Cláudio Especial. 33 anos. Natural de Matosinhos, mas cresceu em Barroselas, vindo a residir em Viana do Castelo. Receberá o Batismo, a Eucaristia e a Confirmação na próxima Vigília Pascal.
1. Por que razão decidiu receber os Sacramentos de iniciação?
Sendo de família “típica” agnóstica e crescido com forte afinco e ligação à ciência na educação, sempre senti a falta de algo mais. Lembro-me de, em pequeno, ler uma frase de Albert Einstein que dizia: “Sem Deus, o Universo não é explicável satisfatoriamente”. A falta a tantas e tantas respostas que me deixavam incompleto em muitas experiências da vida.
Na verdade, o cristianismo sempre fez parte da casa dos meus avós maternos; penso que a semente terá sido aí lançada. Felizmente, com os anos, a semente cresceu e no Cristianismo encontrei o sentido para a vida, para aquilo que é o caminhar em pleno na vida terrena, em direção a uma plenitude ao lado do Amor eterno de Deus Pai.
2. O que significa este passo na sua vida cristã?
É, sem dúvida, o culminar desta procura de Deus, que não termina neste passo, pelo contrário: apenas ficamos mais próximos da plenitude de vida com Deus. É uma página muito bela e esperada há muito tempo.
3. Como descreve este tempo de preparação?
O início do catecumenado foi um pouco atribulado, mas graças a Deus, com o apoio de várias pessoas, que nos ajudaram e guiaram nesta caminha, estamos hoje mais próximos de cumprir o nosso objetivo.
É uma preparação muito enriquecedora, que em muitos passos, em muitos momentos, me iluminou e me guiou na maneira de viver e de ver a própria vida, em coisa profundas, como na própria tomada de consciência existencial, mas também nos pequenos gestos no dia-a-dia.
Foi, é, e será, com toda a certeza, o passo mais enriquecedor que tomei na minha vida.
E a todos os que, como nós, jovens, são, e por vezes se sentem de certa forma, desnorteados ou até desanimados na sua Fé, tenho a certeza que este Caminho poderá ser, e será, uma luz, um preencher, um caminho onde encontrarão essas respostas preenchidas por Deus. Fica o meu convite a todos a caminharem neste tão belo caminho.
Carolina Ribeiro. 26 anos. Natural de Matosinhos e residente em Viana do Castelo. Receberá a Eucaristia e a Confirmação na próxima Vigília Pascal.
1. Por que razão decidiu receber os Sacramentos de iniciação?
Já há muito tempo que ansiava receber os restantes Sacramentos de iniciação cristã, especialmente a partir da minha adolescência; cada vez era maior a minha Fé e crença em Deus e na Santa Igreja Católica.
2. O que significa este passo na sua vida cristã?
Simplesmente era algo que tinha muita vontade, ânsia e desejo de fazer – viver com Cristo, para Cristo e em Cristo.
O passo que estamos prestes a realizar na próxima Vigília Pascal significa o início da minha vida cristã em comunhão com Deus Pai todo poderoso.
3. Como descreve este tempo de preparação?
Iniciámos o processo de catecumenado no final de 2018 com o Pe. Vítor, altura a partir da qual todos nós estabelecemos uma relação de amizade, partilha, união e, sobretudo, partilhámos o tão intenso sentimento de, finalmente, estarmos no caminho que tanto desejávamos.
Foi um processo de estudo e preparação intensos. Mas sempre pautado pela simpatia, humildade, bondade e sobretudo amizade do “tão nosso” Pe. Vítor.
Desde já, deixo um “Obrigada” gigante aos meus colegas e ao Pe. Vítor, por todos os momentos que partilhámos, por conseguirmos sempre ajustar o horário das catequeses, pela união que criámos, pela amizade, pelo companheirismo, por todos os ensinamentos que nos foram transmitidos; obrigada por tudo.
Agora sim, sinto que encontrei o meu caminho. Entreguei-me por inteiro e faço de mim instrumento do Senhor.
Sara Barbosa Dominguez. 21 anos. Viana do Castelo. Receberá o Sacramento da Confirmação na próxima Vigília Pascal.
1. Por que razão decidiu receber os Sacramentos de iniciação?
Os Sacramentos da iniciação representam uma continuação da minha caminhada de fé iniciada por intenção dos meus pais, com o meu Batismo, e fortalecida, assim, com a receção do Sacramento da Confirmação e deste modo, afirmando o meu compromisso com Deus.
