O ambiente social e político global que vivemos desafia a nossa boa vontade e até a nossa compreensão pessoal, dada a complexidade que encerra. Há alguns problemas que saltam à vista numa abordagem lógica despretensiosa e simples. Importa que nos alinhemos em princípios basilares sem os quais dificilmente convivemos nesta terra comum, o nosso planeta.
Todos somos iguais em direitos e deveres, o que nos torna depositários de um comportamento digno, sejamos mulheres ou homens, de outra cor ou brancos, idosos ou jovens, adultos ou adolescentes, crianças ou muito avançados na idade. A igualdade é um princípio fundamental para as nossas relações: importa respeitar todas as pessoas, sejam elas ou não coincidentes com o nosso pensar ou com as nossas ideias pessoais.
Somos seres humanos: esta igualdade de base retira a possibilidade de tirania, quer sejamos ricos, muito ricos, pobres, muito pobres ou muito necessitados. Numa sociedade plural, onde todos vivemos, temos de aceitar que o que fazemos deva considerar que outros possam fazer de outra forma e até com mais resultado. Isto é aceitar a igualdade plural. Os resultados benéficos nem sempre estão na mão dos mais ricos e os pobres, e até os indigentes, podem ter ideias e resultados que a todos enriquecem. A igualdade plural é muito criadora, construtora e benfazeja.
A nossa igualdade é livre no sentido que podemos pensar diferente, ansiar de formas diversas e agir em conformidade com o que queremos, pois o que fazemos vai dizendo silenciosamente o que cada um é. Todos somos livres no nosso país, embora pertencendo a uma geografia e formando cidades, vilas, aldeias. Em muitas zonas do globo esta coordenada não é respeitada e assumida por todos, pois o autoritarismo de alguns impõe o seguimento cego de outros ou de muitos.
Há sessenta anos não era assim entre nós; a Revolução dos Cravos (em 25 de abril de 1974) abriu-nos as portas da liberdade, escolhendo o regime em que queremos viver. A liberdade não é uma realidade absoluta, pois vivemos uns com os outros, devendo respeitar regras que escolhemos, participando nas decisões.
Todo o clã, o grupo, a família, a empresa, o núcleo de trabalho, o País, o Continente a que pertencemos ditam-nos regras, que convém aceitar. A nossa liberdade é comunitária. Para dela viver e usufruir sempre, devemos aceitar e viver segundo regras que assumimos, para que a vida, mais solipsista ou mais comum e dialogante, seja possível.
É possível viver fora da realidade, o que acarreta malefícios que só mais tarde verificaremos. Se desejamos outras regras, podemos em atos eleitorais procurá-las. O que é certo é que teremos sempre de respeitar o que elegemos, sentindo-nos mais nós mesmos, exercendo nossas vontades. Seja num clã, seja num grupo de trabalho encontramos regras que livremente assumimos, pois escolhemos esse grupo para viver e dele necessitamos. A vida pessoal tem forçosamente necessidade de muitas outras individualidades, o que confirma a dimensão societária da liberdade ou a sua dimensão comunitária nos seus mais variados níveis: “A nossa objetividade depende da subjetividade de outros” (Timothy Snyder, Da Liberdade, 23).
Cada um assuma a sua liberdade circunstanciada!
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