Diálogo: de escuta em escuta, caminho para a contemplação!

Um novo início, neste mês, apesar das chuvas, ventos e neve, o frio e o sol à espreita, avizinha-se uma nova primavera nas nossas vidas. É tempo de Quaresma, é tempo de conversão, de deixar que o coração recomece e se deixe entrar em processo de reconstrução, como quem prepara o que é central e […]

Notícias de Viana
8 Mar. 2024 4 mins
Irmã Isabel

Um novo início, neste mês, apesar das chuvas, ventos e neve, o frio e o sol à espreita, avizinha-se uma nova primavera nas nossas vidas. É tempo de Quaresma, é tempo de conversão, de deixar que o coração recomece e se deixe entrar em processo de reconstrução, como quem prepara o que é central e essencial e, que não poucas vezes, se nos escapa a simples vista.

E, claro, vem-me à mente uma palavra com um significado profundo se tivermos presente um olhar novo, capaz de nos deixarmos embalar pela profundidade e não formos tentados a ficar à crista da onda… Diálogo!

Esta palavrinha, e deixem a que deste modo me refira a ela, encerra em si mesma um caminho repleto de beleza e leva-nos ao encontro com os outros, retirando-nos do fechamento e dos monólogos nos quais apenas é possível ouvir o eco daquilo que cada um diz dentro de si mesmo.

Quem dera que fosse possível abrir a porta da nossa vida, abrindo-nos ao diálogo sincero, transparente, com os outros que vivem ao nosso redor, e encetar caminhos novos, caminhos inovadores, empreendendo e construindo ou reconstruindo a fraternidade esquecida!

E, se calhar, os mais pragmáticos estarão a franzir o sobrolho, inquietos. Afinal, parece mais eficaz que cada um pense por si e faça avançar a ciência, o próprio tempo e as suas invenções, sem perder oportunidades em diálogos que podem acarretar desafios, conflitos e caminhos não controláveis. E, ora aí está o caminho daqueles que querem controlar tudo e fazer girar a vida ao seu redor, ao tom e som da sua música, e que ouvem, mas não escutam. Se calhar, nem a si mesmos se escutam!

Não posso deixar de afirmar que o diálogo implica a escuta e, certamente, de escuta em escuta se abre caminho à contemplação!

E, nem de propósito, recordo as palavras de santa Teresa de Ávila “A meu ver, a oração não é outra coisa senão tratar de amizade com Aquele que sabemos que nos ama, e estar muitas vezes conversando a sós com Ele”. Neste sentido, uma boa conversa implica mais que uma pessoa, capacidade de escuta, desejo de aprender com o outro e com as experiências que ele partilha e que são sempre diferentes das minhas, procurar compreender a outra pessoa no que diz, pois também se diz a ela própria no que partilha, permanecer atento e presente. Tenho a impressão de que são demasiados para o presente em que vivemos… Senão vejamos: andamos sempre a correr, com mil tarefas, agendas muito cheias, sem tempo para parar e escutar! Sem ir mais longe, o diálogo clama por presença e atenção. Se preferirmos, é preciso travar e fazer stop!

Estarei disposto a parar?

Estarei disponível para escutar de modo ativo o outro?

Quero dispor-me para permanecer atento aos sinais que o outro me vai dando, ficar atento e escutá-lo com interesse?

E, se… fizéssemos a experiência com a família… e, quem sabe, com “Aquele que sabemos que nos ama”?

Somos desafiados a falar uns com os outros, mas não em monólogo, como se tivéssemos sempre razão e algo para contestar ou responder à outra pessoa, quando apenas partilha connosco uma determinada experiência.

Se calhar precisamos de trabalhar valores, a escuta, mas também a empatia e a humildade…

Se calhar, então seria possível encetar este caminho – Diálogo: de escuta em escuta, caminho para a contemplação!

E, se nos deixássemos desafiar e viver esta experiência em tempo de Quaresma?

E, se nos deixássemos embalar por aquele pedido: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lucas 11,1). E se fosse o desafio ao qual nos convida o papa Francisco para viver o Ano da Oração em preparação para o Jubileu 2025?! Esta pode ser a nossa oportunidade, porque este é o tempo favorável!

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