Testemunhar…narrando a vida!

Em pleno mês de outubro cheira a outono, a terra molhada, e a missões, não apenas as de longe, mas também as de perto. É tempo de dar testemunho, de contar histórias como quem partilha a vida!

Notícias de Viana
14 Out. 2022 4 mins
Testemunhar…narrando a vida!

Certamente, não poucas pessoas ainda se lembram do tempo em que se sentavam à volta da mesa e se conversava ao borralho ou lareira, a ouvir aquelas histórias que as avós contavam e faziam reluzir os olhitos dos pequenos. E, se calhar, alguns até recordam quando passava, lá pela terra, um missionário a falar das terras longínquas e das muitas experiências que faziam sonhar ou comover alguns. Noutros, despertavam-se sentimentos e emoções e abriam os desejos de viver as mesmas experiências, de partir em missão, de levar boas notícias a outros, de partilhar pão e palavra…

Hoje como ontem, é o tempo que faz brotar nos corações atentos os mesmos desejos! Basta permanecer à escuta, abrir os ouvidos do coração e deixar-se interpelar pela Voz dos que, cá ou lá, precisam de ajuda, precisam de ser libertados, consolados, animados ou simplesmente, anseiam um ombro amigo ou um sorriso… uma palavra ou “duas orelhas”… tanta sede de escuta se descobre quando levantamos o olhar ou quando paramos no caminho, dispostos a acolher.

Pergunto-me, neste momento, se alguma vez fizemos a experiência de ajudar ou de ser ajudados… se alguma vez nos demos conta do que demos e do que recebemos… se fomos capazes de colocar o que sentimos na balança… dar e receber… dar-se e receber-se como dádiva… que mistério insondável e tão belo! 

Se alguém tiver tempo (que parece fica tão caro, pois ouvimos tantas vezes que “não tenho tempo”, “fico sem tempo”), e se sentar a ouvir algum testemunho ou dito de outro modo, a partilhar uma experiência, teremos a impressão que está a narrar a vida. Quem dera fossemos “contadores de histórias”, narrando a beleza da própria vida ao sabor e calor do Pão e da Palavra, ajudando a saborear a Vida!

Afinal, os missionários têm a oportunidade de se dar e viver a entrega da vida, à distância ou aqui ao lado, e cada vez que o fazem, convidam-nos, sem palavras, que vale a penar dar-se para que outros possam ser mais. Afinal “somos uma missão nesta terra”, a vida pode contagiar outros a viver saboreando o que é realmente importante, como olhar no essencial, no que permanece… O ruído passa, o barulho afasta, mas o amor sempre contagia… e cheira-se, não se vê!

E, se narrarmos a vida como quem aponta a meta, mostra a direção e convida a caminhar? Sim, não é caminhar por ninguém, cada qual precisa de o fazer por si próprio, mas acompanhar e ajudar a discernir… levantando os olhos e contando as estrelas, confiando que o melhor de cada um é possível, por vezes só precisa de uma mãozinha para o intuir… tal como Abraão: “Levanta os olhos para o céu e conta as estrelas, se fores capaz de as contar.” (Gen 15,5).

E, se nos dispuséssemos a caminhar ao lado ou sentarmo-nos à lareira, saboreando uma bela história, daquelas que é viva e está a acontecer mesmo ao nosso lado? 

E, se estivéssemos dispostos a escutar, a parar, a deixar a azáfama à margem dos nossos dias… até o tempo cresceria e a gratuidade teria lugar nas nossas vidas.

E, se hoje quiséssemos começar a fazer tal experiência? Quem sabe se não veríamos mais maravilhas, mais beleza, mais bondade, mais verdade…

E, se… sim… é possível. Basta sonhar, sonhar que a vida é tão mais do que podemos imaginar e clama por algo novo que está já a nascer!

Decide-te a narrar a vida! Estás dispost@?

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