Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e Ponte de Lima foram os três últimos Arciprestados a acolher os Símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) antes do seu regresso a Viana do Castelo para o encerramento e passagem para a Arquidiocese de Braga.
“Quando me apercebi que eram muitos os que queriam tocar e passar a Cruz”
A entrega dos Símbolos ao Arciprestado de Arcos de Valdevez fez-se no fim da tarde do dia 16 de janeiro, no Santuário de Nossa Senhora da Peneda, pelos jovens do Arciprestado de Melgaço, tendo os Símbolos aí pernoitado. No dia seguinte, estava previsto os alunos das escolas de Sabadim e de Távora dirigirem-se ao Santuário para venerar e acompanhar os Símbolos até à escola EB2,3/S de Arcos de Valdevez. Tal não foi possível devido às condições climatéricas adversas que se fizeram sentir nesse dia. Contudo, os alunos juntaram-se na escola sede, onde receberam os Símbolos com muita alegria, entre poemas, danças e cânticos, que os professores de Música e de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) tão bem ajudaram a preparar. Ouviu-se o Hino da JMJ Lisboa 2023 muito bem interpretado pelos alunos do ensino articulado da música. O Bispo D. João Lavrador esteve presente e abordou a JMJ em breves palavras, salientando a necessidade de acolher os jovens que virão de variados países do mundo e os Símbolos que o Santo Papa João Paulo II entregou aos jovens, como símbolo da paz e do amor. Reforçou ainda que, apesar de a organização da JMJ ser católica, ela acolhe os jovens de diversas religiões, ou seja, os Símbolos são de todos os povos do mundo.
Carregados pelos jovens, os Símbolos peregrinaram até à escola profissional Epralima, onde eram aguardados por alunos, professores e funcionários. Dali seguiram pelas ruas da vila até ao campo de futebol da Associação Criativa e Cultural de Guilhadeses, seguindo para o Clube Atlético dos Arcos. Nestas paragens, foram feitos pequenos momentos de oração.
À noite, os Símbolos foram recebidos no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez pelos soldados da paz, que os carregaram até à igreja matriz. Aí, realizou-se a Celebração da Bênção dos Capacetes, presidida pelo Pe. Aventino. Esta celebração por si já é muito bonita, mas tornou-se ainda mais especial pela presença da Cruz Peregrina e do Ícone de Nossa Senhora, símbolos que já percorram 90 países e foram tocados por três Papas. Foi com este momento único e muito emotivo que terminou o primeiro dia de peregrinação dos Símbolos.
No dia 18, a caminhada dos Símbolos começou pelo mercado municipal, onde foram recebidos com grande alegria e animação ao toque das concertinas. Os presentes dançaram e cantaram quadras preparadas para o momento, à volta dos Símbolos. Foi um belo momento de veneração e de oração, pois as pessoas também aproveitaram para rezar.
Seguidamente, os Símbolos foram acolhidos pela GNR, nas suas instalações, com uma celebração. Por volta do meio-dia, estiveram expostos na Praça do Município, onde funcionários da edilidade, Conservatória do Registo Civil, Tribunal, Caixa Geral de Depósitos, entre outras pessoas que por ali passavam, puderam fazer o seu momento de oração. De tarde, passaram pela instituição da Santa Casa da Misericórdia, peregrinando pelas várias valências e pelo Lar do Centro Paroquial e Social de Rio Frio.
À noite foi o cume da visita dos Símbolos da JMJ, com a celebração arciprestal no Centro de Exposições. Realizou-se uma Via Sacra em que os presentes tocaram, carregaram e abraçaram com alegria os Símbolos ao longo das estações. Os textos e os cânticos ajudaram a vivenciar um momento de profunda oração. Foi um verdadeiro testemunho de fé e evangelização. Os jovens foram protagonistas, como o Papa Francisco lhes pediu, indo ao encontro dos outros para os envolver e acolher na celebração. Houve um verdadeiro encontro de amor com Jesus Cristo pela união de todos os presentes, que vivenciaram este momento com muita alegria, respeito e fé. Foi um momento muito forte, pois tocou o coração de muitos jovens, mostrando-lhes que têm de ser jovens mais comprometidos nas suas Paróquias. E, neste fim de semana, já se viu isso: jovens a pedir para serem acólitos e a quererem integrar-se em Grupos de Jovens. Os Símbolos trouxeram esperança ao Arciprestado.
