Diante da Palavra
Vinde Espírito Santo guiar-nos, sobre este oscilante chão de incertezas, para a segura alegria do Evangelho.
Interpelações da Palavra
Quando o Filho do homem vier, sentar-Se-á no seu trono. A Cristo, o Filho do homem, pertence a última palavra sobre a história. Aquela palavra que nos permite discernir o sentido da realidade e o lugar de cada um na tessitura do tempo. Essa palavra, mesmo que de todo não compreendida, já fora definitivamente pronunciada. No alto da cruz, qual trono, tálamo, altar, Jesus diz tudo: a sua vida dada, o seu sangue derramado, o perdão concedido quando reclamado ao coração partido do Pai, a sua mãe partilhada como uma bênção. Dali, o amor divino é magistralmente ensinado e definitivamente insuflado nos pulmões da humanidade. Ali inicia um tipo de realeza que deve ser assim entre nós, os cristãos. Um dia, quando o Filho do homem vier e se sentar no trono cruciforme que, exclusivamente, Lhe pertence, abrir-se-á a sessão da misericórdia. Chegará, enfim, aquele ansiado momento para, com toda a limpidez, acolhermos a vida que demasiadas vezes adiámos.
Vinde, benditos de meu Pai; recebei o reino.
O reino prometido não é diferente daquele que já, aqui e agora, experimentamos, quando sentimos a alegria do bem realizado, sem esperar gratidões ou menções honrosas. Uma vida livre e disponível, como a do Bom Samaritano, encontra-se apta para inventar formas de salvar e é capaz de, com criatividade, adequar as bem-aventuranças. Só os benditos do Pai o conseguem. Sabem-se benditos, à partida, mesmo ignorando o rol de bênçãos que semeiam. Que bela a pergunta: «quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?» Denuncia gente que nem se deu conta do bem que fez. Saía-lhe naturalmente das mãos. É o milagre dos corações transfigurados pelo Evangelho!
Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno.
Esta maldição traz consigo a virtude de nos acordar para a miséria dos famintos, dos sedentos, dos nus, dos desabrigados, dos enfermos e dos aprisionados. Várias vidas foram encarceradas numa maldição para a qual não estavam destinadas. Quantos prisioneiros passeiam, errantes, pelas nossas ruas ou se veem confinados à habitação do desconforto! Escutar «afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno» é ouvir três vezes a mesma realidade. Na verdade, viver afastados de Cristo é a maior maldição que nos podemos autoinfligir, da qual só o fogo eterno pode ser imagem expressiva. Viver próximos de Cristo é a maior bênção que podemos acolher, é a forma de darmos substância à nossa vida e leveza à vida alheia. Isso consegue-se com a coragem de querer ver resplandecer no rosto dos pequeninos o olhar grato de Jesus.
Rezar a Palavra
Senhor Jesus, agradeço-Te a proximidade!
Aqui e agora, continuas a oferecer-Te no altar desnudado dos famintos e dos sedentos,
No tálamo dos doentes e dos aprisionados, no trono indesejado dos sem-abrigo.
Senhor Jesus, reinventa-me a criatividade, para Te não perder.
Viver a Palavra
Ao longo desta semana, telefonarei a alguém que sei precisar da proximidade da minha voz!