A Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESS - IPVC) acolheu uma tertúlia promovida pela Pastoral Ensino Superior de Viana do Castelo. Os oradores, D. João Lavrador e Ricardo Carvalhido, refletiram sobre ecologia e sustentabilidade, defendendo uma ecologia integral e uma formação holística.
Sob o tema “Cuidar da nossa casa comum. Ecologia e sustentabilidade”, a iniciativa visou “refletir sobre problemas atuais”.
Na palavra de abertura, a sub-diretora da ESS – IPVC, Manuela Cerqueira, sublinhou o papel da escola e o seu contributo numa formação “integral e holística” de cidadãos social e politicamente empenhados. “A sustentabilidade exige um compromisso global e local, e cada um de nós deve estar atento e agir de maneira responsável, ajudando a construir uma sociedade mais equilibrada e solidária”, apontou.
Citando o Papa Francisco, D. João Lavrador defendeu uma ecologia integral e desafiou os participantes a refletir sobre que “casa habitável se quer para as novas gerações”. “Referimo-nos à sustentabilidade ambiental é reconhecer que todo o universo, a natureza e a criação, na qual se integra, o Homem são de uma extrema importância para a vida presente e futura, para a qualidade de vida e para a relação que se deve estabelecer entre o Homem e a criação”, afirmou, apelando a um “despojamento intelectual e de interesse de grupo ou classes” para “edificar uma sociedade e uma cultura que responda aos verdadeiros anseios da humanidade”.
O Bispo diocesano salientou o sentido de comunhão e diálogo entre todos, pedindo novos comportamentos e assumindo responsabilidades. “A par do património natural, encontra-se igualmente ameaçado um património histórico, artístico e cultural”, alertou, realçando o papel das comunidades locais.
Por fim, destacou “o amor social” que “suscita novas vias para enfrentar os problemas do mundo de hoje e renova profundamente, desde o interior, estruturas, organizações sociais e ordenamentos jurídicos”. “É necessário agir. O tempo urge e a natureza não perdoa”, concluiu.
Já Ricardo Carvalhido também sublinhou a importância de uma formação holística, explicando que a questão das alterações climáticas é “complexa”. “Temos um desenvolvimento mundial absolutamente desigual”, apontou, mostrando que a causa não é só humana, mas também natural.
Numa “ecologia universal”, o professor considera que implica a intervenção de todos, desde os políticos, as empresas e as comunidades. “Somos parte da terra. Temos responsabilidade sobre ela porque é a nossa irmã”, afirmou, frisando que “o planeta deve ser respeitado e compreendido”. “É através da educação que podemos traçar um caminho para a resolução deste problema, mas também com a Igreja porque são questões essencialmente morais”, acrescentou.
Indicando alguns dados, Ricardo Carvalhido disse estar a assistir “a um caminho que, aparentemente, não terá retorno”. No entanto, confidencia que não vê “maneira de, nas próximas décadas, inverter a situação”. “Preocupa-me que as próximas gerações vindouras idolatrem personagens que nunca fizeram nada pelo bem comum e que tem uma presença desmaterializada. Incomoda-me que não saibam quem é o Alexander Fleming, o William Osler e o Gutenberg”, admitiu, reforçando o papel da educação. “Estas pessoas, apesar de estarem no passado, continuam a ecoar em todos nós, todos os dias. Paradoxalmente, tornaram-nos seres que julgam ser imortais e que, por isso, não conseguem retornar àquilo que é a essência da vida”, concluiu.
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