O Seminário de Viana do Castelo: Prioridade da Identidade Diocesana Subsídios para a sua história – parte XXXII

A notícia Na edição do «Jornal de Notícias» de 15 de Janeiro de 1988, a permuta de terrenos foi notícia, sob o título «Diocese constrói Seminário onde era um parque inestético» e o antetítulo «Dois problemas assim ficam resolvidos». Com a deslocação do «velho e inestético parque de materiais da Junta Autónoma de Estradas» e […]

Notícias de Viana
2 Jul. 2021 6 mins
O Seminário de Viana do Castelo: Prioridade da Identidade Diocesana Subsídios para a sua história – parte XXXII

A notícia

Na edição do «Jornal de Notícias» de 15 de Janeiro de 1988, a permuta de terrenos foi notícia, sob o título «Diocese constrói Seminário onde era um parque inestético» e o antetítulo «Dois problemas assim ficam resolvidos».

Com a deslocação do «velho e inestético parque de materiais da Junta Autónoma de Estradas» e a reserva do terreno para «uma actividade mais consentânea com o local» – designadamente «um espaço docente para a diocese de Viana do Castelo» –, encontrou-se a solução para dois problemas: «o de índole urbanística, numa zona de franca expansão, e o que, para a diocese, assume primordial importância, pois permitirá a implantação do seu seminário».

Para a Diocese, que apresentou para troca um terreno em Mazarefes, consideravelmente maior – «cerca do triplo» -, o «espaço docente» constituiria «um alargamento do seu Colégio do Minho, instalado na Rua de S. José, nas proximidades daquele recinto».

Por fim, a redacção concluiu com a expectativa de que «a construção da nova estrutura de ensino permita o alargamento da Rua de S. José no troço entre a Avenida de 25 de Abril e o campo de futebol, há muito reclamado especialmente nos dias de espectáculos desportivos».

Notícias como esta chegaram ao conhecimento de D. José Augusto Pedreira, então bispo auxiliar do Porto, que, em 20 de Janeiro de 1988, escreveu a D. Armindo felicitando-o pela boa nova da Diocese de Viana do Castelo ter finalmente terreno para a construção do Seminário Diocesano. 

Não só partilhou «da alegria e das esperanças» da Igreja particular vianense, como também lhe pediu que aceitasse uma «pequena oferta para a obra a empreender», que dizia ser «mais o significado do que o valor».

Outras ofertas de diferentes contribuintes se seguiriam com o mesmo fim específico ainda antes do arranque oficial da campanha de angariação de fundos, em 3 de Julho de 1990, as quais se reuniram aos donativos já recebidos durante o ano de 1987.

Primeiros donativos

Para o Seminário, muita foi a gente de boa vontade que apresentou as suas ofertas desde a criação da Diocese de Viana do Castelo, mas só a partir de 1987 é que começaram a ser orientadas para a construção do novo edifício na cidade episcopal, depois de asseguradas as garantias de que haveria finalmente um lugar para ele ser implantado.

Os donativos anteriores também foram investidos no Seminário, mas para apoiar as despesas da Diocese com os seminaristas instalados em Monção, em Darque e em Braga, de acordo com o esclarecimento publicado no jornal diocesano em 6 de Dezembro de 1990, quando teve início a divulgação de todas as ofertas recebidas e destinadas para o novo fim.

Contudo, a oferta de alguns benfeitores, apresentada antes de 1987, já tinha a intenção inerente de ser destinada para a construção do novo Seminário Diocesano, como foi o caso do cónego Avelino Jesus da Costa (1908-2000), natural de São João de Vila Chã (c. Ponte da Barca), embora incardinado na Arquidiocese de Braga.

Em carta datada de 20 de Julho de 1992, o insigne historiador e ilustre promotor do Santuário de Nossa Senhora da Paz referiu ter dado o seu «primeiro e modesto» contributo, em 1981, ao oferecer duzentos exemplares do livro da sua autoria, intitulado «Comarca Eclesiástica de Valença do Minho: antecedentes da Diocese de Viana do Castelo», «para serem vendidos em benefício do projectado Seminário».

De facto, o jornal diocesano deu conta do «gesto de profunda generosidade, amor à Diocese e partilha eclesial» na edição de 22 de Dezembro de 1983, informando, no entanto, que o produto da venda dos exemplares a trezentos escudos cada um seria «para apoio às iniciativas pastorais».

Conforme o rol publicado no jornal diocesano em 6 de Dezembro de 1990, o valor total de donativos relativos ao ano de 1987 somou 1.113.209$00, do qual aproximadamente metade foram apresentados por algumas das paróquias do arciprestado de Viana do Castelo, entre os meses de Abril e Outubro, por ocasião da visita pastoral do Bispo diocesano.

Os montantes recolhidos nas catorze paróquias vianenses oscilaram entre vinte e cem contos, máximo oferecido por Meadela, em 17 de Maio, e Lanheses, em 13 de Setembro, comunidades logo seguidas por Alvarães, que, em 24 de Maio, tinha ofertado oitenta contos, a par de outros donativos.

Acima do valor máximo apenas se registou, na lista de donativos respeitante ao ano de 1987, a oferta anónima na ordem de 115.150$00, destacando-se de seguida os cem contos oferecidos por Maria Augusta Sousa Meneses Abreu e Antas (1899-1990), natural da Casa do Outeiro, em São Paio de Agualonga (c. Paredes de Coura), filha do 1.º Visconde de Peso de Melgaço e grande benemérita da Igreja diocesana.

Tanto como havia sido sua irmã, D. Maria Luísa, última proprietária do solar, que, em 7 de Junho de 1982, doou 5/6 ao município de Paredes de Coura e 1/6 à Diocese de Viana do Castelo, parcela adquirida mais tarde pela autarquia courense, em 24 de Abril de 1992.

Em tempos, D. Maria Augusta, viúva e sem filhos, tinha decidido aguardar pela criação da Diocese de Viana do Castelo para lhe doar todos os seus bens em testamento. Acolhida nos últimos anos da sua vida no Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, acompanhou com amor e oração os projectos da Igreja vianense.

Para além da referida benfeitora, outros nomes de leigos figuram na lista de donativos, nomeadamente Maria da Conceição Dias de Sousa e Lucínio Gomes Ferreira, a quem se juntou o donativo dos doentes idosos de Alvarães.

Apenas cinco sacerdotes constam da lista com donativos que oscilam entre os mil escudos e os cinquenta contos, oferecidos pelo padre Cesário Fernandes de Miranda. 

A presença dos sacerdotes na ocasião da visita pastoral do Bispo diocesano às comunidades donde eram naturais – ou, simplesmente, a circunstância – era um momento propício para a manifestação de gestos de partilha, como aconteceu com os padres Marcelino Marques Trindade, na visita a Vila do Punhe, em 21 de Junho, e António Maurício Guerra, na de Portela Susã, em 20 de Setembro, dois dias antes de vir a falecer num acidente rodoviário perto de Águeda.

A Acção Católica Rural e as Noelistas foram os únicos movimentos de apostolado a constar na lista de donativos, que incluiu também a verba recolhida por ocasião da Assembleia Diocesana de Viana do Castelo, realizada em 7 de Junho de 1987.

(continua na próxima edição)

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