O voleibol como resposta ao sedentarismo

Telma Silva e Inês Rodrigues são duas das 20 jovens que, quando souberam que a Associação Desportiva de Barroselas (ADB) ia abrir uma equipa feminina de voleibol, quiseram experimentar. Hoje afirmam que "foi a melhor coisa” que lhes aconteceu. Embora não soubessem fazer um passe ou uma manchete como deve ser, sentem que o trabalho desenvolvido “tem dado frutos”.

Notícias de Viana
26 Mai. 2023 4 mins
O voleibol como resposta ao sedentarismo

Em dezembro de 2021, a ADB decidiu retomar a prática do voleibol. Isto porque a modalidade esteve na génese da Associação, e só anos mais tarde se dedicou ao futebol. “O balanço é muito positivo, acima de tudo, porque vemos o desenvolvimento das miúdas. Elas andam encantadas, o que para nós é muito bom”, assegura Aníbal Queirós, presidente da Associação, reconhecendo a dificuldade de iniciar uma modalidade. “Os altos e baixos existem, mas queremos tornar o voleibol sustentável. É nesse sentido que estamos a trabalhar”, salienta. 

O treinador, Rui Lima, conta que o primeiro ano da equipa serviu para preparar as jovens jogadoras a jogar e a perceber a dinâmica do voleibol. Mais tarde, começaram a participar nas competições e, embora tenham perdido praticamente todos os jogos, a equipa tem evoluído. Exemplo disso mesmo é que, mais recentemente, já ganharam alguns jogos e uns sets. “Elas vieram muito cruas. Não faziam um passe e uma manchete. Além disso, não tinham ideia de jogo, regras, posições e etc.. Portanto, tivemos de começar tudo do zero e isso exigiu algum esforço de ambas as partes”, confidencia, adiantando que a equipa teve “alguma dificuldade” com os saltos. “O voleibol é um desporto que exige muita mobilidade e o que se nota, não só aqui como em todo o lado, é que estamos perante gerações sedentárias. Isto é uma realidade que foi discutida durante a formação de treinador. Ao contrário da nossa altura, eles têm pouca mobilidade e o que se espera é que isso piore e, portanto, queremos combater o sedentarismo através do desporto”, refere. 

A experiência tem sido “diferente”, mas “muito boa”. É assim que Rui descreve a sua passagem pela equipa técnica de voleibol, que conta ainda com Lúcia. “As miúdas estão motivadas e o nosso próximo passo é incentivar outras a entrar na equipa, para criar um novo escalão”, revela, admitindo a falta de mais uma pessoa para ajudar nos treinos. “Mesmo com os jogos que perderam, elas mantiveram o foco, a pica e a união. E, por isso, não podia estar mais satisfeito com o trabalho desenvolvido nestes quase dois anos”, frisou, enaltecendo: “Tenho-as posto a jogar como jogam as equipas profissionais em termos de movimentos, reconhecendo aquilo que elas podem fazer. Neste momento, jogam como uma equipa sénior, e isso nota-se. Elas ganharam outro nível de jogo”. 

As duas capitãs, Telma Silva e Inês Rodrigues, são a prova de que com “empenho” é possível evoluir. “Quando cheguei aqui, nem um passe e uma manchete sabia fazer e agora, adoro”, garante Telma, reconhecendo a caminhada “difícil” da equipa. “A cada treino, trabalhamos para melhorar, dando o nosso melhor”, frisa, assumindo a equipa como “família”. “O ambiente é muito bom. Toda a gente gosta de estar aqui”, afirma. 

Já Inês foi desafiada pelo pai e, para além de aprender a jogar, ganhou amizades para a vida. “Adoro isto. Elas são todas minhas irmãs”, afirma. 

A ADB não ficou só com o futebol e o voleibol e, mais recentemente, criou uma equipa de futebol feminino (benjamins) e uma equipa de atletismo, através de uma parceria com o atleta Hélio Gomes. “Abrimos portas a novas modalidades porque queremos ser um clube atlético e, para o futuro, temos mais algumas na calha”, revelou Aníbal Queirós, acrescentando que “está a correr bem”. “O futebol feminino está a correr bem, e surgiu por uma necessidade de existirem cada vez mais miúdas a querer jogar futebol. A equipa está numa competição diferente porque não existe um campeonato para o futebol feminino. Fazemos jogos amigáveis com outras equipas”, especificou, acrescentando que, no que toca ao atletismo, “a equipa de seis meninas já conquistou alguns prémios em provas”. 

Sobre o feedback da comunidade, o presidente garante que a Associação é “viva e dinâmica” e acolhe crianças e jovens do distrito de Viana do Castelo e dos concelhos de Barcelos e de Esposende. “Fizemos uma caderneta de cromos com 370 cromos. Se tirarmos os 40 que são publicidade, os restantes são das pessoas envolvidas. E, portanto, somos uma associação viva que quer dar sustentabilidade àquilo que temos e fazer crescer as novas modalidades”, acrescentou.

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