Cidade(s) do futuro, mas… e as zonas rurais?!

Fernando Martins
16 Mai. 2025 4 mins

Para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius, os países signatários do Acordo de Paris comprometeram-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa, o que implica apostar na transição e eficiência energética e na mobilidade sustentável, procurando fontes de energia mais limpas.

De acordo com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica (RNC2050), Portugal terá de reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa em mais de 85%, relativamente a 2005, para atingir a neutralidade carbónica, sendo possível atingir este objetivo com efeitos positivos na economia e no nível de empregabilidade.

Não estará na hora dos concelhos “rurais” apostarem forte na captação de emprego e fixação de pessoas na regiões rurais ou de baixa densidade populacional?

Em Portugal, a estimativa da APREN aponta para a criação de cerca de 116 mil novos empregos nos próximos 5 anos, nos setores da energia renovável, aos quais devemos acrescentar os transportes, edifícios, indústria, agricultura, resíduos e floresta, sem esquecer a requalificação e a formação profissional. Atualmente, é a indústria de painéis solares que mais recruta profissionais em Portugal.

A criação de emprego, embora dependente de investimento estrangeiro, distribuir-se-á pelos seguintes setores:

Energias Renováveis

A engenharia destaca-se setor das energias renováveis. O desenvolvimento e instalação de sistemas de energia solar, eólica, geotérmica ou da biomassa; o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia; o desenvolvimento e operação de sistemas elétricos inteligentes (as chamadas redes inteligentes).

Transportes

No setor dos transportes, será fundamental: a construção, renovação e eletrificação da ferrovia, bem como a construção de novas paragens e apeadeiros; postos de abastecimento para carros elétricos e ciclovias; o fabrico de bicicletas, locomotivas elétricas e autocarros elétricos; a manutenção e prestação dos serviços de transporte público (aumentando a necessidade de  condutores, inspetores, mecânicos e administradores).

Edifícios

No setor dos edifícios, a engenharia civil e a construção civil vão ser necessárias para o desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras e eficientes de construção, como a impressão 3D, e para a construção ou reciclagem de edifícios que minimizem o uso de energia. Serão ainda necessários projetistas e pessoal técnico para a gestão e fiscalização de obras.

Indústria

No setor da indústria, é possível criar empregos para: fabrico e instalação de máquinas industriais elétricas; elaboração de projetos de adaptação da indústria; gestão, inspeção e fiscalização.

Agricultura

Aliado ao setor da alimentação, o setor agrícola poderá evoluir da seguinte forma: mão-de-obra nas práticas agroecológicas; projetos-piloto em agricultura biológica, agricultura urbana, agroecologia e agrofloresta; certificação e controlo de práticas; nutrição e cozinha vegetariana ou macrobiótica; aproveitamento do desperdício alimentar.

Resíduos e Economia Circular

Neste setor, haverá espaço para: a conceção e o design de produtos (como embalagens, eletrodomésticos e vestuário), aliado à área da investigação e do desenvolvimento; a gestão de procura e compras; a reparação; a recolha dos resíduos e do lixo; a compostagem municipal e reciclagem.

Floresta

A gestão florestal assume especial relevância, sendo que as medidas de criação de emprego podem passar pela realização de cadastro florestal, pela contratação de mais vigilantes da natureza e guardas florestais e pelo reforço do combate aos incêndios, através da contratação de bombeiros profissionais.

Transversal a todos os setores será, por fim, a criação de postos de trabalho de assistência técnica: técnicos de serralharia, eletrónica, eletricidade, informática e química; técnicos de energia eólica e solar, de climatização e refrigeração e de baterias; e técnicos de segurança e saúde no trabalho.

Precisamos urgentemente de dinamizar as economias locais, mas para isso é necessário o envolvimento e empenho das autarquias e de politicas que atraiam o investimento tecnológico.

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