O Seminário Diocesano de Viana do Castelo: Prioridade da Identidade Diocesana – subsídios para a sua história – parte XL

Mais donativos À medida que se foram conhecendo as estimativas de custo do projecto de construção do Seminário Diocesano, em Viana do Castelo, mais noção se teve de que o cabo «tormentório» mais duro de vencer, para uma Diocese pobre, seria pagar a obra. A comparticipação do Estado seria crucial e capital o contributo da […]

Notícias de Viana
10 Dez. 2021 5 mins
O Seminário Diocesano de Viana do Castelo: Prioridade da Identidade Diocesana – subsídios para a sua história – parte XL

Mais donativos

À medida que se foram conhecendo as estimativas de custo do projecto de construção do Seminário Diocesano, em Viana do Castelo, mais noção se teve de que o cabo «tormentório» mais duro de vencer, para uma Diocese pobre, seria pagar a obra.

A comparticipação do Estado seria crucial e capital o contributo da comunidade altominhota. D. Armindo tinha consciência disso e, como ele, muitos mais diocesanos, para quem construir o novo Seminário Diocesano era uma «prioridade das prioridades».A boa esperança do «forte capitão», «que a tamanhas empresas se oferece», acreditava ser possível dobrar esse adamastor – que só de o ver «arrepiam-se as carnes e o cabelo»! – com o forte contributo de «gente ousada» e assim alcançar para a Diocese um «mais que humano feito».

A construção do Seminário Diocesano reuniu em seu abono, ao longo do ano de 1988, contributos de diversas proveniências e diferentes ordens de valor, conforme denota a lista de donativos publicada no jornal «Notícias de Viana», na edição de 20 de Dezembro de 1990.

Em suma, contabilizaram um montante na ordem de 6.188.190$00, sendo que grande número das ofertas foram recolhidas nas visitas pastorais de D. Armindo a paróquias do arciprestado de Arcos de Valdevez e a três do perímetro urbano da cidade de Viana do Castelo – nomeadamente, Santa Maria de Areosa, Santa Maria Maior e Nossa Senhora de Fátima.

Ocasiões de encontro, diálogo, celebração e proximidade entre o pastor e as comunidades cristãs locais, as visitas pastorais não só foram para D. Armindo propícias oportunidades de sensibilização dos fiéis para o significado e relevância do Seminário na vida da Diocese, como também para receber deles expressões de partilha e comunhão com aquela que era uma necessidade prioritária da Igreja diocesana.

Juntamente com os montantes recolhidos nas visitas pastorais encontram-se, na lista de donativos respeitante a 1988, registos de ofertas de sacerdotes, religiosas e leigos, de corais, crismandos e crianças da catequese, de «fabriqueiras», confrarias e comissões de festas, bem como de juntas de freguesia e estabelecimentos comerciais.

Comparativamente com o ano anterior, a lista respeitante a 1988 regista maior número de donativos, quantitativamente aleatórios, essencialmente associados a paróquias visitadas pastoralmente e provenientes de diversas entidades a elas associadas ou com cada uma delas relacionadas.

O movimento noelista e o padre Avelino de Jesus da Costa foram os únicos titulares que repetiram a presença na lista com novos donativos. Entre as associações de apostolado, apenas há registos de ofertas da Legião de Maria, das Noelistas e do Movimento Esperança e Vida, fundado em Maio de 1983.

Por intermediação

No rol de mais de cem entradas, o donativo que, na lista de 1988, mais salta à vista pela ordem de grandeza – 2.550 contos – surge associado ao nome do padre Luís Ludwig Kondor (1928-2009), húngaro de origem (Csikvánd), austro-alemão por força do regime comunista da Hungria, que vigorou a partir de 1949, e português por missão.

Radicado em Portugal desde que foi enviado para Fátima, em 1954, onde exerceu o cargo de vice-prefeito do Seminário do Verbo Divino, e, depois de ter desempenhado um papel activo nos processos de beatificação dos videntes Francisco e Jacinta Marto, foi nomeado vice-postulador da causa em 1961. Condecorado em 2005 pelo governo austríaco, receberia no ano seguinte a insígnia de comendador atribuída pelo Presidente da República Jorge Sampaio (1939-2021).

Intermediário nas relações solidárias entre as dioceses da Europa Central e de Portugal, o padre Kondor colaborou, entre 1974 e 1997, na transferência de ajudas financeiras da Weltkirche-Köln e do Europäischer Hilfsfond das Conferências Episcopais da Áustria, Alemanha e da Suíça para apoio de grandes obras nas dioceses portuguesas.

O Seminário Diocesano de Viana do Castelo foi uma delas. Por seu intermédio chegaria às mãos de D. Armindo um novo donativo em 1991, na ordem de 1.500 contos, ao mesmo tempo que os primeiros 100 mil marcos da Conferência Episcopal Alemã, conforme registo inscrito na lista de ofertas publicada no jornal diocesano de 28 de Fevereiro.

Na cerimónia de bênção da primeira pedra, em 8 de Dezembro de 1990, o padre Kondor assistiu ao acto como convidado especial, acompanhando o monsenhor Hubert Wilschowitz, secretário da Conferência Episcopal da Áustria e da Alemanha, e viu o nome de ambos inscrito no pergaminho que foi introduzido na pedra com as respectivas assinaturas.

Também esteve presente na inauguração oficial do Seminário Diocesano, em 25 de Março de 1997. Aliás, as palavras de agradecimento dirigidas ao monsenhor Wilschowitz, em língua alemã, tinham sido previamente traduzidas pelo padre Kondor, a pedido de D. Armindo.

Em 19 de Março de 1997, o prelado vianense escreveu-lhe a solicitar a tradução do texto seguinte: «Estou a referir-me a V. Ex.cia, Monsenhor Wilschowitz, que esteve aqui na cerimónia de bênção da primeira pedra do Seminário, em 8 de Dezembro de 1990, trazendo-nos o apoio e ajuda da Conferência Episcopal Germano-Austríaca (?), e nos dá o gosto da sua presença hoje a partilhar connosco a alegria da acção de graças. Obrigado, Monsenhor».

(continua na próxima edição)

Tags Diocese

Em Destaque

Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.

Opinião

Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.

Explore outras categorias