META E FONTE

O aspeto virtual é o primeiro elemento de destaque, neste modelo de comunicação: de forma online, está sempre nas mãos de todos a responsabilidade de participar, mais intensamente ou como meros espectadores, de forma contínua ou intermitentemente. Estar virtualmente pode ser formativo, recreativo, fugitivo. Para muitos foi sobretudo formativo, o que dá créditos de responsabilidade naquilo que se vai fazendo com os outros. A virtualidade online vai até ao ponto de deixar o ónus para quem quer participar; este aspeto dará a sua visibilidade nas ações litúrgicas que cada comunidade vai realizando. Em tempos pandémicos, é importante insistir no aspeto pessoal que cada liturgia exige. Nada se faz sem cada um, naquilo que lhe diz respeito. Como cada um precisa de ligar os seus meios digitais, precisa de ligar também os seus sinais pessoais, no mais íntimo de si mesmo. A Liturgia supõe-no sempre, com a sua circunstância.

Certo é que, na opacidade das condições em que se vive, salta à vista o aspeto focado por um dos palestrantes, a dimensão corpórea subjacente aos condicionantes espaciotemporais em que se vive. Importa, porém, refletir que as atuais circunstâncias põem em relevo a dimensão espiritual que emoldura toda a ação litúrgica, dimensão invisível e sempre premente, pois a Liturgia antecipa a cidade celeste pela qual se espera. Celebra-se “in carnem”, ventilados pelo Espírito de Deus, que dá outra dimensão ao que atualmente se vive.

Assim, somos convocados para dizer, da forma menos desajeitada possível, o Inefável, três vezes santo. Não sucumbimos às nossas fragilidades e atuais limitações, mas somos guindados a expressar de forma humana, o mais sublime possível, Aquele em quem acreditamos. Por isso manuseamos todas as nossas expressões de arte, para singelamente nos expressarmos. A música é usada para exprimir o que está para além dos sons, na orquestração dos diferentes instrumentos, medidas, ritmos. O inefável é expresso em milhentas formas falíveis, as nossas, enquanto procuramos sem cessar: a música, a poesia, a estética floral, as formas espaciais decorativas, a arquitetura, tantos meios de expressão para dizer esta sede que nunca se extingue.

Somos Ecclesia (Igreja), todos uma Igreja em peregrinação, ao encontro da Jerusalém celeste, cheia de esperança e unida ao Mistério pascal de Cristo que celebra: sem retirar nada ao que este mistério comporta de cruz, em si e nos outros membros. Na sinceridade de querer o melhor, o mais expressivo. A Liturgia é ação solene de um povo que é convocado por Alguém, além de si mesmo, que o congrega na e para a Unidade. Isto impõe a todos uma tónica de formação continuada, pois a arte vai-se adquirindo na diversidade. Obrigado a todos os atores, especialmente ao Secretariado.