2. O que significa este passo na sua vida cristã?
Significa uma afirmação e um reencontro com a minha Fé, que reflete a minha vontade de me aproximar, de novo, de Deus, e de receber este Sacramento para confirmar e reforçar a graça batismal através da “marca” do Espírito Santo, permitindo o meu crescimento interior e o da minha crença.
3. Como descreve este tempo de preparação?
Foi um tempo de muita reflexão, de reforçar os pensamentos da aproximação com Deus, de forma a estar preparada e disposta a receber este Sacramento. Foi bastante importante nesta caminhada compartilhar momentos e experiências que me fazem motivar e acreditar ainda mais neste Sacramento e nisto que é a nossa fé, a fé em Cristo. Por isso, o Pe. Vítor e os meus colegas catecúmenos, Cláudio e Carolina, tiveram um papel importante nesta minha caminhada.
Pe. Vitor Rocha, responsável pela caminhada dos catecúmenos
1. O que significa o catecumenado?
A palavra “catecumenado” é ainda muito desconhecida do público geral, mas também de alguns sacerdotes. E o desconhecimento prende-se, sobretudo, com o reduzido número de jovens e adultos não batizados no nosso contexto social e religioso.
Todos os adolescentes, jovens ou adultos que desejam receber o Batismo são convidados a participar num programa formativo e de acompanhamento espiritual e humano que se estende por vários anos, ao qual se dá o nome de “catecumenado”. Assim, percorrem um tempo e caminho de iniciação às bases fundamentais da fé cristã.
2. Como é que a Igreja acolhe os catecúmenos?
É curiosa a pergunta e sintomática a resposta. É evidente que da parte da Igreja, desde os Bispos aos fiéis leigos, há um grande entusiasmo e alegria. Na Igreja, assiste-se quase a um comprovar que a Igreja não está a morrer, pois ainda há quem a procure com discernimento e vontade firme. Contudo, também é percetível que a disponibilidade para acompanhar e dedicar-se, ao longo de alguns anos, àqueles que desejam participar da vida de Cristo, nem sempre é assim tão entusiástica.
3. Qual o papel do orientador neste tempo de preparação?
No catecumenado há apenas dois agentes: aquele que procura Deus e o próprio Deus. Aos que acompanham, sejam sacerdotes, catequistas ou padrinhos, apenas é pedido que estejam disponíveis. Prontos a dar testemunho da fé e conscientes das suas limitações.
4. De que forma é organizado este tempo?
A maior surpresa dos candidatos ao tomar conhecimento sobre o catecumenado está no tempo de duração. Quase sempre esperam “estar prontos” em poucas semanas ou meses. Porém, quando lhes é explicada a dinâmica e que se pretende uma caminhada de aprofundamento e amadurecimento da fé, compreendem que não se pode fazer em alguns meses, mas são precisos anos para serem iniciados à fé.
O esquema tradicional está dividido em três anos, necessários para tomar o primeiro contacto com a oração, a Sagrada Escritura, os Sacramentos, a doutrina, a comunidade e para ingressar na vida da Igreja.
Infelizmente, este grupo de catecúmenos experimentou vários contratempos: desde um início atribulado com incertezas sobre quem e como os havia de acompanhar e orientar; dificuldades no agendamento dos encontros de catequese, devido aos horários de trabalho de cada um e, por último, a pandemia.
5. Há cada vez mais jovens a querer fazê-lo? Quais as principais motivações/razões?
Os motivos são tantos quantos a história de cada um. São muitos os jovens e adultos em busca de Deus e que veem na Igreja a porta para aceder a Ele. Por ocasião da recolha de inscrições para o catecumenado, apresentaram-se nove pessoas. Por diferentes razões apenas três conseguiram iniciar e percorrer este tempo.
Certamente que me permitem, porque gostaria de destacar o percurso da Sara. Batizada, fez o itinerário de catequese até à Primeira Comunhão. Desde então, a frequência da Igreja era pontual. Na idade de receber o Sacramento da Confirmação foi-lhe apresentado o catecumenado que aceitou, principalmente porque preferiu uma proposta profunda, exigente e que não se reduzisse a meia dúzia de encontros sem real impacto na experiência de fé. Por sua vez, o Cláudio e a Carolina passaram também pela dificuldade de querer e procurar os Sacramentos, enquanto lhes davam como respostas burocracia, indisponibilidade e desculpas.
Todos eles passaram pelo limiar de perseverar na fé ou conformar-se com a primeira resposta. Decidiram perseverar. Eles, como tantos jovens, procuram configurar-se com Cristo, conhecê-l’O e imitá-l’O; daí serem tão necessárias as nossas disponibilidade e atenção.