Apoio à terceira idade é prioridade da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo

Mário Guimarães é Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo (SCMVC), que tem como missão “a prática das obras de misericórdia, visando o serviço e apoio, com solidariedade, a todos os que precisam”. Com vários projetos em cima da mesa para realizar no seu mandato, destacam-se as obras de remodelação e ampliação do Lar de S. Tiago, as obras de reabilitação no parque imobiliário, e a criação de um centro museológico com espólios que integram os 500 anos de história da instituição.  

Micaela Barbosa
5 Out. 2023 6 mins
Apoio à terceira idade é prioridade da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo

Tem 72 anos e é natural de Darque (Viana do Castelo). Formou-se em Engenharia e Gestão Industrial, fez um mestrado em Engenharia Humana e uma pós-graduação em Gestão Financeira, mas foi na EDP que trabalhou durante 42 anos. 

Em 2020, chegou à SCMVC, através de um convite da antiga Provedora. Assumiu o cargo de Vice-provedor e, após a morte “inesperada” de Luísa Novo Vaz, em 2021, foi eleito Provedor. “Depois da minha reforma, sempre mostrei vontade de me envolver na ação social e, cá estou”, começou por dizer, enaltecendo o trabalho desenvolvido por Luísa Novo Vaz.

O órgão social gestor da SCMVC é a Mesa Administrativa (nove elementos) e, atualmente, emprega cerca de 150 colaboradores diretos nas diferentes valências, nomeadamente, no apoio à terceira idade (o Lar da Piedade e o Lar de S. Tiago) e à infância (Creche e Jardim de Infância de Santiago da Barra e Creche e Jardim de Infância de Nossa Senhora da Misericórdia), e no serviço de apoio domiciliário. “As principais necessidades estão na terceira idade. A nossa taxa de ocupação é de 100% em ambos os lares. Temos uma lista de espera elevada”, apontou Mário Guimarães, confidenciando: “A comparticipação pública atribuída pelo Estado às respostas sociais encontra-se subdimensionada, pondo em causa a sustentabilidade financeira das Instituições. Se a SCMVC não tivesse a possibilidade de canalizar o rendimento do seu património imobiliário para as respostas sociais, dificilmente a instituição conseguiria cumprir a sua missão social.”

Centro museológico da SCMVC

Já na componente de conservar, valorizar e divulgar o seu património histórico, a Mesa Administrativa baseia-se em cinco eixos: capital humano, preservação do património artístico e religioso, gestão de ativos, novos projetos, e redução de custos. “Promovemos a intervenção de conservação e restauro do espólio artístico da nave da Igreja da Misericórdia, que envolveu trabalhos em todos os altares laterais e colaterais da igreja. O percurso dos visitantes foi alargado ao espaço da capela-mor, permitindo uma melhor observação dos painéis azulejares representativos de cenas da vida de Jesus e Nossa Senhora, retábulo-mor e cúpula/lanternim. Este alargamento permite, ainda, uma vista a sacristia, claustros e Capela de Nossa Senhora do Bom Despacho”, especificou, contando que também foi criado um Centro de Acolhimento ao Visitante da Igreja da Misericórdia, “que serve de interlúdio à visita à Igreja, com informação sobre a história do monumento e peças museológicas do acervo da instituição”. “Está igualmente a ser preparado um núcleo museológico que poderá ser visitado em breve, e que permitirá ao público interessado conhecer peças de várias coleções da SCMVC, entre as quais escultura, pintura e livros médicos”, revelou.

Durante a visita, a responsável pela área de Igreja e Culto, Ana Rita, frisou que os espaços reservados para o museu contam os 500 anos da SCMVC. “A cidade não conhece muito do que temos aqui. A ideia é que estas três salas, que estão a ser preparadas, façam parte do roteiro de museus”, reiterou, referindo que “a igreja da Misericórdia é o monumento mais visitado em Viana do Castelo”. “O que distingue esta igreja de outras, é que é uma obra de arte totalmente barroca. Não houve alteração ao original”, enalteceu. 

Lar de S. Tiago com nove vagas

O Provedor contou ainda que, durante o seu mandato, foi possível ter aprovada a candidatura da SCMVC ao Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais – 3ª geração (PARES 3.0) apresentada para o Lar de S. Tiago, com vista à conclusão da sua remodelação e ampliação, que permitirá a criação de nove vagas. “A competente empreitada encontra-se em curso, prevendo-se que esteja concluída no primeiro trimestre de 2024”, adiantou, acrescentando: “A conclusão da referida obra permitirá à SCMVC cumprir o contrato de financiamento assinado no decurso do ano de 2016 entre a instituição e as entidades instituidoras do ‘Fundo Rainha D. Leonor’ (Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e União das Misericórdias Portuguesas).”

Cinco imóveis vão ser reabilitados

Em maio, foi assinado um acordo com o Instituto de Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P., que permitirá reabilitar parte do parque imobiliário. “Neste momento, está em curso o processo de levantamento das patologias nos cinco imóveis abrangidos por este programa, esperando-se iniciar as competentes empreitadas de execução tão brevemente quanto possível”, deu nota, frisando que “o objetivo da Mesa Administrativa é trabalhar em rede e criar sinergias com entidades como a Segurança Social, a Câmara Municipal, o Instituto Politécnico de Viana do Castelo e a Academia de Música”.

Ainda neste mandato, a SCMVC criou o Conselho Consultivo, que é constituído por personalidades de diversos quadrantes e com experiências em diferentes áreas da sociedade. “Trata-se de um órgão com o qual se pretende reforçar a salvaguarda dos interesses da instituição, com a obtenção de pareceres sobre os vários assuntos de relevo que sejam colocados à consideração, os quais apoiarão e fortalecerão as tomadas de decisão da Mesa Administrativa”, explicou.

Unidade de Cuidados Continuados

No leque dos grandes projetos, Mário Guimarães destacou a instalação de uma Unidade de Cuidados Continuados no antigo hospital, que está desativado há mais de 30 anos. “Foi encontrada uma solução que nos vai permitir dinamizar as instalações. Trata-se de uma parceria com o Hospital Particular de Viana do Castelo que permitirá a instalação de uma Unidade de Cuidados Continuados”, avançou. Contudo, lamentou não ter ainda uma solução para o antigo pavilhão cirúrgico. “Continuamos à procura de uma solução para ele. Candidatámo-nos a fundos europeus, mas estamos abertos a entendidas/empresas que queriam apresentar um projeto que assente na nossa missão”, apelou.

Situação “estabilizada”

Em março, os trabalhadores das Misericórdias do distrito reivindicaram os “direitos injustamente retirados há mais de uma década”. Mário Guimarães assegurou que “está tudo estabilizado”. “Não temos nenhum problema dessa natureza”, garantiu, terminando: “Uma última palavra de apreço e agradecimento a todos os colaboradores pelo seu constante profissionalismo, humanismo e entrega a esta causa social, que permite criar diariamente uma relação de proximidade com todos os utentes de modo a assegurar o cumprimento da nossa missão.”

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