O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja Católica publicou “um sonho de anos”, um “Manual de Boas Práticas de Conservação Preventiva de Bens Culturais da Igreja”, um livro “acessível e rigoroso”, destinado ao cuidado preventivo do património existente em todas as Paróquias.
“Não se trata de um livro para especialistas, mas para todos os que de forma próxima cuidam do património nas comunidades”, disse Sandra Saldanha, Diretora do Secretariado, explicando que o maior desafio se prendia, precisamente, com a capacidade de o tornar acessível a todos, mantendo o rigor. Reconhece que existe muita bibliografia sobre “conservação preventiva”, mas o património da Igreja Católica “não é igual aos objetos que encontramos em museus”. “O património da Igreja não é musealizado, não se restringe a ser apreciado: continua a ser utilizado e manuseado. Há cálices, por exemplo, que são simultaneamente apreciados e utilizados em celebrações. Deve haver, portanto, uma articulação litúrgica do património. Daí os cuidados diferenciados que se deve ter”, sustenta.
No Manual em apreço encontram-se “indicações, muito precisas, de como, por exemplo, armazenar uma peça de ourivesaria, tratar um retábulo, fazer conservação numa pintura ou numa escultura”. A publicação apresenta também “fatores de risco” a ter em conta, “facilmente identificáveis”, sugerindo “maneiras de os controlar”. “Tal como em nossa casa, temos cuidado com as correntes de ar, cuidado com a exposição de peças de roupa. O mesmo cuidado e preocupação devem existir no património da Igreja”. O Manual procura ainda explicitar “da forma mais completa possível”, todas a áreas do património, “móvel, imóvel e integrado”, cobrindo uma “vastidão de tipologias e matérias”, com a indicação dos cuidados de que devem ser alvo.
Na introdução ao livro, escreve D. Pio Alves (Bispo Auxiliar do Porto e vogal da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais) sobre a “imensa tarefa” de preservação do património, trabalho coordenado a nível nacional, mas que deve ser “consolidado nas Dioceses, com os seus serviços” próprios. Sandra Saldanha afirma, ainda, que a conservação preventiva é “muito importante e está ao alcance de todos”, e que o património da Igreja assenta na “dignidade das peças. A conservação preventiva é uma valorização de um património que tem uma missão litúrgica e deve ser, por isso, estimado e cuidado com carinho”.
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