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Andebol tem de ser repensado. O caso da Associação Desportiva Afifense

Portugal deslumbrou e fez história no Mundial de Andebol de 2025. No Alto Minho, há três clubes que praticam a modalidade. O Notícias de Viana conversou com o mais antigo e que tem a única equipa sénior no distrito: a Associação Desportiva Afifense.

Micaela Barbosa
21 Mar. 2025 6 mins

Ricardo Fão é capitão da equipa sénior de andebol. Tinha seis anos quando entrou na Associação Desportiva Afifense para experimentar a modalidade de “eleição” e pela qual é “apaixonado”. “O andebol é uma modalidade que promove a inclusão. Todos têm lugar nas várias posições”, afirmou, sublinhando os valores que são transmitidos, como o respeito e o trabalho em equipa.

Segundo José Luís Cruz, presidente da Associação Desportiva Afifense, o andebol foi, “durante muitos anos”, a segunda maior modalidade. “É uma modalidade que tem crescido e, com o Mundial, penso que terá outra visibilidade. Pelo menos, é essa a minha expectativa para que as crianças e os jovens a vejam como uma opção para além do futebol”, confidenciou, considerando ser “importante” uma reflexão ao nível da Federação de Andebol para divulgar a modalidade e apoiar os clubes a vários níveis.

Também para o capitão, o que a seleção nacional de andebol conquistou no Mundial é um “feito grande”. Ainda assim, e principalmente a nível distrital, “ainda há muito para crescer”. “É necessário que se acompanhe as equipas distritais, motivando-as e ajudando-as a chegar aos miúdos para ingressarem no andebol”, defendeu.

Com a mesma visão, o treinador Carlos Galambas reconhece a evolução da modalidade, quer ao nível tático, porque “é mais rápido e espetacular”, quer ao nível mais logístico, em que “tudo é diferente”, desde o piso, as bolas, o equipamento e as sapatilhas. “Hoje, Portugal luta para as medalhas. É uma grande evolução, mas ela também é feita a partir dos clubes. Mas, infelizmente, ainda se fala de clubes ligados ao futebol”, lamentou, reforçando: “Ainda não se olha para o desporto-andebol da mesma maneira que se vê o futebol, isto porque ainda há muita gente que quer que o filho vá para o futebol, não só para ser o próximo Cristiano Ronaldo, mas porque irá ganhar muito dinheiro. E, no andebol, para se ganhar dinheiro, tem de se jogar ao mais alto nível.”

Em Afife, a realidade é outra. Enquanto alguns jogadores, ao estudar, conseguem jogar num clube maior e se destacam, os melhores, fogem. Aqui joga-se, sobretudo, por “carolice”. “Os jogadores trabalham. Ao final do dia, não têm cabeça para treinar, ou chegam chateados, ou faltam ao treino, quando o seu clube joga futebol. Ou seja, temos de fazer trinta-por-uma-linha para que eles venham treinar”, disse, defendendo, enquanto pai, que se deve olhar para os filhos e incentivá-los à prática do desporto, independentemente da modalidade.

Aliado a esta realidade, Carlos Galambas considera que há uma “discrepância” na mesma divisão entre equipas/clubes. “Uma equipa com um orçamento de 30 mil euros consegue fazer muito mais que uma equipa com um baixo orçamento. Se a Associação disponibilizasse 50 mil euros, subiria de divisão, porque contrataria jogadores e pagar-lhes-ia. Eles viriam para jogar. Aqui, temos de incentivá-los a praticar desporto, depois, a inseri-los na modalidade, deixando o gosto”, exemplificou.

Para o treinador, a Federação tem de olhar para estes clubes porque é deles que, “muitas vezes”, nascem “os bons” jogador

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