Memória agradecida: Ricardo Sousa, diretor do Colégio do Minho

Conheci o D. Anacleto apenas quando este foi nomeado Bispo de Viana. Até então, talvez tivesse lido algo da sua autoria, mas não tenho grandes memórias disso. A primeira vez que estive com ele, pessoalmente, foi numa passagem repentina pelo Colégio, antes mesmo de ele tomar posse. Pelo que percebi, na sua passagem de uns parcos minutos acompanhado pelo D. José, estava a fazer uma primeira visita à Diocese. Entrou pelo Colégio adentro com um sorriso rasgado e, depois dos cumprimentos e das apresentações, concluiu dizendo que, certamente, nos iríamos encontrar algumas vezes… após a sua tomada de posse, pedi-lhe uma audiência e reunimos uns dias depois, numa das salas do Centro Pastoral Paulo VI. Nesse encontro de longos minutos, falámos do nosso Colégio, dos projetos que estavam em curso e dos planos futuros. D. Anacleto ouvia muito atentamente e, de quando em quando, dava uma achega; recordo as palavras finais que, em jeito de conclusão, aprovavam os planos que tinha apresentado naquela longa audiência… “muito bem, rapaz…”. Depois desta primeira audiência, muitas outras se seguiram… Dava a sua opinião, era sincero, direto e, quando terminava a audiência, os assuntos estavam arrumados. Nunca saí de lá com incertezas. 

Tive também o prazer de o acompanhar em várias visitas pastorais… longas viagens em que falávamos do nosso Colégio, da Diocese, do seu percurso académico e da sua longa experiência de vida. Foi numa destas viagens que falámos, pela primeira vez, da possibilidade de abrir um Colégio em Monção, no antigo Seminário. Naquela altura…um sonho, hoje…uma realidade…

D. Anacleto sempre demonstrou um carinho especial pelo Colégio, pelos seus alunos, professores e colaboradores. Tinha um jeito único para as crianças, ponha-os à vontade e, nas nossas celebrações, conseguia captar a atenção de todos. Marcou sempre presença no dia do Colégio e nunca negava um convite, desde que a agenda o permitisse. Era um Bispo disponível, amigo, afável e fiel. Nunca o encontrei maldisposto, via-o sempre com um sorriso nos lábios, um homem inteligente, muito humilde e amante das coisas simples… tanto dava uma palestra em ambiente académico, como conversava com o mais simples ser humano que lhe aparecesse. 

Partiu para junto do Pai de forma inesperada, mas deixou-nos o seu legado de humildade e amor. Um bom coração e um bom pastor que deixará saudades ao seu rebanho…