Azáfama do início do dia, gritos estridentes que se prolongam pelo dia, correria desenfreada nos corredores. Comportamento que se estende do toque até ao interior da sala.
Constantemente a chamada de atenção para a escuta ativa, para os comportamentos e regras dentro da sala de aula necessários a um bom ambiente de aprendizagem; para o respeito e importância do conhecimento na vida de cada um.
A escola é consciente de que tem como tarefa principal formar alunos na sua dimensão intelectual, sem desprover a formação social, ética e moral. A escola não pode ocupar o papel da creche, nem o professor a de um psicólogo ou um assistente social.
Todos sabemos que os professores acabam por desempenhar várias funções, no entanto, devemos ser conscientes de qual é a sua principal função. Transmitir conhecimentos, preparar alunos para o mercado de trabalho, transmitir-lhes uma cultura e proporcionar-lhes uma ideia da ordem social, porque a escola é a primeira instituição com a qual as crianças se deparam, e é importante que vejam que há algumas regras, que o professor é a autoridade e que é preciso respeitar tanto ele como os colegas.
Inger Enkvist, reconhecida pedagoga sueca, traz até nós ideias que classificamos da escola tradicional. Para aprender a escrever, uma criança precisa sentar-se bem, olhar para a frente, ter lápis e papel, concentrar-se. Aprender pode ser um prazer, mas, insiste, exige um esforço e um trabalho. É preciso dizer isso às crianças. Caso não façamos isto, estamos a enganar as nossas crianças e jovens. Tocar violino, por exemplo, não é fácil. Exige muita prática. Já o psicólogo sueco Anders Ericsson nos demonstrou com vários estudos que é necessário um esforço prolongado para melhorar em algo.
Dá a sensação que vendemos sonhos fáceis às nossas crianças e jovens, numa tentativa de os fazer sentir menos dificuldades do que aquelas que foram as nossas, e no meio deste processo de projeção e ação, estamos a inutilizar a vida dos que serão o futuro. Não os ensinamos a respeitar a figura da autoridade, a ter gosto pelo conhecimento, pelo pensar, pela construção de saber e contributo numa sociedade melhor para todos, mais justa e equitativa.
Não ensinamos às nossas crianças que só pelo conhecimento se podem quebrar circuitos de pobreza e exclusão.
A escola é um lugar para aprender a pensar sobre os dados e a informação recebida. Não podemos pensar sem pensar em algo. Sem dados e informação não há base para começar a pensar, então, não nos iludamos que alguém vai aprender sem antes conhecer.
Concentremo-nos mais em dar momentos de silêncio, quietude, tranquilidade às nossas crianças e jovens; momentos de diversão e alegria natural sem ser imposta por uma qualquer animação sem lógica; para pensar o cérebro deve estar preparado a parar para refletir, saber reagir a estímulos diferenciados.
Não podemos continuar a perguntar ao João como reagia o Povo às invasões e o João levantar-se numa dança desenfreada, com gestos que não compreendemos e que quando o questionámos no meio da gargalhada geral da turma, todos respondem: é a reação do “tik-tok”. Desde quando produzimos conhecimento desta forma?
A campainha toca para sair. A aula terminou. E o António ainda não se sentou, a Maria continua a conversar com a Teresa e o João na sua dança desenfreada.
É impossível aprender bem sem que haja ordem na sala de aula. Essa é a base principal: comportamento, leitura e avaliação pelo conhecimento. Não devemos menosprezar a importância em si da vida intelectual do aluno. E os alunos que querem aprender estão a perder-se entre a azáfama e reboliço desde o toque da entrada ao toque de saída.
Sejamos conscientes da escola que estamos a construir!