Para onde vamos?

Vivo numa zona protegida, o que me faz estar muito atento a certos pormenores, que as pessoas que vivem entre o cimento e as pedras da cidade, não podem observar.

Notícias de Viana
15 Jan. 2021 3 mins
Para onde vamos?

Assim lá por alturas de fevereiro, ao passar numa curva fechada que me introduz na aldeia que me acolheu há mais de meio século, como um do seus filhos, costumo reparar nos pormenores dos valados verdes, se há algo de estranho a brotar…

Eu não sei o nome científico, mas eu chamo-lhe “Primaveras” a umas florinhas que aos primeiros raios de sol do segundo mês do ano-e chamo-lhe matreiro-, porque segundo o adágio popular fevereiro matou a mãe ao soalheiro, dadas as mudanças rápidas de temperatura e aspeto dos dias. Pois ia a dizer que reparo por meados de fevereiro, nesse valados que são sempre os primeiros a deitar cá para fora as cabecitas das ditas florinhas do campo, anunciando que quando a estação própria está para vir, embora ainda falte um mês, já estão alerta com o seu sorriso amarelo, que aqui não tem sentido pejorativo.

Pois há dias, regressava eu duma fugida, por motivos obrigatórios, das ruas de pedra e fachadas de cimento e respirava o ar puro da paisagem protegida do Corno ed Bico, quando boquiaberto reparo que os ditos valados já, em pleno dezembro, com temperaturas primaveris de quinze graus, estavam cheios das ditas florinhas…

Não me alegrei, mas fiquei triste, porque li nesse sinal a realidade doa aquecimento global, que vai trazer sérias consequências para todo o meio ambiente.

Gostamos de temperaturas mais altas, mas eu gosto de ouvir os transmontanos, quando lhes perguntavam no primeiro e último nevão se não estranhavam a neve.-Ela faz falta aos nossos campos, é a nossa ajuda contra tantas pragas que se não forem destruídas com a neve e o gelo do inverno, logo que comecemos a amanhar os campos dão-nos cabo das novidades. Ele sabe o que faz e é bom que haja neve-dizia uma velhinha de Valpaços ou de Boticas, no seu saber e na sua fé de gente simples e crente…

Temos todos que fazer o que está ao nosso alcance, para que o grito do Papa Francisco na Laudato Si, não seja em vão mas nos leve a cuidar da casa comum, a ser ecológicos, a separar os lixos, a não conspurcar o ambiente.

Lição das florinhas que nasceram prematuras, mas que motivaram o escrevinhar estas linhas.E porque são escritas ao dealbar o ano novo, que seja bem diferente deste que nos fez prisioneiros nas nossas casas…Bom ano para todos, como muita ecologia.

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