Viana quer criar bacias de retenção para evitar inundações

A vereadora do CDS-PP, Ilda Araújo Novo, na sequência da precipitação intensa que inundou diversas artérias, habitações e estabelecimentos comerciais da cidade, questionou o executivo sobre "se já existe um levantamento das razões que, eventualmente, possam estar subjacentes à inundação de zonas aparentemente não sujeitas" a esse tipo de fenómenos. O presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, disse estar a ser planeada, entre outras ações, a construção de várias bacias de retenção de água para mitigar o efeito das inundações causadas por fenómenos meteorológicos extremos.

Micaela Barbosa
21 Jan. 2025 4 mins

Na última reunião municipal, a ordem de trabalhos contemplava a aprovação do Regulamento Municipal da Protecção Civil. Neste sentido, Ilda Novo solicitou informação à vereadora Fabíola Oliveira sobre “a existência, ou não, de algum estudo ou levantamento prévio dos diversos locais onde se verificaram as imprevistas concentrações de água da chuva, que foram notoriamente impeditivas da normal circulação normal de pessoas e veículos”, exemplificando com “a área adjacente à rotunda do Hotel AXIS, mais propriamente, desde a Rua da Bandeira até à rotunda do Continente”. “É que há áreas, como na marginal, que mesmo não havendo transbordamento do rio Lima, o escoamento da água resultante de chuva anormalmente intensa não acontece naturalmente, em virtude do elevado nível freático”, apontou, referindo que, “nas passagens inferiores, em que terá sido previsto acentuar o escoamento, não é possível assegurá-lo eficazmente, a 100%, quando está em causa um anormal fluxo de água”. “Noutros locais, como o que acabei de referir, e apesar da Ribeira de S. Vicente, ali próxima, não ter transbordado, aparentemente, não se vislumbra haver razão para o sucedido”, acrescentou.

A vereadora perguntou ainda “se existe alguma previsão de actuação/ intervenção tendente a evitar situações similares no futuro, ou, pelo menos, de assegurar a sua minimização”.

No final da sessão, questionado pelos jornalistas, Luís Nobre garantiu que estão identificados os pontos críticos do concelho, apontando como exemplos a zona ribeirinha, as passagens inferiores e o litoral. “Queremos criar várias bacias de retenção, por exemplo na encosta [do monte de Santa Luzia], para retardar a chegada ao espaço urbano. Queríamos fazê-las todas, em simultâneo, mas não temos recursos financeiros”, afirmou, explicando que pretende recorrer a financiamento comunitário para a sua execução. No entanto, não especificou quanto e qual o montante do investimento porque “o planeamento das ações ainda está em curso”. “Algumas das intervenções que estamos a planear, como a colocação de sensores para monitorizar o volume de água, são compagináveis com a nossa capacidade financeira, mas outras são estruturais e implicam investimentos significativos e necessitam de financiamento”, disse.

O autarca apontou o parque empresarial de Lanheses como modelo para mitigar os efeitos de um elevado volume de precipitação. “Com a criação de três bacias de retenção deixamos de ter inundações na parte mais baixa do parque, junto à área residencial, além de termos melhorado as passagens hidráulicas nas vias”, explicou, esclarecendo que o concelho “tem infra-estruturas, quer em ambiente urbano, quer em algumas freguesias, em áreas com geografia acentuada que em momentos críticos, com níveis de pluviosidade muito grandes, não têm capacidade para travar velocidade da água e proteger quem está na base dessa topografia, como é o caso da cidade de Viana do Castelo”. “A cidade, nem nenhuma cidade, está preparada para eventos extremos como o da semana passada (…) Um fenómeno de pluviosidade intensa durante 20 minutos provocou uma dificuldade como nunca tínhamos tido. Todas as ações físicas e de sensibilização são importantes para mitigar os efeitos destes eventos extremos”, frisou.

Luís Nobre adiantou ainda que, “em breve, por representar um investimento menor”, o Município vai “intervir nas infraestruturas junto à ponte Eiffel, com colocação de mecanismos hidráulicos com maior capacidade de resposta”. “Não vai anular, em absoluto, a inundação daquela zona, mas vai reduzir o seu efeito da acumulação de água em eventos extremos como o da semana passada que impediu a circulação de pessoas e viaturas”, acrescentou.

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