No último dia, os Símbolos foram acolhidos pelos Centros Paroquiais e Sociais de Guilhadeses, S. Jorge, Vale e Grade. Foram recebidos pelos mais velhos, que se emocionaram muito por os Símbolos irem ao encontro deles. Devido à pandemia, muitos utentes deixaram de ir à Missa. Esta celebração que fizeram na presença da Cruz e do Ícone de Maria ajudou-os a matar saudades e a sentir-se mais próximos do colo materno e do Amor fraterno de Deus.
No fim do dia, o Arciprestado de Arcos de Valdevez entregou os Símbolos ao Arciprestado de Ponte da Barca. Esta transmissão decorreu na ponte que une os dois concelhos, pelas mãos dos escuteiros de Arcos de Valdevez que entregaram os Símbolos aos escuteiros de Ponte da Barca. Terminou em grande este percurso pelas terras de Arcos de Valdevez.
O Pe. Aventino Freitas, responsável pelo Comité Organizador Arciprestal (COA) de Arcos de Valdevez, contou que “a peregrinação despertou um interesse em viver com um objetivo comum: construção de um mundo melhor e de paz”. “A Cruz representa este amor para todos”, afirmou, acrescentando que se vivem “tempos de fraternidade de inclusão”. “A Via Sacra acabou por revelar esta vontade quando me apercebi que eram muitos os que queriam tocar e passar a Cruz de estação para estação. Foi um grande momento”, salientou, confidenciando que espera que a JMJ seja um momento de reflexão para os jovens. “Espero que desperte os jovens para, reunidos em Grupos, poderem refletir sobre os problemas atuais do mundo e como poderiam dar o seu contributo para a construção de um mundo melhor”, reiterou, considerando: “Creio que o maior desafio será despertar neles a vontade de se integrar em Grupos para assim, em conjunto, refletir e projetar iniciativas que contribuam para uma mundo melhor e de paz.”
Já a jovem Diana Santos descreveu a peregrinação como “anúncio do Evangelho” nos diferentes locais, transmitindo valores como a “fraternidade, bem-fazer, união e encontro entre várias gerações”. “Espero da JMJ uma celebração viva de convivência, alegria, testemunho e partilha entre vários jovens, de várias nações e tradições, na mesma fé”, acrescentou.
Nancy assegurou que todas as pessoas que contactaram com os Símbolos ficaram contentes por poderem ver e tocar”. “Todas as instituições os acolheram de forma muito positiva, sendo que o Agrupamento de Escolas fez uma receção muito calorosa e que envolveu diferentes idades em prol desta visita”, referiu, destacando a Via Sacra. “Como membro do Grupo de Jovens Unidos por Cristo (Távora Santa Maria, Távora S. Vicente e Padreiro) participei nesta celebração através da dinamização dos cânticos, juntamente com o meu Grupo de Jovens. Foi o momento alto da peregrinação, pois foi uma celebração não só para jovens, mas para pessoas dos 8 aos 80 e na qual todos quiseram transportar e tocar estes Símbolos que representam a JMJ”, contou, acrescentando que espera da JMJ um momento “único”. “É a primeira vez que participo nas jornadas e também estou ansiosa para saber como vão decorrer. Espero que sejam um momento de convívio e confraternização entre diferentes nações e línguas, mas que no final todos estejam em sintonia pois demonstram a mesma fé”, confidenciou.
Esperemos que os jovens de Arcos de Valdevez “façam barulho” e aprendam a olhar para o horizonte com os “olhos do coração”, abrindo o coração a outras culturas, a outros jovens, como pediu o Papa Francisco e reforçou o Bispo D. João Lavrador, na sua passagem pelo Agrupamento de Escolas de Arcos de Valdevez. “E não se esqueçam: paredes não, horizontes sim”. (Papa Francisco)
Arciprestado de Arcos de Valdevez
A JMJ será “um encontro fraterno para deixar laços para o futuro”
No Arciprestado de Ponte da Barca, o Pe. Filipe Sá,Pároco e responsável pela Pastoral Juvenil, assegurou que a peregrinação dos Símbolos da JMJ foram “uma experiência enriquecedora”. “As comunidades e, sobretudo, as escolas puderam aderir, incentivando-as à participação na JMJ”, especificou, adiantando que têm 30 jovens inscritos. “Estamos a contar com mais alguns. Penso que a peregrinação dos Símbolos pelo Arciprestado foi o chamariz para mais alguns se inscreverem”, considerou, referindo que a JMJ será “um encontro fraterno para deixar laços para o futuro.”
