Multilateralismo inclusivo

Dos mais variados quadrantes surge a ideia de repensar a nossa forma de estar no mundo. 

Notícias de Viana
10 Nov. 2023 3 mins
Multilateralismo inclusivo

Os rápidos ciclos climáticos quentes e frios, as tempestades , as enxurradas, as inundações, os sismos, os êxodos humanos, as praias cheias no outono, as adversidades locais em zonas variadas do planeta, as guerras fratricidas em locais estratégicos para o nosso mundo, os cemitérios que se semeiam no globo, as mais diversas intempéries, as concentrações de materiais bélicos, a sementeira de rockets de destruição, as cimeiras, os encontros internacionais, as reuniões apressadas de dissuasão, as destruições, as devastações, as decisões adiadas, tudo constitui o cenário de um mundo humano que é o nosso hoje. 

No centro está o ser humano, mulheres ou homens, mais velhos ou mais novos que, de todo, estão constrangidos a parar para ver o dia seguinte e a pensar em tudo o que tem de ser feito para não ser apanhado no movimento que toma conta do mundo. O panorama do mundo vai mudar. As grandes potências vão sofrer alterações, o que dá a entender estar a surgir uma amálgama de povos enfrentando, desprevenidos, todos os desequilíbrios dos mais fortes e dos terroristas. “Um problema social global que está intimamente ligado à dignidade da vida humana” (Exortação Apostólica Laudate Deum, do Papa Francisco 3), sendo que os gemidos da terra são expressões palpáveis de uma doença silenciosa. “Já são irreversíveis (…) algumas manifestações desta crise climática” (LD 15). Aos problemas naturais que se enfrentam já, acrescentem-se as práticas hegemónicas de muitos, que tornam o mundo um palco de dor, de terror e de medo.

Não se trata de uma qualquer “moldura”, mas estamos todos incluídos na desventura, pois não contemplamos o mundo do exterior, mas incluídos nele, “dentro dele” (LD 25). Importa “com lucidez e honestidade reconhecer o tempo em que o nosso poder e nosso progresso está a virar-se contra nós” (LD 28). 

“Tal situação não tem a ver apenas com a Física ou a Biologia, mas também com a Economia e o nosso modo de a conceber. A lógica do máximo lucro ao menor custo, (…) torna impossível qualquer preocupação sincera com a casa comum” (LD 31). “A médio prazo, a globalização, o maior conhecimento mútuo e modalidades de integração dos povos levarão a um multilateralismo “a partir de baixo” e não meramente decidido pelas elites do poder”, devendo empenhar-nos a partir de baixo, comprometendo países que se ajudam e sustentam mutuamente” (cf. LD 38). Importa implementar “um novo procedimento para a tomada de decisões” (LD 43). Céleres e eficazes. 

Não podemos viver alheios ao desbarato de outras formas de vida neste planeta. “Acabemos com a ideia de um ser humano autónomo, omnipotente e ilimitado” (LD 68). Troquemos os hábitos quotidianos, entremos pessoalmente em esquemas de valorização dos gestos individuais que facilitam um mundo viável para todos, seres vegetais, animais e humanos. A leitura da exortação Laudate Deum pode ajudar a esclarecer o cenário e a tomar opções individuais e sociais mais viáveis. Somos seres no mundo global, com muitos outros seres.

Tags Opinião

Em Destaque

Notícias atuais e relevantes que definem a atualidade e a nossa sociedade.

Opinião

Espaço de opinião para reflexões e debates que exploram análises e pontos de vista variados.

Explore outras categorias