In memoriam: Cónego José Marques e Pe. Domingos Carneiro

Naturalmente que ao ver, agora nas redes sociais, a partida para o outro lado da vida de amigos ou conhecidos, sobretudo sacerdotes, fico triste, muito triste por não poder estar na última homenagem, a rezar cantando Laudes ou Vésperas e a dizer com a minha presença que não foi um qualquer que partiu, foi um amigo.

Notícias de Viana
11 Fev. 2021 3 mins
In memoriam: Cónego José Marques e Pe. Domingos Carneiro

São dois sacerdotes da Diocese de Braga, mas muito ligados à nossa Diocese, um pela origem, outro porque trabalhou por cá, concretamente em Rio-Frio, nos Arcos.

Vamos aos factos.

O Pe. Domingos Carneiro, oriundo duma família em que, pelo menos, mais um irmão de sangue era sacerdote, o Pe. José Carneiro, que nos anos cinquenta esteve em Cunha e Agualonga, em Paredes de Coura.

O Pe. Domingos, conheci-o em Famalicão, na Paróquia de Ruivães, onde era Pároco e ali esteve até dezembro de 2020. Era um sacerdote alegre comunicativo, amigo do seu amigo. Lembro-me de um gesto dele num Domingo da Quaresma, em que se realizava a Procissão de Passos em Ruivães e eu era o pregador convidado. Como tínhamos uma viagem preparada para passar uns dias em terras transmontanas, carreguei os três colegas do costume, que aguardariam pelo fim das funções religiosas, para depois partirmos rumo a Balsemão, o convento que nos acolheria.

Era já fim da tarde, mas o Pe. Domingos requisitou a bondade da cozinheira do Centro Paroquial que, em três tempos, preparou frugal ceia para os viandantes sacerdotais. São gestos simples que não esquecem. Era uma maravilha ver este homem no diálogo com todos, discreto, amigo, desde os adultos às crianças, para que tudo corresse com alinho, postura e devoção, na longa e morosa procissão. 

No final diziam sempre:

Equipa ganhadora não se muda – na próxima cá estarás. 

Descansa em paz, Pe. Domingos Carneiro!

O Cónego José Marques foi meu superior e professor, no quinto ano e formador na Teologia, fazendo equipa com o saudoso e amigo Pe. Cachadinha.

Era um homem simples e bom. 

Sendo de Melgaço, acompanhava a Equipa Camões dos Escuteiros, que acampávamos em Âncora, e alinhava connosco, não como superior, mas como amigo.

Sempre que nos via, já homens padres, a saudação era franca e amiga e usava a expressão:

– Então como vão os nossos nortistas?

Ouvi-o, numa homenagem ao Pe. Bernardo Pintor, Pároco saudoso de Riba de Mouro, em Monção, e obreiro do Igreja Nova, percorrendo as edições do jornal que fundara o Pe. Bernardo e fazendo análise do bem, não apenas histórico, nem sociológico, mas de apostolado, que o referido jornal fez.

Teve um percurso académico muito semelhante ao do pequeno-grande homem que foi o fundador da Senhora da Paz em Ponte da Barca, o Doutor Avelino de Jesus Costa.

Pela sua amizade, pelo seu aprumo sacerdotal, pelo seu bom exemplo, pela saudade que me deixa, uma prece para os dois:que descansem em paz!

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