O auditório do Centro Pastoral Paulo VI, em Darque, no Arciprestado de Viana do Castelo, encheu-se no 46º Encontro Diocesana de Pastoral Litúrgica com mais de 600 participantes. O evento foi organizado pelo Secretariado de Pastoral Litúrgica, que desafiou à reflexão sobre o tema «Liturgia e Comunicação».
A entrada para o auditório estava cheia. Ali, fazia-se o check-in, validava-se a inscrição e recebia-se o material de escrita. Muitos foram aqueles que se inscreveram.
Entre as várias dezenas que se iam cumprimentando e falando, três participantes estiveram à conversa com o Notícias de Viana.
José Manuel Pereira e Ivete Barbosa são Ministros Extraordinários da Comunhão (MEC) e vieram de Paredes de Coura para participar no convívio anual, em que “a formação é essencial para desempenhar o Ministério”. “É sempre bom aprender cada vez mais”, afirmou Ivete. “É um momento de partilha e de nos mantermos atualizados, porque estamos em constante evolução”, acrescentou José Manuel.
O Arciprestado de Melgaço trouxe um grupo de “cerca de 20 pessoas”. De Parada do Monte, Sandra Esteves já participa “há muitos anos” no Encontro Diocesano de Pastoral Litúrgica. “Só o facto de ser formação, a gente vem”, referiu, lamentando que a formação seja “sempre longe” do seu Arciprestado. “Participamos ainda noutras formações diocesanas. Vale sempre a pena fazer novas formações”, salientou.
“Deus toma a iniciativa de Se comunicar”
A sessão de abertura contou com a participação do Bispo diocesano, D. João Lavrador, que deixou uma palavra de agradecimento à organização e aos participantes. “Dá-me muita alegria ver que, ano após ano, há um aumento no número de participantes”, salientou, afirmando que a Liturgia é “um tema central na vida da Igreja”. “Temos de continuar a implementar, primeiro, uma boa celebração e, depois, uma boa preparação de todos os agentes pastorais das nossas comunidades”, apelou, recordando que, em 2027, a Diocese celebra o 50º aniversário. “Começamos a orientar toda a nossa reflexão, empenho e experiência cristã em comunhão uns com os outros”, frisou, explicando que, através dos Conselhos Pastorais e outros órgãos, serão delineadas “linhas de renovação” para viver o Jubileu com “os olhos postos no futuro”.
O prelado apelou ao “impulso evangelizador”, considerando “o tema oportuno” do encontro. “Nunca se comunicou tão pouco, sobretudo, no que diz respeito à comunicação interpessoal. É desta que a liturgia trata. Aqui, falamos de uma comunicação que tem, em primeiro lugar, a sua fonte em Deus”, afirmou, convidando os participantes a caminhar e a consciencializar-se da “primordial ação divina”. “Deus toma a iniciativa de Se comunicar”, acrescentou, frisando que cada um é “canal de comunicação”. “A Igreja tem de estar muito atenta àquilo com que Deus interpela, para que não desvirtue em nada aquilo que é a comunicação de Deus à pessoa, ao povo e à comunidade”, alertou.
“As celebrações da Igreja e o culto público servem-se de sinais sensíveis para comunicar o mistério de Deus”
Dos vários oradores, o Pe. Renato Oliveira, estudante da Diocese de Viana do Castelo em Roma, apresentou o tema “A Liturgia permite uma participação virtual?”. “Foi com muita alegria e gratidão que recebi o convite. Primeiro, para fazer memória da minha participação em outros encontros diocesanos e, por outro lado, pela oportunidade de partilhar humildemente algumas das coisas que tenho estudado, nos últimos anos, em Roma”, confidenciou, considerando que “a liturgia é comunicação”. “As celebrações da Igreja, o culto público, solene e oficial da Igreja, servem-se de sinais sensíveis para comunicar o mistério de Deus”, salientou, especificando ainda a relação entre a Liturgia e a comunicação social. “Os meios de comunicação social permitem que a Liturgia chegue a tantos que, por uma razão (doença, idade), não podem participar nas celebrações ou até mesmo ir à igreja”, referiu, reconhecendo o seu valor e contributo “ainda que acompanhar uma celebração de um modo virtual, é sempre limitado/incompleto” porque “cada celebração tem a sua dimensão sensorial e corpórea, que só permite ser saboreada, em plenitude, através de uma presença física”.
O sacerdote sublinhou, ainda, a importância dos encontros, porque existem desde a fundação da Igreja diocesana. “Uma vez que estamos a caminho do Jubileu, é sempre importante reavivar a nossa memória, grata por tantos que trabalharam na Diocese e na Liturgia”, acrescentou, considerando que “é uma oportunidade única para refletir sobre os documentos da Igreja e, nomeadamente, a Constituição Litúrgica do Concílio Vaticano II”. “A Liturgia é considerada a fonte e, ao mesmo tempo, o cume da vida da Igreja. Tendo essa importância na vida dos cristãos, toda a reflexão e formação é benéfica e útil”, considerou, lembrando que “é o evento diocesano que congrega mais pessoas”. “É um momento em que estamos todos juntos e que nos faz crescer na comunhão. Torna-nos ainda mais próximos de Deus e uns dos outros”, concluiu.
“A nossa relação com Deus é diálogo constante”
O número de participantes superou as expectativas do Pe. Tiago Rodrigues, diretor do Secretariado Diocesano de Pastoral Litúrgica. “A liturgia envolve vários ministérios e, por isso, envolve mais pessoas, desde os Ministros da comunhão, sacristãos, leitores, acólitos e grupos corais. Depois temos outros que indiretamente colaboram com a liturgia, como os catequistas e os dirigentes do CNE (Corpo Nacional de Escutas)”, justificou, explicando que a escolha do tema surgiu pela “preocupação” do pós-pandemia com as transmissões online nas redes sociais e outros canais paroquiais. “Em primeiro lugar, queremos cuidar da forma como nos apresentamos, sobretudo, numa rede social. Não há necessidade de transmitir sempre, porque já temos alguns canais oficiais que o fazem. E, quando transmitirmos, fazermos o melhor, porque estamos a ser modelo para quem nos vê”, disse, salientando o diálogo com Deus. “A nossa relação com Deus não é uma relação de separação, mas de um diálogo constante”, afirmou, frisando que “a Liturgia é uma plataforma de diálogo”. “Cuidar do ponto de vista teológico, e agora aqui entram os ministérios, e a forma como vemos a Liturgia vai dizer muito sobre a nossa fé e como a preparamos e a vivemos”, sublinhou, refletindo que “Deus se serve de cada um como ‘instrumento’ para dialogar com o mundo”. “A Diocese de Viana, felizmente, tem uma sensibilidade muito forte para a Liturgia. Daí, vermos esta massa humana. Ainda assim, contamos com os Párocos que mobilizam e sensibilizam as suas comunidades e, o facto de o evento existir desde a formação da Diocese, faz com que se torne habitual”, reconheceu, caraterizando o evento como uma referência.
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