Ser de Deus para Deus

Nas cangostas da vida, nas dificuldades mais prementes, é necessário por vezes chorar, compadecer-se e deixar que “as lágrimas lavem os nossos olhos”, para dizer como o santo padre.  A celebração do funeral do padre Valdemiro Domingues no dia 6 de maio, em Riba de Mouro, Monção, foi uma destas celebrações que pacifica dando vida […]

Notícias de Viana
1 Jun. 2023 3 mins
Ser de Deus para Deus

Nas cangostas da vida, nas dificuldades mais prementes, é necessário por vezes chorar, compadecer-se e deixar que “as lágrimas lavem os nossos olhos”, para dizer como o santo padre. 

A celebração do funeral do padre Valdemiro Domingues no dia 6 de maio, em Riba de Mouro, Monção, foi uma destas celebrações que pacifica dando vida a quem deixa esta terra (o padre Valdemiro nasceu em Tangil em 1944, terra onde fora depois sepultado). 

Escassas são as palavras para o evento, mas nele se respira a frescura da esperança que reentrega a vida a quem vive embrulhado nos afazeres diários. Foram assim as suas exéquias solenes: orantes, amistosas, vibrantes e muito sentidas. 

Tormentas e tormentas nos afligem particularmente quando a doença se instala na entrada da nossa casa e resolve não sair. Os momentos são muito duros e a vida trepida ao balançar com a morte. Com o padre Valdemiro pudemos aprender que aceitar calmamente a doença é também entregar-se a Deus. 

O padre Valdemiro foi muito tempo professor durante a vida e deu a última lição na sua morte: a celebração exequial estava plena de jovens cantando loas ao Senhor, entoando os salmos que aprenderam e muito bem emprestavam seus versículos para pensar e seguir em frente. Importa sim saber parar para olhar o rumo a seguir: quando se encontra Cristo, o caminho é Ele, a verdade é Ele e a vida é também Ele. Estando nele somos habitados pela Trindade e temos a esperança sempre fresca e pronta para recomeçar. 

Formado em Teologia e em Antropologia, soube o padre Valdemiro saborear a vida de muitos povos, do Brasil ao México; por fim em Portugal anunciou as maravilhas do Deus que amava nos quatro cantos da diocese como pároco ou simplesmente como amigo. Era fácil dialogar com ele, pois além dos dotes naturais tinha feito uma aprendizagem singular. Respeitar a idoneidade de cada povo era para ele fundamental e por isso soube viver a vida na simplicidade de se apresentar como quem era, simples obreiro de Deus na sua messe que tem as dimensões do universo por Ele criado. 

Soube timonar variadas comunidades, deixando a luz da Evangelho iluminar gerações. Não era de trato complicado, mas acarinhava sempre quem o procurava, oferecendo o que tinha no coração. Soube aproximar a muitos da autêntica vida, dando pistas para dela viverem autenticamente. A última comunidade foi Santa Marta de Portuzelo (de 1990 até 2018), onde cotejou tantas formas novas e inovadoras de anunciar o evangelho e de o ter como bússola do caminho a seguir. 

A sua voz foi enfraquecendo e foi sábio humilde na decisão de dar lugar aos colegas mais novos. Deixou-nos a todos na simplicidade de entregar a sua vida a Deus pelo bem-estar de toda a comunidade diocesana. Foi brilhante na simplicidade de vida, entregando-se a quantos o procuravam. Que descanse na paz de Quem soube anunciar.

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