Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado querem evangelizar Ponte de Lima

Foi em plena Feiras Novas, numa das festas mais tradicionais do Alto Minho, que a Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado se deu a conhecer à comunidade paroquial de Ponte de Lima.

Micaela Barbosa
28 Set. 2023 5 mins
Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado querem evangelizar Ponte de Lima

Na celebração eucarística, presidida pelo Bispo diocesano, D. João Lavrador, a Superiora Geral, Irmã Emília Seixas, apresentou o carisma na sua tríplice dimensão mariana, franciscana e eucarística, e pediu à comunidade paroquial para apoiar as Irmãs com a oração, agradecendo o caloroso acolhimento já manifestado. “Se não fosse o Espírito Santo, não teríamos chegado cá”, começou por dizer, contando que, em conversa com o Pároco, Mons. Fernando Caldas, percebeu que Ponte de Lima poderia ser “um bom campo de evangelização” para a Congregação. “Propus ao governo da Congregação, e as conselheiras acharam uma boa oportunidade. Entretanto, falámos com D. João Lavrador, e o processo seguiu o seu percurso normal”, relatou.

A Irmã, de 55 anos, enalteceu o entusiasmo, uma vez que a Congregação nunca tinha estado na Diocese de Viana do Castelo. “A maioria das nossas comunidades em Portugal, estão no interior (nordeste transmontano). Ou seja, em comunidades muito desérticas. Por carisma, o nosso serviço é feito sempre em meio rural. Só por necessidade muito evidente é que estamos em centros urbanos de alguma dimensão”, explicou, admitindo que estão habituadas a um deserto demográfico. “Chegar aqui e ver que Ponte de Lima é uma vila rural e que, em termos populacionais, é relevante, dá-nos força para acreditar que vamos implementar o nosso carisma e proporcionar às pessoas a participação direta nele, fazendo o nosso trabalho pastoral”, acrescentou, referindo que não têm, e não pretendem ter, obras sociais. “Viemos para a Pastoral, Liturgia e Catequese”, salientou.

A comunidade em Ponte de Lima é constituída pela Irmã Albertina Maria Calado Peso (natural de Macedo de Cavaleiros), como Superiora local, e as Irmãs Maria Teresa Morais (natural de Mirandela) e Maria do Sameiro Vieira Pereira (natural de Ponte de Lima). “O nosso lema está expresso naturalmente no nosso nome. Concretiza-se, sobretudo, na adoração e reparação de Jesus na Eucaristia”, frisou a Irmã Emília, confidenciando que a Congregação tem uma forma de cumprimentar “muito específica”. “Quando passamos por uma Irmã, dizemos ‘Adoremus in æternum Sanctissimum Sacramentum’. É isso que nos define”, afirmou, acrescentando: “Como servas, queremos ser dóceis à ação do Espírito Santo no serviço a Deus, mas também aos irmãos. Ou seja, no serviço à Igreja e à humanidade. Já enquanto franciscanas, queremos dar o testemunho de uma verdadeira fraternidade, onde estamos todas para tudo.”

Normalmente, as comunidades são constituídas, no mínimo, por três Irmãs, que colaboram e vivem em comunhão fraterna. “Como reparadoras de Jesus Sacramentado, queremos adorar e reparar Jesus presente na Eucaristia, e proporcionar às pessoas esse mesmo sentido de adoração e reparação”, referiu, confidenciando a possibilidade da chegada de uma quarta Irmã à comunidade limiana nos próximos meses. “A intenção é que venha uma Irmã ainda em processo de formação”, adiantou.

A Superiora Geral salientou, ainda, o acolhimento “excecional e extraordinário”. “As pessoas são de uma simpatia indescritível”, assegura, descrevendo os seus “vizinhos” como “muito acolhedores e preocupados” com o seu bem estar. “Já nos ajudaram com produtos alimentares e outras ofertas”, contou, frisando que a comunidade tem rezado por todos, porque não tem forma de agradecer todo o carinho manifestado. “Têm sido incríveis”, reiterou.

A Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado abriu também uma comunidade em Angola. Numa nota enviada à Agência Ecclesia, a congregação divulgou que, “no dia 26 de agosto de 2023, aproveitando a presença da Superiora Geral em visita à região de Angola, reabriu a comunidade em Nharêa, na Diocese de Kuito-Bié. Esta missão tinha sido assumida pela Congregação ainda antes da independência e esteve abandonada durante 47 anos, por causa da guerra e de outras vicissitudes”.

Com estas duas fundações, eleva-se a 32 o número de comunidades pelas quais estão repartidas as cerca de 160 Irmãs, que atualmente fazem parte da Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras, em Portugal, Angola (desde 1962), Brasil (desde 1988) e Moçambique (desde 1998).

As consagradas dedicam-se a várias obras sociais, com incidência na educação, no apoio à juventude em risco, e ao apoio à terceira idade.

A nível pastoral, destaca-se o seu empenho na pastoral catequética e litúrgica, bem como na dinamização do Movimento Eucarístico de Leigos, o qual partilha do seu carisma eucarístico.

A congregação tem ainda 19 jovens na formação inicial, ou seja, em preparação para assumir este carisma, dado a Alzira da Conceição Sobrinho no ano de 1916, e que seria concretizado na vida comunitária dos primeiros elementos a partir do ano de 1941. “Vocação existe e há muita, mas à Vida Consagrada (ativa) não há tanta como gostaríamos. Há tanta como o Espírito Santo quer que haja”, salientou a Irmã Emília, frisando que “a Vida Consagrada não se faz de números, mas de qualidade”. “Sabemos que, atualmente, os tempos mudaram. Antigamente, as famílias tinham cinco ou mais filhos e, hoje, são menos. Um casal com três filhos é considerada família numerosa e, por isso, o número de vocações tem diminuído na Europa”, apontou, contando que a mesma realidade não acontece em Angola e em Moçambique. “Estou igualmente convencida de que os jovens se comprometem cada vez mais tarde, e não é só na vida religiosa e consagrada. Se falarmos na vida matrimonial, é igual”, concluiu.

A Congregação foi ereta canonicamente a 15 de agosto de 1950 por D. Abílio Augusto Vaz das Neves, Bispo da Diocese de Bragança-Miranda e, em 1 de novembro de 1991, foi reconhecida como Instituto de Direito Pontifício.

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