Memória agradecida: António Cunha, funcionário da Diocese

A partida inesperada e repentina de D. Anacleto deixou-nos a todos sem rumo, desorientados, tristes, como ovelhas sem pastor, sem a possibilidade de nos despedirmos, de trocarmos umas últimas palavras… Sempre olhei para D. Anacleto como um homem de trabalho, comprometido com o seu múnus pastoral, incansável, pensando muitas vezes para comigo como alguém poderia […]

Notícias de Viana
22 Set. 2020 3 mins
Memória agradecida: António Cunha, funcionário da Diocese

A partida inesperada e repentina de D. Anacleto deixou-nos a todos sem rumo, desorientados, tristes, como ovelhas sem pastor, sem a possibilidade de nos despedirmos, de trocarmos umas últimas palavras…

Sempre olhei para D. Anacleto como um homem de trabalho, comprometido com o seu múnus pastoral, incansável, pensando muitas vezes para comigo como alguém poderia aguentar todas essas canseiras: a resposta encontrei-a no amor que tinha pela sua missão, de acolher o próximo, de o ouvir, de estar com o outro, só alguém que amasse verdadeiramente o Senhor podia ser assim! Só alguém movido pelo Espírito poderia ter um lema como “Escravo de todos”! 

Para o nosso Bispo o outro era alguém com uma história de vida, cada uma diferente da outra, ele interessava-se por cada um tal como ele era, dirigia uma palavra adequada a cada pessoa em concreto; ao mesmo tempo servia a todos, a toda a Igreja diocesana de Viana do Castelo: ele cativava com a sua maneira de ser simples todos e cada um de nós, mas também pela sua profundidade; quantas vezes fiquei encantado com o que ouvi nas suas homilias, nos momentos de formação a que tive o prazer de assistir… Simples e profundo, mas também afável, bem-disposto, muitas vezes ria connosco, um grande homem e um grande Pastor!

Para ele o que interessava era o Reino, que colocava em primeiro lugar: não olhava a canseiras, nem a si próprio, um homem humilde, com coração desprendido das coisas desse mundo, mas alicerçado em Deus. D. Anacleto também acreditava no homem, na sua capacidade de ser melhor cada dia, de construir um mundo melhor; recordo certo dia numa conversa com ele sobre determinado assunto e como tal me parecesse muito difícil de alcançar disse-lhe: “A Deus nada é impossível!”, ao que ele me respondeu: “E aos homens também, se quiserem!”; esta resposta ficou-me gravada: Deus conta com cada um de nós para sermos seus instrumentos neste mundo, mas os resultados dependem Dele! S. Paulo resume bem a vida de D. Anacleto: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim». (Gal 2, 20).

Estou triste por D. Anacleto ter partido naquela sexta-feira, não me despedi, queria agradecer-lhe tudo o que fez por mim, por nós, pela Igreja diocesana… Mas ao mesmo tempo tenho esperança, pois quem viveu e morreu em Jesus, o Pai o acolhe para sempre na alegria da Páscoa eterna, onde não haverá mais morte, nem lágrimas, nem dor; e onde um dia nos encontraremos na eternidade: até sempre D. Anacleto!

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