Viana do Castelo viveu “intensamente” a Romaria de Nossa Senhora d’Agonia

O Campo d’Agonia, em Viana do Castelo, acolheu, no dia 20 de agosto, a solene concelebração da Romaria em honra de Nossa Senhora d’Agonia. Presidida por D. Antonino Dias, Bispo de Portalegre-Castelo Branco, natural da Diocese, a Missa campal juntou dezenas de devotos que não esconderam a emoção quando o andor da padroeira dos pescadores locais regressou ao Santuário.

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10 Set. 2021 4 mins
Viana do Castelo viveu “intensamente” a Romaria de Nossa Senhora d’Agonia

Apesar das restrições, devido à pandemia Covid-19, dezenas de pessoas fizeram questão de participar na celebração, onde algumas delas quiseram manter a tradição ao envergar o traje minhoto. 

Fátima Ferreira é devota da Senhora d’Agonia e vestiu-se com o traje da Ribeira, onde nasceu e cresceu. “Sempre tive esta devoção a Nossa Senhora d’Agonia. O meu pai era pescador e, para mim, as festas começam sempre no dia 11, na novena”, referiu, contando que participa “sempre” em toda a programação da Romaria. “O ano passado, estávamos com a esperança de que 2021 seria melhor. Está melhor um bocado, mas não como queríamos. No entanto, a Romaria é vivida com o mesmo sentimento e a mesma fé”, afirmou, com a esperança de que, em 2022, a padroeira dos pescadores voltará ao mar. “Este sentimento não se explica. Sente-se. Por muito que a gente fale, não há palavras para descrever o que se sente”, admitiu, emocionada.

Já Graça Maciel, natural da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro, trouxe apenas o lenço regional pelas costas. “Costumo vir cá todos os anos porque tenho muita devoção para com a Nossa Senhora d’Agonia. Gosto muito de assistir à Eucaristia”, começou por dizer. “Acompanho grande parte da programação, principalmente, a Missa e a Procissão ao mar”, contou, assegurando que se sentiu “segura” e admitindo que é “bom” sentir “o calor humano” nos tempos “difíceis” que se vivem. “Este ano já está melhor um bocado, mas mesmo assim temos de ser cautelosos, para que 2022 seja ainda melhor”, acrescentou.

“Apesar de estarmos mais limitados, não deixamos de viver a Romaria.”

O atual Capelão do Santuário e Pároco de Monserrate, Pe. Vasco Gonçalves, também admitiu que vive a festa em honra de Nossa Senhora d’Agonia “muito intensamente, sobretudo, na vivência da fé”. “Apesar de estarmos mais limitados, não deixamos de viver a Romaria. As circunstâncias não o permitem, mas vivemos como podemos”, salientou, admitindo sentir “um misto de sentimentos” pela ausência de D. Anacleto Oliveira, que perdeu a vida num acidente de viação em setembro de 2020. “Sentimos saudade, mas também alegria por termos cá e acolhermos D. Antonino Dias, que já celebrou connosco noutras circunstâncias. É um homem de Viana do Castelo com devoção a Nossa Senhora d’Agonia, e com certeza nos vai ajudar a celebrar a fé porque ele, como tantos, estão por dentro do que se vive e sente nestes dias em particular”, evidenciou.

“Rezamos pelas autoridades civis e religiosas, por todos quantos contribuem na diversidade de setores para o desenvolvimento, a segurança e o bem-estar do povo”

Na homilia, D. Antonino Dias convidou os fiéis a entrar “no próprio espaço interior” e a celebrar “a festa que dá sentido à dor”. “Aqui estamos, não para celebrar a festa da dor sem sentido, mas para celebrar a festa que dá sentido à dor; para louvar e agradecer, para rezar por nós e por todos os seus devotos, por todos quantos têm hoje aqui o seu pensamento, ou aqui vieram e aqui estão, de perto ou de longe, com devoção e confiança”, afirmou, salientando que a imagem da Senhora d’Agonia tem sido, ao longo dos tempos, “testemunha da oração, da voz suplicante dos humildes de coração”, e as pessoas dirigiram-se-lhe em “júbilo agradecido, outros amargurados pelas doenças, outros ainda amargurados no espírito pelo pecado ou adormecidos na fé”. “Hoje e aqui, recolocamos no coração da Senhora todos os seus pedidos e ações de graças, bem como rezamos pelas autoridades civis e religiosas, por todos quantos contribuem na diversidade de setores para o desenvolvimento, a segurança e o bem-estar do povo”, acrescentou, questionando os presentes sobre o que iam oferecer à Senhora. “No próprio espaço interior, cada um não terá dificuldade em encontrar a melhor prenda”, disse, sublinhando que a Senhora d’Agonia “apreciará mais” a oferta pessoal “generosa”.

O Bispo de Portalegre-Castelo Branco destacou ainda que a Comissão de Festas usou duas toneladas de sal para criar tapetes, onde homenagearam a mulher da ribeira, à qual a Igreja também se associa “com muito gosto e igual reconhecimento”.

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