A esperança não engana

Pe. José Lima
27 Jun. 2024 3 mins
Padre José Lima

Em ordem ao ano jubilar de 2025, o Papa Francisco elaborou uma Bula de proclamação (Spes non confundjt = SNC), datada de 9 de maio último, onde deseja a quantos a lerem que “a esperança encha o coração”. Neste mesmo ensejo permitam-nos alguns ecos de leitura, para que o Ano Santo que se aproxima revigore em nós o entusiasmo e nos conceda a paz.

  1. Este Ano Santo coincide com o primeiro ano de preparação para o Cinquentenário da nossa diocese de Viana do Castelo em 2027, na qual vivemos construindo comunidades unidas na Caridade, com esperança crente que a realidade vai entregar a todos num clima e ambiente propícios e gratificantes. Sempre acreditamos que de Deus surge um futuro esperançoso para que os nossos anseios sejam pacíficos e prometedores. Ele convida-nos sempre ao bem-estar e felicidade que vamos fazendo para todos nas ações de compromisso que com todos vivemos, mesmo de forma menos advertida.
  2. Fundamentado na Escritura que embebe a vida de todos, o Ano Santo é um dos “momentos fortes” em que nutrimos e robustecemos esta “companheira que permite vislumbrar a meta” (SNC, 5). Importa avivar o “caminho” e tornar fecunda esta “peregrinação” que todos fazemos, mesmo que para muitos isto signifique aventurar-se a visitar Roma, como é típico de quem anda à procura. Tal aventura poderá significar uma consciência maior de que somos amados pela Igreja presente, acompanhante e amorosa.
  3. Esta Bula está repleta de convites sobretudo na sua secção central sobre os “sinais de esperança”, convidando a descobrir a Esperança em muitos aspetos que subsistem hoje na vida de todos, olhando os sinais dos tempos que integram a vida da Igreja na atualidade: num mundo em tragédias de guerra, anelar pela Paz; perante os repúdios de vida, desejar transmiti-la e favorecê-la sempre; ansiar por uma aliança social, hoje que campeiam os monopólios; nas privações de liberdade, viver amnistias, recuperar confiança, favorecer percursos de reinserção nas comunidades; propor esperança aos doentes, aos jovens em diferentes panoramas de drogas, aos exilados, aos mais idosos, valorizando “o tesouro que eles são”; aos pobres que “são quase sempre vítimas e não culpados” (SNC, 15).
  4. São desafiantes os apelos em favor da esperança. O primeiro é o de constituir “um Fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres”, apelo construído “com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares”; o segundo é o do “perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las” (SNC, 16).

“O Ano Jubilar poderá ser uma importante oportunidade para tornar concreto” o modelo sinodal, correspondendo em cada comunidade aos desafios que são levantados pela evangelização hoje. Que todos vivam “alegres na esperança” para que a fé seja “mais credível e atraente” (SNC, 18), já que “a felicidade é a vocação do homem”, uma meta que a todos norteia, e “se cumpra definitivamente naquilo que nos realiza, ou seja, no amor”. Nele “existirei para sempre” (SNC, 21).

Em torno da Esperança, esta Bula fortalece-a  e embeleza-a.

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