O Teatro Municipal Sá de Miranda, em Viana do Castelo, encheu-se para a apresentação de “Viana, A Lenda dos Corações de Ouro”, “a produção de animação mais ambiciosa de sempre feita em Portugal”. Inspirado numa lenda da cidade, o filme em 3D representa um investimento de 15 milhões de euros.
A longa-metragem, com 107 minutos, é uma criação da Watermelon Productions, liderada por Rui Miranda, que apresentou o projeto após cinco anos de trabalho. A produção conta com 68 cenários, mais de 200 profissionais envolvidos, entre Portugal, Espanha e Reino Unido, sendo que a distribuição em Portugal está a cargo da NOS Lusomundo, que também investiu no projeto.
Realizado por Rodrigo Carvalho, “Viana, A Lenda dos Corações de Ouro” é um musical de animação em 3D, que combina romance, humor e ação. A banda sonora é assinada por Simon Wadsworth, gravada por uma orquestra de 50 músicos, e constituída por cinco canções originais.
O filme conta com um elenco internacional, reunindo vozes inglesas e portuguesas. O ator britânico Luke Newton, conhecido pela série “Bridgerton” da Netflix, dá voz a Thomas na versão original, enquanto o cantor Diogo Piçarra assume o papel na versão portuguesa. A princesa Ana é interpretada por Daniela Melchior. Entre as vozes nacionais, destacam-se Pepê Rapazote, Melânia Gomes, Vasco Palmeirim e Nuno Markl.
Durante a apresentação, o produtor, que vive nos Estados Unidos e é casado com uma mulher de Santa Marta de Portuzelo, contou que o projeto “nasceu da vontade de transformar uma lenda local numa história universal”. “Foram 1.800 dias a acordar para lutar por este projeto. Ninguém nos deu um cheque de 10 milhões logo no início. Foi preciso acreditar, construir, insistir. Acima de tudo, foi preciso amor pelo cinema, por Portugal e por Viana”, confidenciou Rui Miranda, afirmando: “Tenho a certeza de que vai ser um sucesso, porque foi um filme feito com todos os ingredientes necessários: uma história fantástica, muito bem escrita, que toca o público e que fala de valores intemporais. É um filme sobre o amor, a coragem e a generosidade.”
O realizador Rodrigo Carvalho explicou que o ponto de partida do argumento foi a própria generosidade do povo português. “Thomas é um humilde artesão que constrói guitarras portuguesas. Ana, filha de um governador, sonha em viver como as mulheres do povo. Juntos representam o amor e a generosidade, e essa força move tudo à sua volta”, referiu.
O filme inclui o Duque da Aragão, grande vilão que ameaça a cidade e tenta destruir a história de amor dos protagonistas, e o próprio pai de Ana, atormentado pelas convenções sociais. “O desafio era mostrar que, mesmo os mais puros e ingénuos, podem deixar uma marca inesquecível”, sublinhou, revelando que a produção apostou na autenticidade, estudando trajes, filigrana e património local.
O cantor Diogo Piçarra, que dá voz a Thomas, confessou aos jornalistas que nunca tinha enfrentado “uma aventura destas”. “Já fiz algumas dobragens em pequenos papéis, mas é a minha primeira vez como personagem principal num musical e num filme desta dimensão. Fiquei ainda mais apaixonado pelo projeto, pela ambição, pelos pormenores de tradição e musicais, que eu próprio não conhecia”, referiu, contando que o verdadeiro desafio foi dar vida à personagem, moldando a voz para refletir a pureza e a ingenuidade de Thomas, sem deixar de ter a sua própria identidade.
Já o vilão, interpretado por Mário Redondo, revelou que o maior desafio foi transmitir emoção apenas com a voz, sem corpo físico. “O objetivo é transmitir ao máximo as emoções, através da voz. É a primeira vez que trabalho com um projeto deste tipo, com esta liberdade criativa. Espero que isso chegue ao público.”
O presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, também marcou presença na apresentação. “Esta é uma iniciativa que projeta a nossa cidade, o nosso património e a nossa identidade. Viana é uma cidade de lenda, de memória e de coração”, disse, adiantando que o apoio financeiro da autarquia será anunciado em breve. “Quando percebemos a magnitude desta produção, decidimos fazer um esforço adicional, um gesto simbólico de apoio, porque acreditamos verdadeiramente no impacto deste filme”, acrescentou.
O filme combina animação de ponta com elementos autênticos da cultura minhota: recria a primeira filigrana em Computer-generated Imagery (CGI) na história da animação, inclui quadros do artista Gonçalo Jordão, e mostra as personagens a tocar guitarra portuguesa com acordes verdadeiros, animados a partir da execução real de músicos nacionais. “Queremos que quem veja o filme em Nova Iorque ou Tóquio diga: ‘Espera! Esse lugar existe?’. E que venha cá, à terra onde as pessoas têm o coração de ouro”, salientou Rodrigo Carvalho.
O filme tem estreia prevista para o verão de 2026, com distribuição internacional e “uma campanha ambiciosa”, incluindo Times Square, Londres, Rio de Janeiro e Viana do Castelo. A NOS Lusomundo, além da distribuição, investiu no projeto e defende que o filme “merece estar em todos os ecrãs”, mas com um objetivo principal de “chegar a todos os corações”. “Queremos levar o bom coração dos portugueses ao mundo porque esta cidade tem alma, tem coração, e é isso que o cinema deve mostrar”, concluiu Rui Miranda.
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