Viagens Sonhadas

Mas naquele vetusto convento, foi bom estar ali pela beleza da liturgia. Os meus parabéns para o Pároco, Pe. César, que tem uns acólitos impecáveis na liturgia, para o grupo coral, para o trompetista que acompanhou os cânticos e as Laudes, para o presidente da celebração, Pe. Armando Dias, como Vigário do Clero, de cuja […]

Notícias de Viana
21 Jan. 2022 3 mins
Viagens Sonhadas

Mas naquele vetusto convento, foi bom estar ali pela beleza da liturgia. Os meus parabéns para o Pároco, Pe. César, que tem uns acólitos impecáveis na liturgia, para o grupo coral, para o trompetista que acompanhou os cânticos e as Laudes, para o presidente da celebração, Pe. Armando Dias, como Vigário do Clero, de cuja equipa o Pe. Joel faz parte, porque tudo teve a dignidade que se exigia e dum vetusto convento. Até pelo número dos sacerdotes que se sentaram nos cadeirões dos monges de então.

Pois dizia eu que descia o Extremo, e ao ver o nevoeiro plantado em toda a ribeira do Vez, por um lado, e toda a ribeira Minho, por outro, pareceu-me andar por cima das nuvens e sonhar viagens em tempo que isto está proibido, para quem quer preservar a saúde.

E, com a minha idade, ainda sonhei o que gostaria de ver e ainda não vi, mas a viagem da minha vida já vai adiantada e, por isso, só sonhar.

E assim desci as curvas dos meus lados e vi-me menino de dez, onze anos, a fazer a pé os quilómetros entre a Portela e as Taias, onde então morava o meu Pároco, e receber dele explicações para enfrentar o exame de admissão ao Seminário.

E assim começava a minha viagem rumo ao sacerdócio. Depois foi olhar o Mosteiro de Pias no meio daquela enorme veiga, hoje feita emparcelamento de alvarinho, e recordar-me menino, a rezar pelo Pe. António Gonçalves, que partiu jovem para junto de Deus nos anos cinquenta do século passado, apenas com quatro anos de sacerdócio. E agradecia Deus a minha já longa viagem. 

Depois foi virar em Monção para o meu destino, e passar por aquelas terras que me são familiares, e recordar os colegas já falecidos como cedros do Líbano, Mons. Marques, de Monção, e o irmão Fernando.

Pe. Mário já recordado em Mazedo, entes de virar para Melgaço, Pe. Júlio de Barbeita, orador afamado, Pe. António de Ceivães, Pe. Bernardo Pintor, e tantos outros que nos precederam e que me acompanharam agora no meio do nevoeiro, a entupir as publicidades do “Soalheiro”, que queriam espreitar mas a neblina não deixava.

Cruzei-me com uma carrinha cheia de gente nova, e lembrei o saudoso Pe. Carlos Vaz, que vinha de Rouças com os seminaristas de Melgaço e, numas férias, me apanhou na minha aldeia e me levou até Braga, com mais velhos que ainda não conhecia e os mais novos, que eram do meu relacionamento. Grande homem que fez de tudo, e tão bem feito.

E já estava em Paderne, levado nos últimos quilómetros pelo GPS, que me encurtou a viagem e me fez virar no Peso, rumo ao convento.

Regressei, no final, com oração na boca pela extinta, saudade no coração pelos que conheci e já partiram e, em escassos trinta minutos, já estava na minha aldeia natal, a receber a refeição em casa da irmã dedicada e do cunhado atento que, sempre que me pressentem por aqueles lados, partilham da refeição a que a minha irmã empresta os gostos que herdou da mãe, que bem conheço e que tão bem sabem.

São viagens sonhadas, feitas realidades, em tempo de Covid.

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