Símbolos da JMJ no Alto-Minho: Da queda da muralha à descida do Rio

Valença, Monção e Melgaço foram os locais por onde a peregrinação passou entre os dias 11 e 16.

Notícias de Viana
19 Jan. 2023 10 mins
Símbolos da JMJ no Alto-Minho: Da queda da muralha à descida do Rio

“É impressionante a emoção sentida pelos menos jovens”

No Arciprestado de Valença, a vigília de oração na igreja de Santo Estevão foi um dos pontos altos da passagem dos Símbolos da JMJ que, segundo Natália Nascimento, membro do Comité Organizador Arciprestal (COA), transmitiu “alegria, felicidade, tristeza e derrota”. “Alegria e felicidade, devido ao momento único de podermos estar a tocar e abraçar a Cruz Peregrina. Tristeza e derrota, por todos aqueles que já partiram ou estão em guerra”, explicou, destacando a emoção das pessoas. “Ter a Cruz e o Ícone de Maria na nossa Paróquia foi muito especial. Foi um momento único, em que nos sentimos mais perto de Jesus e em que Lhe oferecemos mais de nós. É uma recordação para a vida”, frisou.

A paroquiana confidenciou, ainda, que espera que a JMJ seja “um momento de grande convívio, de novas amizades, de alegria e, sobretudo, de paz e amor”.

Já Luísa Oliveira, acrescenta que quer trazer mais amigos do que leva. “Viver um momento de paz e partilha, e ficar de baterias carregadas de emoções”, disse, assegurando que agosto de 2023 vai ficar marcado para sempre”. “Da peregrinação dos Símbolos da JMJ no Arciprestado, destaco o amor com que foi recebida. Foi como se estivéssemos à espera de uma joia muito valiosa, um presente que, depois de desembrulhar, és surpreendida pela positiva e vais de braços abertos para receber a Cruz e Maria. Depois, podes abraçar, beijar, acariciar, sentir a grandeza e o peso”, referiu.

Isilda Salvador evidenciou a simplicidade e o alcance “indescritível” ao percorrer todos os territórios. “É impressionante a emoção sentida pelos menos jovens, que também foram os destinatários da sua receção”, salientou, afirmando que “os idosos institucionalizados podem não voltar a estar próximos de representações materiais da fé, simbolizados na Imagem da Mãe e na Cruz. “Presenciei e senti pureza, emoção, fé, despedida, tristeza e silêncio quando tocaram na Cruz com emoção sincera, nos idosos do Lar Cruz. Jamais esquecerei essa intensidade que testemunhei”, contou, desejando que a JMJ seja uma oportunidade para os jovens se renovarem na fé e nos valores, num mundo em mudança e descrença. “A JMJ é um encontro de jovens crentes como comunidade integrante da esperança, da fé, da Igreja viva e que não estão sós”, reiterou.

Na JMJ, Joana Salvador Fernandes espera crescer em espírito, conhecer pessoas de diferentes nacionalidades que partilham a mesma fé, e aproximar-se de Jesus. “Espero o carinho do Papa Francisco”, confessou, enaltecendo também a simplicidade, importância e significado da peregrinação dos Símbolos da JMJ pelos vários Arciprestados da Diocese. “Destaco a minha própria presença, levando uma Cruz que representa a comunidade cristã. Destaco ainda a carência que hoje existe nas pessoas, da “Cruz”, da “Mãe” e do “Filho”, materializados nos Símbolos que estão a percorrer Portugal”, disse.

Já Diogo Salvador Fernandes sublinhou a participação no acompanhamento dos Símbolos e a persistência dos jovens de Valença, que colaboraram independentemente do mau tempo e dos constrangimentos da greve na Escola. “Destaco sem dúvida a cerimónia de acolhimento decorrida na igreja de Santo Estêvão com a presença do Sr. Bispo”, frisou, contando que espera (na JMJ) encontrar-se “numa multidão de jovens que partilham a esperança, os sonhos, a fé, e que partilham a amizade do Papa Francisco”. Ana Beatriz Serra quer uma “uma experiência incrível, e de plena concretização enquanto pessoa em contacto com Deus”. “Espero conhecer novas pessoas e vivências que me tornem uma pessoa melhor”, afirmou, realçando, da peregrinação dos Símbolos, o ajuntamento das gerações mais novas e jovens por algo que já percorreu o mundo. “Os Símbolos levaram-nos a unirmo-nos como uma comunidade, a pensar no outro”, acrescentou.