Outro dos responsáveis do COA de Ponte da Barca é Óscar Sousa que se mostrou de “coração cheio” após a passagem dos Símbolos pelos Escuteiros para o Agrupamento de Escolas, onde é professor de EMRC. “Fui responsável por organizar a receção e foi fantástico ver a alegria dos alunos na chegada dos Símbolos à escola”, salientou, confidenciando “algum receio inicial” por se tratar de símbolos religiosos. “Eles foram acolhidos da forma mais genuína e alegre por parte de todos”, reiterou, acrescentando que seguiram para algumas instituições da vila. “Mostram uma grande energia, principalmente, a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, com os miúdos a tocar bombo.”
Da parte da tarde, segundo o professor, os Símbolos percorreram as diferentes aldeias. “Num dos lares, com a Cruz nas mãos, passámos junto aos utentes e, conforme nos íamos aproximando, as lágrimas escorriam, mostrando alegria e satisfação pelos Símbolos e por estarem junto deles”, especificou, revelando que o COA já realizou algumas atividades de preparação para a JMJ em 2022 e está a consolidar outras tantas para este ano. “Neste momento, estamos a organizarmo-nos para levar estes jovens a Lisboa”, referiu, informando: “Os jovens que participaram na celebração estão inscritos e continuamos a tentar inscrever mais. Vamos continuar a promover mais atividades para incentivar mais jovens.”
A JMJ é também uma novidade para Óscar Sousa, mas é com “entusiasmo” que ouve falar do evento que juntará milhares de jovens em Lisboa. “Ouço falar do entusiasmo e estou com a expectativa desse entusiasmo. Espero que seja um ponto de mudanças e uma nova forma de olhar para a realidade”, disse, garantindo: “De uma coisa tenho a certeza, a JMJ tem um impacto enorme nos jovens, porque se começa a ver o bichinho de querer participar.”
Gonçalo Gonçalves pertence à Paróquia S. João Batista e vai participar na JMJ como voluntário. “Estamos a participar nestas atividades que a Paróquia propõe como forma de preparação até à JMJ”, contou, admitindo que o único contacto que teve com a JMJ foi através de fotografias. “Espero que seja uma experiência única, porque nunca fiz nada do género. Acredito que seja a primeira vez para muitos jovens em Portugal, já que é a primeira vez que a JMJ se realiza cá. Para já, estou perfeitamente bem e estou feliz por participar na JMJ”, assegurou, esperando “criar recordações para sempre”.
Já Maria Silva é da Paróquia de Ponte da Barca e espera da JMJ um momento “único”, de “muita alegria” e “convivência”. “Dá uma certa alegria à Paróquia ver os seus jovens a participar”, considerou, contando que tem participado nas reuniões de preparação. “Estou com grande esperança”, reiterou, incentivando a participação de jovens católicos ou não católicos. “Vejo pelos meus colegas da escola, que não iam participar e depois da passagem dos Símbolos, começaram a valorizar e, por isso, foi uma boa iniciativa”, afirmou sobre a peregrinação dos Símbolos.
Arciprestado de Ponte da Barca
“Espero que os jovens tornem esta sociedade um pouco melhor do que está”
Ponte de Lima acolheu os Símbolos até dia 25 e, de acordo com o Pe. Cláudio Belo, um dos responsáveis pelo COA, está a ser encarada com “muita esperança”. “Não existia uma equipa arciprestal e, quando a criámos, todos se mostraram muito felizes por acolher os Símbolos, e a nossa intenção vai ao encontro do lema da JMJ. Ou seja, que também a Cruz passe pelas periferias do Arciprestado de Ponte de Lima, sabendo de antemão que têm de passar muito rapidamente pelas associações e instituições”, explicou, frisando: “Do que temos presenciado, ontem e hoje, vemos que há muita alegria e todos acolhem muito bem os Símbolos.”
