Atualizar convivências

O tempo em que estamos a entrar favorece a convivência entre os diferentes meios e pessoas de uma dada região, o que se revela, em seguida, de alguma riqueza para a labuta diária e para o trabalho que espera todos os dias: uns negoceiam e outros compram, uns cantam e outros divertem-se, uns escrevem e […]

Notícias de Viana
29 Jun. 2023 3 mins
Atualizar convivências

O tempo em que estamos a entrar favorece a convivência entre os diferentes meios e pessoas de uma dada região, o que se revela, em seguida, de alguma riqueza para a labuta diária e para o trabalho que espera todos os dias: uns negoceiam e outros compram, uns cantam e outros divertem-se, uns escrevem e outros leem, uns viajam e outros hospedam, uns choram e outros partem, uns festejam e outros promovem, uns planeiam e outros executam, uns preparam e outros consomem, uns tocam e outros alegram-se.

Surgem os meses agradáveis do verão, nos quais muitos se permitem fazer umas fugas mais prolongadas, enquanto outros se comprazem em entabular conversa e distração com os mais novos. Cruzam-se mais facilmente as gerações, e a vida social encontra um posto de abastecimento para todos. As férias abrem novas artérias possíveis, e os mais novos parecem estar contentes com pais, avós, irmãos, tios e tias mais próximos. A vida parece abastecer a sua energia, sendo mais livre e eloquentemente benéfica.

Acontecem os dias festivos na diversidade das regiões. Grupos de pessoas investem em caminhadas pedestres, enquanto outros grupos dançam no recinto de um concerto rock, pop, jazz. Os momentos servem para curtir amizades, para desempoeirar histórias, para contar anedotas escondidas nos baús mais recônditos da memória, para brincar mais frequentemente.

A dimensão religiosa dos seres humanos aparece remodelada, embora por vezes se teime em fugir ou em encobrir-lhe o brilho. As caminhadas refletem-na disfarçada de mochilas, e a fuga não se vive senão como uma espécie de biombo que encobre passados que se teima em esquecer. O religioso muda de figura, persistindo como interrogação ou carimbando atitudes de defesa. O animismo, o naturalismo, o advento variado de identidades ascéticas, são disso reveladores. Por mais que nos possa incomodar, não somos preservados senão por escassos momentos. Esta dimensão por vezes adormecida, desponta nos desideratos mais alheios e imprevisíveis.

As festividades nas freguesias emprestam momentos de alta convivência, quer nas visitas aos fregueses, quer nas caminhadas de novos e de mais idosos em demanda de um santuário, quer em instantes culturais envoltos em desfiles artísticos ou em empolgantes romarias, que fazem acordar um sentimento de pertença ou, tão somente, uma vaga recordação saudosa de outro tempo e outras circunstâncias. Nasce-se religioso, enquanto dependurado do ventre de uma mãe, e encerra-se o itinerário pela delicada presença de mitos e ritos sociais.

O tempo de verão refresca e potencia, revigora e amadurece: tempo das lufadas de ar, embora possam advir em contexto climático tórrido ou sofrer interferências do degelo polar. Que o ar novo, e por vezes quente, promova a convivência e retempere o ânimo das gentes.

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