Arciprestado de Valença

“A JMJ é uma ocasião, entre muitas, para gerar alguma explosão na pastoral”

No Arciprestado de Monção, os Símbolos da JMJ (Jornada Mundial da Juventude) também percorreram as várias Paróquias, instituições e associações, mas foi uma festa no centro da Praça com os grupos folclóricos, que marcou a peregrinação.

O Pe. André Gonçalves é assistente do Departamento Arciprestal da Pastoral Juvenil e responsável do COA (Comité Organizador Arciprestal) de Monção, e conta que o Arciprestado está a preparar-se para a JMJ adaptando-se aos Grupos de Jovens das diferentes Paróquias. “Tentamos que eles estejam próximos dos seus e com a sua comunidade, não percam o ritmo da fé e absorvam daí o fundamental”, referiu, explicando que “o COA integra elementos dos diversos pontos pastorais, que estabelecem ponte, fazem contacto e, sem criar um grupo específico, estimulam a formação local para a JMJ a partir das recomendações e orientações nacionais e locais”. “A JMJ é uma ocasião, entre muitas, para gerar alguma explosão na pastoral entre as camadas mais novas. Aproveitados devidamente os recursos, pode ter um efeito benéfico entre a nossa massa mais juvenil”, salientou, alertando que a Jornada é “passageira”, pois “os jovens de agora serão adultos de amanhã e as crianças de agora necessitarão de outros impulsos para o mesmo efeito”. “Há que criar ocasiões de contacto, de ‘remexer hábitos’, abalar estruturas e ideias pré-concebidas; contactar com outras experiências ou expressões de fé de outras realidades, é uma ocasião ímpar de perceber a extensão da Igreja e o alcance do Evangelho. Conhecer realidades diferentes, em que a fé brilha, pode proporcionar aos nossos jovens não só a ocasião de partilha, mas de perceção de que, num mundo com tanta diversidade, é possível a fé (que é sempre a mesma) brilhar em ritmos distintos, mas assente na mesma raiz”, defendeu.

Vários elementos do COA também asseguraram que esperam que a JMJ seja “incrível”. “Que lá vivamos grandes momentos de partilha e confraternização com os jovens do mundo inteiro que vão estar presentes”, referiram, acrescentando: “Que a presença do Papa Francisco, que é uma fonte de inspiração e jovialidade para todos, torne estas Jornadas únicas e especiais”.

O COA explicou ainda que a divulgação e concretização de algumas atividades, que se iniciaram com o acolhimento dos Símbolos no Arciprestado, tornam “mais próximo e presente” a Jornada que se aproxima, cativando os jovens.

Sobre a peregrinação dos Símbolos pelo Arciprestado, o COA mostrou-se “surpreendido”. “A adesão está a ser bastante melhor do que esperávamos. Denota-se muito interesse e entusiasmo na população”, referiu, destacando a forma como foram recebidos pelas instituições, nomeadamente, a APPACDM, os Bombeiros, a Banda de Monção, os Escuteiros e os Ranchos Folclóricos. “Notamos muito empenho na preparação de cada momento”, enalteceu.

Já a catequista Marina Azevedo, que pertence ao grupo coral, sublinhou que a peregrinação dos Símbolos da JMJ é “um bom momento de partilha entre as Paróquias do Arciprestado. “Que os jovens, após isto, continuem o caminho; não pode ser o chegar até lá apenas, tem de continuar”, afirmou.