O responsável adiantou ainda que o Arciprestado já tem “cerca de 160 inscrições” para a JMJ. “Nesta primeira fase, não podíamos estar mais satisfeitos com estes números. No entanto, continuamos a incentivar mais jovens através dos seus Párocos para que realcem este momento e oportunidade única de pôr os jovens a fazer barulho, como incentiva o Papa Francisco”, disse, acrescentado: “Espero que, assim como o Papa Francisco, os jovens encarem Jesus Cristo como o centro das suas vidas e tornem esta sociedade um pouco melhor do que está.”
Mário Ferreira é membro do COA e admitiu que a peregrinação dos Símbolos da JMJ superaram as expectativas. “Tivemos uma adesão muito grande por parte da comunidade, que nos recebeu, e dos jovens. Eles foram uma agradável surpresa”, disse, considerando a iniciativa um “input” para os jovens. “Foi um dia de entusiasmo e de surpresas boas para toda a gente. Tivemos a oportunidade de estar no hospital, nos lares de idosos e nos bombeiros. Foi uma receção extraordinária, começando com a vigília de oração que teve boa adesão, mesmo tendo sido às 00h00. Tivemos a matriz cheia”, especificou, revelando que, no final, tiveram mais dez inscrições. “As pessoas vão começando a ouvir falar sobre a JMJ. Aliás, fizemos questão de deixar a carrinha identificativa no adro, o que levou as pessoas a questionar-se sobre o que estava a acontecer e sobre a presença dos Símbolos, o que faz toda a diferença”, acrescentou, confidenciando que as suas expectativas para a JMJ são que “não se esqueçam” dos vários momentos vividos. “Que seja uma jornada de fé e que, através dela, sejam capazes de transmitir esta juvenilidade daqui a 20/30 anos”, apelou, especificando: “No nosso Grupo em específico, a peregrinação dos Símbolos foi um input muito grande e a JMJ vai deixar aqui, por anos, um conjunto de coisas que vão crescer.”
O paroquiano assegurou ainda que a JMJ é “um ponto de renovação da Igreja”. “A Igreja acaba por ser massacrada pelas pequenas coisas más que acontecem, esquecendo o que ela significa em termos sociais e comprometendo a juventude. É preciso que os pais se sintam tranquilos e confiem na Igreja como um lugar de crescimento e de aprendizagem de valores. E mais importante, e hoje tive noção disso, permite aos jovens fazer coisas completamente diferentes”, frisou, defendendo: “Esta geração, denominada geração Covid, precisa do toque humano, afeto, e conhecer pessoas, estar com idosos para perceber que há mundo para além das redes sociais e dos seus quartos. É por isso que a JMJ tem este significado e peso.”
Já Ricardo Fernandes, membro do Comité Organizador Diocesano (COD) e paroquiano em Navió, sublinhou “a bênção” da presença dos Símbolos “em tempos conturbados na Igreja”. “Uma Igreja em saída e que vai ao encontro, levando uma mensagem de um Cristo de amor e de um Cristo redentor, com uma mãe que nos protege e nos consola. Temos assistido a momentos e temos visto imagens que ficarão em páginas douradas na história da nossa Diocese. Cristo conta com a vossa força e testemunho”, apelou.
“Grande festa” na passagem dos Símbolos para Braga
A peregrinação dos Símbolos da JMJ pela Diocese de Viana do Castelo termina no dia 29 de janeiro com a passagem para a Arquidiocese de Braga. Até ao momento, o Pe. Domingos Meira, responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, faz “um balanço muito positivo” pela adesão das comunidades, dos jovens e das instituições e associações que têm testemunhado a sua passagem. “O nosso objetivo era chegar a todos através da Igreja e fora dela”, disse, enaltecendo o acolhimento nos dez Arciprestados. O programa da peregrinação diocesana termina com o 45º Encontro Diocesano de Liturgia. “No dia 29, a concentração será pelas 15h00 na Praça da Liberdade e seguimos caminho até à Sé Catedral, onde vai realizar-se a cerimónia de encerramento”, explicou, acrescentando que, no final, a passagem dos Símbolos da JMJ para a Arquidiocese de Braga será feita na ponte sobre o rio Neiva, em São Romão de Neiva. “No encerramento, estarão presentes o nosso Bispo, D. João Lavrador, o Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, e as autoridades civis”, acrescentou, assegurando “uma grande festa”.
Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil – Arciprestado de Ponte de Lima
Fotografia em destaque: Arciprestado de Ponte de Lima
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