Caminha, A Guarda e O Rosal deram um passo decisivo para a criação formal da eurocidade da Foz do Minho, após a aprovação de uma candidatura a fundos transfronteiriços do programa Interreg (POCTEP), no valor de mais de 563 mil euros. O projeto pretende estruturar a governação conjunta dos três concelhos e reforçar a cooperação económica, social e cultural entre Portugal e a Galiza.
A presidente da Câmara de Caminha, Liliana Silva, sublinha que a candidatura permitirá “construir uma verdadeira eurocidade”, assente no reforço das trocas comerciais, culturais e sociais, na criação do Cartão do Eurocidadão e na afirmação de uma identidade transfronteiriça comum.
A mobilidade entre as duas margens do rio Minho é um dos eixos centrais do projeto. A autarca confirmou que está a ser preparada a retoma da ligação fluvial entre Caminha e A Guarda já no verão de 2026, através de uma embarcação de baixo calado, com capacidade para cerca de 50 a 60 passageiros.
O histórico ferry Santa Rita de Cássia, parado desde 2020, não deverá regressar a curto prazo, dado que a sua reparação está orçada em cerca de 1,2 milhões de euros. Entretanto, o município de Caminha prevê investir entre 30 e 40 mil euros na reparação do pontão e na remoção de areias junto ao cais, garantindo as condições para uma solução alternativa.
Do lado galego, os autarcas de O Rosal e A Guarda consideram que a aprovação da candidatura representa um momento decisivo para formalizar uma cooperação que já existe no quotidiano das populações. Roberto Carrero, presidente da Câmara de A Guarda, fala mesmo num “momento histórico”, defendendo que o financiamento europeu permitirá desenvolver uma agenda cultural e turística conjunta.
Além da ligação fluvial, está também em curso o processo para a criação de uma ligação rodoviária permanente entre Portugal e Espanha nesta zona, com estudos técnicos a serem preparados pela Infraestruturas de Portugal, num horizonte de médio prazo.
Apesar da eliminação das fronteiras físicas, os responsáveis autárquicos defendem que é essencial aprofundar a coordenação institucional, garantindo igualdade de oportunidades, melhores serviços públicos e maior atratividade económica num território onde, historicamente, “o rio sempre foi um elemento de ligação e não uma fronteira”.
c/ Lusa
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