Leonor Palhares e Beatriz Felgueiras asseguraram que a peregrinação dos Símbolos promoveu a participação de todos os habitantes monçanences.  “Esperamos que a JMJ nos dê uma semana de novas e boas experiências e muito conhecimento”, admitiram, contando que estão a preparar-se para agosto com a sua participação, empenho e iniciativa. O acolhimento dos Símbolos da JMJ no Arciprestado de Monção contou ainda com o apoio e participação do Município. António Barbosa, presidente da Câmara Municipal, enalteceu a mobilização para a peregrinação, esperando que a JMJ dê sinais aos jovens para uma transformação do mundo atual.

Arciprestado de Monção

“A forma como os acolheram é um sinal de fé” 

No Arciprestado de Melgaço, muitos foram aqueles que tiveram oportunidade de tocar nos símbolos da JMJ. Dos mais novos aos mais velhos. Segundo o responsável arciprestal pelo setor da Pastoral Juvenil, Pe. Arcélio Sousa, a a Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani carregam “tanto” significado por terem percorrido o mundo e o que isso significa de valor sentimental. “Da peregrinação em Melgaço, destaco a importância, visibilidade e necessidade do toque nos símbolos. E tal como há dois mil anos, continuam a ser os «pequeninos» a fazer a melhor experiência: as crianças e os frágeis”, referiu, sublinhando “o bom acolhimento por parte de todos os contextos e ambientes a nível arciprestal, desde o civil ao institucional que tão bem os receberam”. “Também destaco a indiferença manifestada a nível de participação nos momentos celebrativos e em ambientes escolares”, acrescentou. 

O Pe. Arcélio confidenciou ainda que o Arciprestado está atento aos jovens já inscritos, mas com a esperança de novos interessados em participar na JMJ. “Espero que a JMJ venha fazer «estragos» no nosso país e na juventude. E entendamos a palavra no sentido de nos inquietar. Desinstalar, provocar. E que sintamos que há um antes e um depois das JMJ. Sobretudo, que seja uma oportunidade de purificar a igreja e de combater a indiferença”, afirmou. 

Daniela Esteves, Sónia Luís, Rita Afonso e Luana Silva pertencem ao COA Melgaço e contaram que estão a realizar uma atividade por mês “tanto de angariação de fundos para os jovens irem às jornadas, como de dinamização em modo de aproximação e integração”, promovendo “a criação de laços comuns e se estruturarem como um grupo”. 

Já sobre a peregrinação dos símbolos da JMJ por Melgaço, as paroquianas destacaram a participação e emoção. “Se por um lado os idosos ou doentes tocam na Cruz sem qualquer medo e até com alguma ânsia, por seu lado, os jovens demonstram mais vergonha ou receio. Em contrapartida os mais pequeninos na sua inocência abraçam o Jesus invisível (tal como eles referiam)”, explicou Daniela Esteves, confidenciando que espera que a JMJ seja “um eliminador, ou pelo menos, um minimizador das barreiras invisíveis que os jovens hoje em dia criaram entre eles e a Igreja”. “Que para os jovens deixe de ser vergonha dizer, sou católico”, acrescentou. “Gostei muito da dinâmica das iniciativas (vigília na Matriz e oração Mariana no Convento de Fiães), que ficaram marcadas pela simplicidade, simbologia e beleza”, referiu Sónia Luís que anseia que a JMJ seja “um encontro memorável e inesquecível, que abraça uma diversidade de culturas e línguas em torno de um mesmo propósito: a fé” 

Rita Afonso também enalteceu a adesão da comunidade no acolhimento dos símbolos que foi notória tanto nos jovens como noutras pessoas de outras faixas etárias. “A forma como os acolheram é um sinal de fé”, frisou, referindo que a JMJ é uma oportunidade de partilha e troca de conhecimentos. “Da peregrinação, destaco as atitudes que as pessoas tinham ao adorar os símbolos”, especificou Luana Silva, assegurando que “é um privilégio poder fazer parte desta peregrinação, criando memórias, que ficam para toda a vida”. “Testemunhar o ambiente que se vive em conjunto com jovens de todo o mundo e estar perto do Papa Francisco”, exemplificou.

Tiago Afonso Fotografia

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