O documento (com o título das duas primeiras palavras do texto – Dignitas Infinita) é uma Declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé, assinada pelo Papa Francisco na audiência de 25 de março último e publicada para toda a Igreja em 2 de abril deste ano 2024. Tem uma importância para todos e é […]
O documento (com o título das duas primeiras palavras do texto – Dignitas Infinita) é uma Declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé, assinada pelo Papa Francisco na audiência de 25 de março último e publicada para toda a Igreja em 2 de abril deste ano 2024. Tem uma importância para todos e é por isso que reflito no atualíssimo documento e coloco este apontamento à disposição de todos os leitores do nosso Notícias de Viana: “a Igreja (…) reafirma de modo absoluto esta dignidade ontológica da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus e redimida em Cristo Jesus.” (DI, nº 1)
O texto aparece dividido em quatro números, partindo do progresso na progressiva consciência deste dignidade (1), alicerçando nos textos bíblicos e da tradição da Igreja tal dignidade (2), dignidade que fundamenta os direitos e deveres de todo o ser humano (3), para terminar elencando algumas “graves violações” desta dignidade (4).
* Importa que a sociedade como um todo se reveja nesta dignidade, para que possam beneficiar aqueles a quem é furtado tal estatuto ou até aqueles a quem é pregado isto, retirando-lhes as condições sociais e económicas para dele usufruírem, sendo vilipendiados e postos à mercê dos mais poderosos, que disso se vangloriam. Em muitos sectores da vida social, as pessoas humanas são cada vez mais tratadas como números, o que revela uma fotografia daquilo que a humanidade nos nossos países pensa quotidianamente, embora arvorem a bandeira da dignidade para todos: disparate de esconder o rosto com bandeiras que teoricamente são irrefutáveis.
“A imagem de Deus é confiada à liberdade do ser humano para que, sob a guia e a ação do Espírito, cresça a sua semelhança com Deus e cada pessoa possa chegar à sua mais alta dignidade” (DI, nº 22). Está aqui um aspeto nevrálgico que também foi pensado nos primeiros tempos do cristianismo e que acarreta hoje inúmeros desafios, sejamos crentes ou não. Trata-se das condições de possibilidade do que cada um faz. Estão à prova as nossas realizações, sendo ou não capazes de criar condições de existência para que o maior número dos que conhecemos possa viver dignamente, pois estamos de acordo com o princípio da dignidade para todos. Está em jogo “um empenho pela própria liberdade”.
* É possível elencar um sem número de assuntos em que se viola incessantemente a dignidade humana, como muito bem faz a Declaração (o drama dos pobres, a guerra, o sofrimento dos imigrantes, o tráfico de pessoas, os abusos sexuais, a violência contra as mulheres, o aborto, a maternidade sub-rogada, a eutanásia, o suicídio assistido, o descarte das pessoas com deficiência, a teoria do género, a mudança de sexo, a violência digital), mas é urgente também e sobretudo criar contextos favoráveis para ultrapassar situações mais penosas e urgentemente inadiáveis, como o da desigualdade do feminino nas sociedades e o da repartição desigual dos benefícios do nosso desenvolvimento global.
As questões levantadas, e são muitas, exigem a intervenção de todos para que o futuro seja menos desigual e mais digno para todos. A dignidade é uma questão infinda, colocando à prova a existência ativa e digna de todos, para todos.
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