos viu nascer?” 

José Duarte Teixeira da Silva é um dos cerca de 1.200 militares que passaram por Viana do Castelo a propósito das comemorações do Dia do Exército. Tem 32 anos e é de Vila Nova de Anha. É Primeiro-sargento e pertence à Banda Sinfónica do Exército. 

Micaela Barbosa
2 Nov. 2023 4 mins
Duarte Silva: “É bom podermos mostrar o nosso trabalho na terra que nos viu nascer?” 

Ingressou no Exército em setembro de 2014, após terminar a licenciatura em música. Sempre foi um admirador da Banda Sinfónica e, por isso, decidiu seguir este caminho de “rigor e disciplina”, com o qual sempre se identificou. “A experiência tem sido muito positiva, com um bom espírito de camaradagem, como temos demonstrado em qualquer tipo de atividade para a qual sejamos chamados”, afirmou Duarte Silva, admitindo que o Exército permitiu-lhe encarar a vida com novas perspetivas e dar importância a um estilo de vida saudável. “Era uma pessoa sedentária e com uma alimentação pouco cuidada até entrar no Exército. Hoje, sou uma pessoa que tem uma alimentação equilibrada e que pratica regularmente desporto”, contou, salientando: “Este estilo de vida que adquiri devido ao exército, bem como a importância das regras e da disciplina, são ideais que quero transmitir ao meu filho. Considero que são fundamentais na nossa vida”. 

Em nove anos de Exército, foi a primeira vez que Duarte esteve em Viana do Castelo, a sua cidade natal, com a Banda Sinfónica. “É bom podermos mostrar o nosso trabalho na terra que nos viu nascer”, considerou, confidenciando os desafios em conciliar a vida pessoal com a profissional. “Na especialidade da música, a maior dificuldade prende-se com a quantidade de cerimónias e concertos que realizamos pelo país fora e para os quais somos nomeados, na maioria das vezes, uns dias antes. Isto implica uma logística familiar mais intensa, principalmente, quando se tem filhos”, disse. 

Numa altura em que o Exército está a passar por “um momento crítico” e que apesar de, no último ano, terem ingressado neste ramo das Forças Armadas 1.587 militares, segundo o Chefe do Estado-Maior do Exército, Eduardo Mendes Ferrão, o número é “insuficiente, considerando a erosão de efetivos”. “É urgente aumentar o recrutamento e a retenção. É urgente modernizar os sistemas de armas. É urgente assumir a prontidão, porque o dia de amanhã é incerto. Estas três urgências estão interligadas. Não podemos ter um Exército com elevada prontidão operacional sem militares e sem equipamentos modernos e interoperáveis com os nossos parceiros”, afirmou o General durante a cerimónia militar do Dia do Exército, adiantando: “Ter um Exército pronto, equipado e com militares motivados, deve ser assumido como uma prioridade dos Estados, não de forma circunstancial, mas permanente. As recentes operações militares evidenciam a necessidade de dispormos de sistemas de armas modernos e tecnologicamente evoluídos. O Exército tem a real noção do custo da tecnologia e da sua falta, mas conhece a realidade do país.” 

Para Duarte Silva, esta realidade deve-se, sobretudo, por a recruta ter deixado de ser obrigatória e, consequentemente, por os mais jovens deixarem de ter conhecimento de como funciona o Exército “porque também não estão criadas ferramentas apelativas de divulgação da instituição”. “Lidamos diariamente com a falta de militares para as mais diversas funções e também com a degradação de algum tipo de infraestruturas. Tenho pena que as condições não sejam mais apelativas, uma vez que dentro da instituição há muitos fatores positivos”, lamentou, frisando: “O Exército é uma das instituições mais representativas do nosso país.” 

Um dos outros temas abordados no Dia do Exército foi a igualdade de género. O Primeiro-sargento assegura que há igualdade de género porque, “cada vez mais, o Exército é representado por mulheres”. “Isto verifica-se nas convocatórias para praças, sargentos e oficiais, em que não há discriminação de sexo nas vagas a concurso”, exemplificou.

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