O convite Uma espécie de programa preliminar seguiu, em 7 de Março de 1988, incluído no convite formulado por escrito e endereçado a vários arquitectos, a quem se perguntou se havia interesse «em elaborar o respectivo projecto e dar a assistência técnica necessária» e, sendo o caso, quais seriam as condições oferecidas, tal e qual […]
O convite
Uma espécie de programa preliminar seguiu, em 7 de Março de 1988, incluído no convite formulado por escrito e endereçado a vários arquitectos, a quem se perguntou se havia interesse «em elaborar o respectivo projecto e dar a assistência técnica necessária» e, sendo o caso, quais seriam as condições oferecidas, tal e qual o conselho dado pelo engenheiro França.
Como prazo para a recepção das respostas apontou-se, sem uma data em concreto, «lá para o fim do mês», uma vez que se dizia não estar «perante uma sangria desatada», embora se esperasse uma «resposta oportuna» durante esse período.
Redigido sem grande cuidado técnico e formal, o convite expôs «algumas ideias» do que, «em linhas grossas», a Diocese pretendia para o edifício que iria «alojar, em internato, cerca de 100 alunos cujas idades poderão variar entre 12/13 e os 16/18 anos. Estes alunos serão acompanhados na sua formação por 3/4 responsáveis».
Para isso admitiu-se «a possibilidade de a construção se fazer por fases, começando pela área residencial, sem esquecer a capela», a qual deveria merecer a melhor das atenções enquanto lugar «muito importante», para o que se recomendou apenas que tivesse «acesso exterior».
Além da capela, o projecto do edifício deveria riscar três áreas distintas: uma residencial, outra académica e a terceira seria a recreativa. No convite optou-se pelo recurso ao termo «área» em vez de «bloco», embora este já se encontre presente na programação preliminar, mas sem o significado vincado de unidade separada fisicamente, ou seja, os blocos académico e recreativo poderiam ser desenhados no mesmo corpo do edifício, ligados pela área do hall de entrada.
Conforme o referido no convite, deveria distribuir-se, na área residencial, o «refeitório, cozinha, quartos, mini camaratas = maxi quartos ou mini quartos para alunos pequenos, casas de banho em bateria para estes mini quartos; quartos 15/20 – para alunos maiores, lavandaria/rouparia, sala de jantar/convívio/café para poucas pessoas, casas de banho para os quartos e para apoio ao refeitório; alojamento para pessoal de serviço, este com alguma independência».
As «salas de aula (5/6), salas de estudo (2), biblioteca, sala de leitura, sala de professores, secretaria, gabinetes, etc.» pertenceriam à área académica. Para a área recreativa previa-se um «ginásio polivalente, podendo servir para salão de festas (cabine de projecção e palco); espaços cobertos para jogos em tempo de chuva».
Sendo necessário, outras «explicações e especificações» poderiam ser dadas aos arquitectos convidados, «quer pessoalmente, quer por escrito», ainda antes de ser apresentada a proposta.
A escolha do arquitecto
Com gabinetes sediados no Porto foram convidados os arquitectos Luís Cerqueira, do «Atelier 86 – Arquitectura e Urbanismo, Lda.», Luís Filipe Pinho Miranda e Alfredo Moreira da Silva, ao mesmo tempo que também o foram António Sá Machado, de Braga, Luís António Lourenço Teles, de Viana, e Albano Seabra Moura, do «Grupo 3 – Arquitectos Associados, Lda.», de Matosinhos. Espontaneamente, candidatou-se o arquitecto Luís Coutinho Ramos.
Em 22 de Maio de 1988, o engenheiro Manuel Matos Cristino comunicou a D. Armindo o parecer técnico com o mapa dos vários concorrentes, dos quais seleccionou apenas dois arquitectos para a escolha final.
Alfredo Ribeiro Moreira da Silva foi considerado o «melhor qualificado para a realização do trabalho, tendo já dado provas em projectos idênticos do seu alto valor». Além disso, fazia um «bom desconto» nos honorários e propunha dos melhores prazos de entrega.
Por sua vez, Luís Coutinho Ramos, reconhecido «bom arquitecto (mesmo pelos seus colegas)», tinha como vantagens em relação ao primeiro concorrente o facto de «ser de Viana, ser mais barato e poder dar melhor assistência ao decorrer da obra».
A escolha final recaiu sobre a proposta apresentada pelo arquitecto Moreira da Silva em 25 de Março de 1988. Na proposta, o arquitecto dizia sentir-se «predisposto» e «vocacionado» para projectar o que se pretendia. Pois, sozinho ou em colaboração com o gabinete de arquitectura e engenharia «Manuel Nunes Ribeiro, Lda.», com quem trabalhava há duas décadas, incluia no curriculum dois seminários, três igrejas paroquiais, várias capelas, bem como numerosas intervenções a nível de reformulações em igrejas e pareceres.
O Seminário Missionário Padre Dehon, em Fânzeres (c. Gondomar) – um seminário menor para cem alunos, comunidade de padres e irmãos, com três capelas, arquitectado em 1966 para o Instituto Missionário do Coração de Jesus – era um dos testemunhos da arquitectura de Moreira da Silva.
Outro exemplo, em colaboração com o gabinete, foi o projecto de arquitectura, realizado em 1978, da Casa do Sagrado Coração de Jesus, em Esgueira (c. Aveiro), noviciado da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos).
Aos signatários das propostas preteridas foi comunicada a decisão em 8 de Julho de 1988, com a justificação de que a comissão que apreciou as propostas – todas «muito semelhantes» – acabou por eleger «aquela cujo proponente apresentava no seu ‘curriculum’ a construção de obras similares, concretamente dois seminários. Como só se pensa construir um seminário…».
(continua na próxima edição)
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