“O pior que nos pode acontecer é ir ao encontro dos outros apenas para receber e nunca para dar”

Milhares de fiéis cumpriram, no passado dia 30 de junho, a peregrinação ao Sagrado Coração de Jesus que liga a cidade de Viana do Castelo ao monte de Santa Luzia, uma tradição com mais de 100 anos.

Notícias de Viana
11 Nov. 2019 5 mins
“O pior que nos pode acontecer é ir ao encontro dos outros apenas para receber e nunca para dar”

O percurso, com cerca de cinco quilómetros, começou, pelas 09h00, no jardim Dom Fernando, no centro da cidade e terminou com a eucaristia presidida por D. Anacleto, que decorreu no anfiteatro do jardim das Tílias, no cimo do monte de Santa Luzia.

O Bispo Diocesano recebeu os peregrinos em frente ao Sagrado Coração de Jesus e realçou a importância de olhar “uns para os outros”.

“Aqui no alto, cada um de vocês encontra-se com o outro e que bonito é poder olharmos uns para os outros, porque os olhos também falam e a voz de Jesus é para se ouvir. Atrás da pala e dos olhos vem o afeto, o amor, que eu recebo e partilho”, afirmou D. Anacleto.

“Não vieram aqui só por vocês porque, se assim fosse, estaríamos reduzidos a nós próprios. Vêm aqui para saborear uma dimensão essencial na vida que é ter muitos outros à minha volta que ouviram a mesma voz e tiveram a mesma coragem e subiram”, referiu.

Dom Anacleto abordou também o convite feito por Jesus a cada pessoa que participou na peregrinação: «Levanta-te e anda».

“Quando a voz nos diz «Levanta-te e anda», «Levanta-te e vai», não nos manda apenas ir para receber, mas também para partilhar”, disse. 

“A tua voz e o teu coração, unidos com o outro faz com que sintamos que este Senhor é de facto a herança e a razão de ser da nossa vida”, sublinhou.

“Quando a voz nos diz «Levanta-te e anda», «Levanta-te e vai», não nos manda apenas ir para receber, mas também para partilhar”, disse.

Os peregrinos foram ainda chamados a “nunca esquecer” que foram até ao cimo do monte de Santa Luzia “não apenas para receber, mas também para dar”. 

“Jesus diz-nos «Levanta-te vai», porque o outro precisa de ti e, se não fores, tu e o outro ficam mais pobres, porque quanto mais eu dou, eu recebo; quanto mais eu me abro ao outro, estendo as mãos, os olhos, a voz e o coração aos outros, melhor é a minha vida.  Sinto-me feliz.”, frisou D. Anacleto, acrescentando que “foi Ele que nos convidou para estar aqui e tenho a certeza que vamos todos sair daqui muito mais satisfeitos.”

No final, o bispo apelou ainda à participação nas Jornadas Mundiais da Juventude, que juntarão milhões de jovens de todo o mundo, em 2022, em Lisboa.  

“É Jesus que faz o convite “Levanta-te e vai” e desafia cada jovem a ser porta-voz Dele ao convidar outros a levantarem-se e irem”, frisou o Bispo, acrescentando que “se cada um deles fizer isso, teremos um momento único na história desses jovens, do país e desta diocese”. 

A peregrinação diocesana reuniu crentes de todas as paróquias do arciprestado de Viana do Castelo e de outros pontos do país.

A tradição, organizada pelo arciprestado de Viana do Castelo em conjunto com a confraria, realiza-se desde 1918, antes do verão. Tem a sua origem num voto formulado pela população da cidade rogando proteção à epidemia pneumónica que na altura provocava muitos mortos na região.

 “Quem não for apóstolo da oração não é verdadeiramente cristão”

Na passada sexta-feira, dia em que a Igreja celebrou a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e em que os cristãos são convidados a rezar pela santificação dos sacerdotes, o clero da Diocese de Viana do Castelo, juntamente com o Bispo Diocesano, reuniu-se no Albergue da Confraria de Santa Luzia (junto ao Templo do Sagrado Coração de Jesus, no cimo do monte de Santa Luzia, na cidade de Viana) para um tempo de oração, meditação e convívio. 

O encontro ficou marcado pela reflexão da Irmã Ângela Coelho, Postuladora da Causa da Canonização dos Pastorinhos de Fátima, que exortou os sacerdotes “a saírem de si mesmos, aceitando viver na lógica da Cruz e do dom”. Partindo da sua própria experiência e do exemplo de Francisco, Jacinta e Lúcia, pediu aos sacerdotes que evitem a tentação de se considerarem “o centro do mundo” para que o protagonismo possa ser sempre dado a Cristo.

Da parte da tarde, teve lugar, no Templo, o Encontro Diocesano do Apostolado da Oração que culminou com a celebração da Eucaristia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus presidida pelo Bispo Diocesano. Na homilia, D. Anacleto, detendo-se na figura da “ovelha perdida” do Evangelho, referiu que “Deus, sem desprezar aqueles que estão no bom caminho, preocupa-se, sobretudo, com os que estão tresmalhados ou passam por dificuldades porque são estes que mais precisam do seu amor”. Dirigindo-se aos presentes, pediu que, à imagem de Cristo, nos voltemos, essencialmente, para os mais frágeis. Para isso, alertou, é essencial a oração. D. Anacleto disse mesmo: “Quem não for apóstolo da oração não é verdadeiramente cristão”. 

O Bispo Diocesano terminou a homilia com um pedido aos fiéis para que tenham presente a intenção do Papa Francisco para o mês de julho e rezem “pelos sacerdotes para que, com sobriedade e humildade, se empenhem numa solidariedade ativa para com os mais pobres”.

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