Alguns Centros Paroquiais adiam reabertura das creches

Alguns Centros Sociais Paroquiais vão ter novo problema – bastante complexo – para resolver, depois de se terem reorganizado para encontrar soluções para não interromper o indispensável apoio a um grande numero de idosos. É que, no final da semana passada, a Direção Geral de Saúde (DGS) deu a conhecer as principais medidas que permitirão a reabertura das creches no dia 18 de maio, embora não se trate ainda da versão final do Guia. O Governo, porém, faz depender esse objetivo da avaliação que fará sobre a primeira quinzena do estado de calamidade, com a assessoria das autoridades sanitárias.

Notícias de Viana
14 Mai. 2020 5 mins
Alguns Centros Paroquiais adiam reabertura das creches

Segundo profissionais da
área, algumas das medidas anunciadas já fazem parte dos planos de contingência
das creches, mas outras irão levantar bastantes questões de ordem prática,
embora reconheçam a necessidade imperiosa de salvaguardar a saúde das crianças.
Cuidados como uso de máscara pelos profissionais, não autorizar os pais a
entrar, um dispensador de desinfetante por sala, arejamento dos espaços sem
utilização de sistemas de recirculação de ar condicionado, mesas orientadas no
mesmo sentido como na escola, não permitir que as crianças partilhem brinquedos,
uma área de isolamento para casos suspeitos de Covid-19, sempre será possível
tomar, com mais ou menos esforço. O que condiciona muito a operacionalidade das
creches é o espaçamento de 2m entre crianças ao longo do dia, incluindo pausas
e espaços de refeição, medida que a própria DGS reconhece de não fácil implementação,
dadas as características das crianças e deste tipo de estabelecimento. Por
outro lado, berços, camas ou catres devem ser sempre utilizados pela mesma
criança e com espaçamento mínimo de 2m entre si, o que poucas creches estarão
em condições de cumprir sem reduzir drasticamente a lotação, pondo mesmo em
risco a sua viabilidade económica. Também vai ser necessário assegurar a
substituição dos funcionários que venham a ser suspeitos de infeção, como é
natural.

O Centro Social e
Paroquial de Campos, Arciprestado de Vila Nova de Cerveira, para além do
Serviço de Apoio Domiciliário, do Centro de Convívio e do Centro de Atividades
de Tempos Livres, tem uma creche com capacidade para 75 crianças com idades
compreendidas entre os 4 meses e os 3 anos de idade, operada por uma vintena de
funcionárias, num horário compreendido entre as 5h30 e as 19h00. O Pároco, Pe.
Eugénio Araújo, mantém-se em diálogo com a Segurança Social, que não adianta
mais orientações. Com a informação disponível, não autorizará a abertura da
creche na data adiantada pelo Governo; só o fará com mais certezas e “depois de
as medidas serem devidamente analisadas e avaliadas por especialistas. Mesmo
assim, tudo irá depender das decisões que os pais vierem a tomar”. Se até ao
fim do mês de maio não se encontrar a solução, ou o Ministério “obriga a
reabrir a creche do Centro Paroquial, ou pode cancelar o acordo”, que é um
cenário que acha que não deve ser descurado. “Neste momento, os pais das
crianças estão a pagar apenas 10% da mensalidade para despesas de manutenção,
mas isto é apenas simbólico, claro”. No caso de a valência Creche se manter com
menos lotação, vai ser incontornável rever os valores do acordo com o Estado.
Entretanto, foi informado que a Segurança Social estaria a agendar testes à
Covid-19 para os funcionários, o que ainda não aconteceu.

Já no Arciprestado de
Viana do Castelo, o Centro Social e Paroquial de Vila Nova de Anha manterá a
creche fechada até 1 de junho. O Pároco, Pe. Alfredo Sousa, falou “com os pais
e eles concordaram em não trazer os filhos antes disso”. Por outro lado, a
adaptação é muito difícil nalguns aspetos, apesar da reorganização em que já
estão a trabalhar. “Há coisas que não sei como vamos fazer: a creche é um lugar
de afetos; como é que as colaboradoras vão estar distanciadas das crianças e
até elas próprias umas das outras?”, desabafa. Antecipa um momento inicial de
negação, até porque as crianças têm muitas saudades umas das outras e das
funcionárias, que não vão reconhecer com as máscaras na cara. Além disso, as
funcionárias (que irão ser testadas à Covid-19 por iniciativa da Segurança
Social) “vão e vêm todos os dias, os pais também vêm do trabalho buscar os
filhos, e não vamos saber se estão infetados; isto para além dos assintomáticos”.
Para lá da Creche, o Centro Social e Paroquial de Vila Nova de Anha tem outras
valências: Estrutura Residencial para Idosos, Centro de Dia, Serviço de Apoio
Domiciliário, Atividades de Tempos Livres, Piscina, Departamento Cultural e
Recreativo e Gabinete de Inserção Profissional.

Por seu turno, o Pe.
Manuel Almeida, Pároco de Fornelos, Arciprestado de Ponte de Lima, e Presidente
do Centro Paroquial e Social local, declara que “só deitando o edifício abaixo
e construindo outro é que se pode cumprir as orientações”. Não vê, portanto,
quaisquer hipóteses de reabrir a creche no prazo anunciado: “Não há condições.
As instruções mais determinantes são por m2 e nós não temos espaço
para isso! O protocolo foi revisto há pouco tempo e foram aumentados 3 lugares,
o que acabou por piorar a situação.” Apesar de todos os condicionalismos,
assegura qua a reabertura irá depender dos pais. Por outro lado, afirma que
“uma creche é uma resposta social que dá sempre prejuízo: as mensalidades são
calculadas com base no IRS dos pais, portanto são baixas, e a comparticipação
da Segurança Social não paga o resto. Temos 2 educadoras e duas auxiliares por
sala; são 3 salas. A essas 6, há que juntar mais uma auxiliar de serviços
gerais. É impossível dar!…”. Quanto à Covid-19, informa que as funcionárias
irão ser sujeitas a testes a expensas da Segurança Social. O Centro Paroquial e
Social de Fornelos conta, também, com um Lar de Idosos, um Centro de Dia e um
Serviço de Apoio Domiciliário.

Tags Diocese

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