No início de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que 2020 seria o Ano Internacional do Enfermeiro. Longe de supor a situação que o Coronavírus criaria, a OMS tinha como objetivo homenagear a profissão e dar-lhe maior visibilidade, reconhecendo que os médicos recebem grande parte da atenção, especialmente nas nações ocidentais, enquanto os enfermeiros constituem mais de 50% da força de trabalho na área da saúde em muitos países. No entanto, também representam mais de 50% da falta de profissionais de saúde até 2030, segundo o Bureau of Labor Statistics.
Por outro lado, em 2020
celebra-se o 200º aniversário de Florence Nightingale, a fundadora da
enfermagem moderna e a primeira mulher a receber a Ordem de Mérito. O tempo que
passou nas enfermarias dos soldados britânicos e aliados, especialmente durante
as suas rondas noturnas durante a Guerra da Crimeia, valeu-lhe o apelido de
“Dama da Lamparina”. Fundou a primeira escola de enfermagem de base científica,
e também por isso, o seu aniversário é comemorado todos os anos a 12 de maio,
como o Dia Internacional do Enfermeiro.
Acontece, ainda, que a
campanha mundial de três anos Nursing Now (uma colaboração entre a OMS e o
Conselho Internacional de Enfermeiros), lançada em 2018, terminará no final de
2020. A este propósito, a OMS fala frequentemente do “impacto triplo” dos
enfermeiros: melhor saúde, economias mais fortes e maior igualdade de género.
Sendo o primeiro resultado o mais óbvio, e o segundo, igualmente importante, os
homens podem ser, e até são, enfermeiros, mas são as mulheres que representam a
maior parte deste grupo profissional. Tornar-se enfermeira, sobretudo em muitos
países, abre novas possibilidades para as mulheres, dando-lhes a oportunidade
de receber educação formal, inscrever-se em programas de formação, obter uma
cédula e, finalmente, conseguir um emprego e o rendimento a ele associado. Isto
melhora o crescimento económico geral e também aumenta a igualdade de género na
força de trabalho.
O que a OMS nem
imaginava, era o especialíssimo papel que a enfermagem iria desempenhar no Ano
Internacional do Enfermeiro, num ano em que se declara uma pandemia, em que não
há país que não faça tudo para proteger os seus médicos e enfermeiros, em que a
generalidade das populações se desdobra em apoios e aplausos a quem abdica de
si próprio, da sua vida familiar e da sua própria liberdade, para se dedicar ao
seu semelhante, seja ele quem for, num esforço que não é de esperar da larga
maioria das outras profissões. Obrigado, enfermeiras e enfermeiros de todo o
mundo.
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