Como surgiu o gosto pelo ambiente/natureza? E quais as razões que te levaram a defender esta causa?
Sempre tive um carinho muito especial por tudo o que a natureza nos traz e nos proporciona. No entanto, sempre foi difícil para mim escolher apenas uma área de trabalho. Optei por fazer a minha licenciatura em Biologia, por nunca me cansar de aprender mais sobre o tema, mas sempre soube que para ser feliz tinha de continuar de alguma forma ligada às artes, música e comunicação. Quando comecei a mergulhar, apaixonei-me ainda mais pela vida marinha, o que me levou a escolher um mestrado internacional em Biodiversidade e Conservação Marinha. Durante o meu mestrado, fui conhecendo pessoas e projetos inspiradores e foi nessa altura que comecei a considerar uma carreira que envolva comunicar ciência e gerir projetos relacionados com a conservação marinha e sustentabilidade.
A mensagem do Papa Francisco critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas. O que te preocupou na sociedade?
Ao aperceber-me do desenvolvimento não sustentável que a nossa sociedade incute, levou-me a querer saber mais sobre a criação de projetos de conservação e recuperação de ecossistemas danificados, bem como projetos de comercialização de produtos com modelos de negócio sustentáveis, onde haja menos desperdício.
Venceste o prémio Jovens Investigadores do GBIF (2018), foste premiada como Cidadã de Mérito pela Câmara Municipal de Viana do Castelo (2019) e, mais recentemente, tornaste-te embaixadora do combate às alterações climáticas. Como é ver reconhecido o teu trabalho e de que forma reagiu a tua família a estes prémios?
É muito gratificante e acima de tudo motiva-me a continuar a fazer o que mais gosto. A minha família é muito curiosa sobre o que eu faço no meu dia-a-dia e, quando sabem que os meus projetos estão a ser reconhecidos, são os primeiros a festejar e a fazer com que tudo isto tenha a maior visibilidade possível. Sou uma sortuda.
Como é que tem sido a tua experiência na BlueBio Alliance, em Cascais? Na tua opinião ainda é fácil e possível trabalhar na área da investigação, em Portugal ou existe algum receio de vires a ter que imigrar?
Tenho aprendido imenso na Bluebio Alliance (BBA), principalmente sobre o valor de se trabalhar em rede.
Na BBA, executo funções de comunicação e gestão de projetos, sendo que já não estou a trabalhar como investigadora científica. No entanto, encontro-me a fazer investigação em políticas públicas, no âmbito do programa LEAP – https://gulbenkian.pt/project/politicas-publicas/, onde estou a aprender técnicas para comunicar evidencias científicas a decisores políticos. Não diria que é fácil trabalhar em investigação, mas penso que na área da investigação do mar já há mais trabalho para investigadores do que antigamente e no geral parece-me que as condições de trabalho para bolseiros estão a melhorar.
Quais são os teus projetos e metas para o futuro?
Neste momento, o meu trabalho foca-se na divulgação de como a biotecnologia marinha pode ter um grande papel a desempenhar no que toca a modelos económicos sustentáveis e circulares.
No futuro, gostaria de continuar a comunicar e gerir projetos, em particular, projetos cuja missão seja proteger o ambiente marinho e estimular boas-práticas.