É complexo, dizem os especialistas, os comentadores, os analistas políticos, os economistas e até os meteorologistas quando não sabem se devemos levar guarda-chuva ou protetor solar. E de facto, o mundo atravessa um dos momentos mais “complexos” da história recente. Ou será que sempre foi assim e agora temos mais câmaras de televisão a registar o caos?
É complexo quando abrimos o telejornal e a primeira notícia não é sobre um grande avanço da ciência, uma descoberta médica revolucionária ou uma história inspiradora de coragem. Não. O que temos? Guerra. Mais uma. Ou melhor, as mesmas, mas com nomes diferentes. A Ucrânia continua num labirinto sem saída, o Médio Oriente é um barril de pólvora que ninguém sabe se quer apagar ou acender, e no meio disto tudo, o mundo parece seguir de olhos vendados para um abismo qualquer.
É complexo ver a doença do Papa Francisco tornar-se um evento mediático ao estilo de uma série da Netflix. “Como está o Papa?”, “Há atualizações?”, “Fontes do Vaticano dizem que é complexo.”. E é mesmo. Porque não estamos apenas a falar de um líder religioso; estamos a falar de um homem que tem sido uma voz de esperança num Mundo que parece estar sempre a perder a fé (e não falo apenas da fé em Deus, mas da fé no próprio ser humano).
É complexo pensar que, enquanto rezamos pelo Papa, o mundo se prepara para mais quatro anos de Trump (seja lá o que “isso for”). Sim, porque se há coisa que está garantida nos telejornais é a instabilidade política dos EUA. A nova administração promete agitar ainda mais as águas já revoltas da diplomacia mundial. E nós, deste lado do Atlântico, assistimos como se fosse um filme de ação… mas sem certezas de um final feliz.
É complexo quando olhamos para o preço das casas e percebemos que comprar um T2 em qualquer cidade é mais difícil do que ganhar o Euromilhões. “Os jovens precisam de ajuda para ter habitação”, dizem os políticos. Mas as soluções parecem saídas de um manual de ilusionismo: incentivos aqui, apoios acolá, e no fim, nada muda. A renda continua a ser um luxo, e ter casa própria um sonho tão distante quanto a paz mundial.
É complexo ver um país paralisado por greves. Médicos, professores, enfermeiros, políticos (ah, não, espera… esses não fazem greve). A educação anda aos soluços, a saúde tropeça, e os cidadãos fazem ginástica para não adoecer nem precisar de um serviço que pode estar “em serviços mínimos”. Mas o que não é mínimo são os impostos, esses estão sempre em serviço máximo.
É complexo falar de futebol num país onde o futebol é mais importante que a política (e para alguns, até mais importante que a família!). A morte de Pinto da Costa fecha um capítulo de um livro escrito com paixão, controvérsia e um toque de genialidade. E, como em qualquer boa história de futebol, as discussões já começaram, aliás, continuam…
É complexo viver num mundo onde a crise climática é tão real como a conta da eletricidade ao fim do mês. Fala-se de transição energética, energias renováveis, metas de carbono, mas enquanto isso, os verões são cada vez mais quentes e os invernos mais imprevisíveis. Dizem-nos para reciclar, reduzir, reutilizar… mas o mundo parece não conseguir desacelerar a sua própria destruição.
É complexo quando olhamos para a justiça e percebemos que ela não é cega, mas sim estrábica. Processos arrastam-se durante anos, decisões parecem beneficiar sempre os mesmos, e quem não tem dinheiro para advogados caros fica preso na teia burocrática. Confiar na justiça tornou-se um ato de fé… e nem todos são tão crentes.
É complexo ver um país envelhecido que não se preocupa em criar condições para os mais novos ficarem. A natalidade cai a pique, a emigração sobe e a economia ressente-se. Os jovens procuram futuro lá fora, enquanto cá dentro se discute como remendar um sistema de pensões que parece um barco a meter água.
É complexo. Tudo isto é complexo. O mundo não tem respostas fáceis, nem caminhos simples. Mas, apesar de tantas incertezas, ainda temos de acreditar que algo pode mudar. Podemos não conseguir resolver todos os problemas do Mundo, mas podemos fazer a nossa parte: agir com justiça, praticar a solidariedade e nunca perder a esperança. Afinal, o futuro também depende de nós. E, quem sabe, talvez Deus nos conceda um pequeno milagre e torne tudo isto… um pouco menos complexo.
(Termino desta forma: Rezemos pelo Papa Francisco, pela sua saúde, pela sua força. Que Deus lhe dê coragem para continuar a sua missão e ilumine o seu caminho nestes tempos tão turbulentos. Que as nossas orações sejam um sinal de unidade e fé, num Mundo que tanto precisa de paz e de amor.)
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