O início do ano, no Alto Minho, ficou marcado pelo mau tempo, especialmente, na manhã do dia 8, entre as 7h e as 9h, descrita como “caótica”. O distrito estava, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), sob aviso laranja devido ao vento, chuva, e agitação marítima, e registaram-se 72 ocorrências. Uns apontam para a intensificação de fenómenos climáticos extremos devido às alterações climáticas, mas será a única causa? Não há nada, a nível estrutural, que se possa fazer para mitigar estes acontecimentos?
Viana do Castelo foi, de acordo com os dados da Proteção Civil, o Município mais afetado com 44 ocorrências. Estradas, ruas, casas e edifícios públicos sofreram inundações. O trânsito ficou condicionado com automóveis submersos em alguns viadutos. A atividade programada no hospital ficou condicionada, principalmente, ao nível de cirurgia de ambulatório. Quatro pavilhões desportivos tiveram problemas de infiltração de água. A Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico e duas escolas (Secundária de Santa Maria Maior e EB 2,3 Frei Bartolomeu dos Mártires) fecharam. O interface ficou inundado e o centro comercial Estação Viana Shopping teve zonas alagadas.
O segundo concelho mais afetado foi Caminha com 11 ocorrências, seguindo-se Ponte de Lima com oito, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca com duas, e Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira com uma. E, no total, estiveram envolvidos 171 operacionais e 74 veículos.
Marco Domingues, Comandante Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Minho, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, confirma que “cada vez mais” existem fenómenos “complexos” de situações meteorológicas “adversas”. “Durante o período de precipitação intensa, não se vai conseguir mitigar no imediato da forma mais adequada se as infraestruturas não estiverem bem preparadas”, alertou, acrescentando: “Do ponto de vista arquitetónico, poderemos ter esse problema porque vimos de uma era de estabilização de chuva, em que as estruturas estão preparadas para a chuva do Minho numa determinada dinâmica. Atualmente, essas mesmas dinâmicas estão a ser alteradas. Tudo isto requer tempo de readaptação.”
Por outro lado, Marco Domingues sublinha que “os cidadãos devem estar despertos aos riscos”, esclarecendo que, em algumas das situações, “o sistema só funcionará quando a situação meteorológica permitir que as operações de socorro tenham condições para se desenvolver”.
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